JOANESBURGO, ÁFRICA DO SUL (FOLOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) negou nesta terça-feira (22) que o Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) seja um contraponto ao G7 ?o grupo dos países industrializados, liderado pelos Estados Unidos.
"A gente não quer ser contraponto ao G7 ou ao G20, nem aos EUA. A gente quer se organizar. A gente quer criar uma coisa que nunca teve, que nunca existiu. O Sul Global... Nós sempre fomos tratados como se fôssemos a parte pobre do planeta, como se não existíssemos. Nós sempre fomos tratados como se fôssemos de segunda categoria. E de repente a gente está percebendo que podemos nos transformar em países importantes", declarou o presidente, durante uma transmissão nas redes sociais.
Também nesta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu que o bloco não deve significar "nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes" no cenário internacional.
"Nós acreditamos que o Brics tem grande contribuição a dar. Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia podem, cada um a partir de sua perspectiva, oferecer ao mundo uma visão que seja coerente com seus propósitos e que não signifique nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes dos quais nós mesmos participamos", disse Haddad, na abertura do fórum de negócios do bloco, em Joanesburgo.
A fala do ministro ocorre em meio ao debate sobre a ampliação do bloco. A China, maior economia do grupo, defende uma ampla expansão. Segundo interlocutores, Pequim quer "escancarar as portas" do grupo e admitir de uma vez duas dezenas de países. A África do Sul tem visão similar à chinesa, segundo disse o presidente Cyril Ramaphosa ao receber Xi Jinping.
Essa hipótese, porém, é rechaçada por Brasil e Índia, porque esse desenho seria fatalmente encarado como uma aliança anti-Ocidente e antagonista aos Estados Unidos e ao G7 ?que reúne os países industrializados. Os russos e os sul-africanos têm seguido a linha de Pequim, enquanto Brasília e Nova Déli adotam uma posição mais defensiva.
Antes frontalmente contra a expansão, o Brasil flexibilizou sua posição e agora argumenta que um crescimento controlado não é ruim para os interesses do país. A Índia também enviou sinais de que aceita discutir uma entrada controlada de alguns candidatos.
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