QUITO, EQUADOR (FOLHAPRESS) - Largaram na frente na disputa pela Presidência do Equador dois ex-deputados: a esquerdista Luisa González, ligada ao ex-presidente Rafael Correa, que governou o país de 2007 a 2017, e o empresário liberal Daniel Noboa, de centro-direita. Ela tem 33,0% dos votos válidos, enquanto ele soma 24,4% até o momento, com 17% das urnas apuradas.
Caso essa tendência se confirme, haverá um segundo turno no dia 15 de outubro. Isso porque, pelas regras da nação sul-americana, um candidato precisa levar mais de 40% dos votos e ainda dez pontos percentuais de diferença para o segundo colocado para ser eleito já no primeiro turno.
Em terceiro lugar, aparece o jornalista Christian Zurita (16,3%), que substituiu Fernando Villavicencio, assassinado a tiros 11 dias antes do pleito. Depois, vêm o direitista Jan Topic (14,6%), o centrista Otto Sonnenholzner (6,9%) e o líder indígena Yaku Pérez (4,0%). Bolívar Armijos e Xavier Hervas não chegam a 1%.
Os equatorianos foram às urnas neste domingo (20) antecipadamente porque, em maio, o presidente direitista Guillermo Lasso dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições para escapar de um processo de impeachment. Assim, o novo mandante assumirá em 30 de novembro e só exercerá seu mandato por um ano e meio, até maio de 2025.
O tempo é considerado curto para resolver a grave crise na segurança vivida pelo país, que viu a guerra entre facções de narcotraficantes explodir nas ruas e nas prisões nos últimos dois anos. A taxa de homicídios triplicou nesse período, de 7,8 para 25,9 por 100 mil habitantes, resvalando até na corrida presidencial.
Luisa González é uma das únicas que propõe "reafirmar o monopólio do Estado sobre as armas" para reduzir a criminalidade --em abril, Lasso autorizou o porte de armas a civis ao decretar estado de emergência parcial no país. Ela também promete reduzir a impunidade, aperfeiçoar a capacidade de investigação e implementar programas educativos, sem dar muitos detalhes.
A ex-deputada já vinha se destacando nas pesquisas, mas havia dúvidas se o assassinato de Villavicencio lhe tiraria votos, já que o candidato assassinado foi um grande opositor de Correa. Ela compete pelo Movimento Revolução Cidadã, sigla fundada pelo ex-presidente, que se exilou na Bélgica após ser condenado por corrupção.
Já Daniel Noboa é filho do empresário e ex-candidato presidencial Álvaro Noboa. Entre suas propostas para a segurança pública estão a militarização dos portos e das fronteiras do país para combater o tráfico de drogas. Ele também fala em criar empregos para jovens e atrair investimento estrangeiro ao país.
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