SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nicolás Petro, filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, vai enfrentar um julgamento após deixar de colaborar com o Ministério Público do país. De acordo com comunicado da Procuradoria-Geral desta segunda-feira (25), ele será acusado de ter cometido os crimes de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro enquanto era deputado da Assembleia do Atlântico.

"Hoje começa a luta da minha vida. Eu sabia que a Procuradoria de [Francisco] Barbosa não era confiável e hoje isso foi demonstrado. Eles me pressionaram até o limite com a única intenção de me tornar uma arma contra meu pai. Decidi me levantar e não me ajoelhar diante do carrasco", disse Nicolás no X, antigo Twitter.

O acordo negociado com os promotores poderia lhe garantir benefícios, como redução de pena e prisão domiciliar. O compromisso, porém, fracassou após o prazo para fornecer informações e evidências sobre outras pessoas supostamente envolvidas no caso ser perdido, segundo a Procuradoria.

Ao jornal colombiano El Espectador, seu advogado de defesa, Estewing Arteaga, disse que desconhece as razões para o anúncio, recebido com surpresa por ele. A colaboração, segundo o advogado, estava "dentro dos prazos exigidos", mas, aparentemente, "o Ministério Público não tem ficado muito satisfeito com o que tem recebido", continuou.

Nicolás, porém, está tranquilo, segundo Arteada. "Se ele for chamado, terá que enfrentar o processo", afirma.

O filho de Petro foi preso em Barranquilla, capital de Atlântico, em julho, junto com sua ex-esposa, Daysuris Vásquez, responsável por tornar o escândalo público. Ela também foi detida por acusações semelhantes às do ex-marido, mas foi libertada dias depois junto com Nicolás.

Em março, ela afirmou à revista Semana que duas pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas deram dinheiro a Nicolás para alimentar a vitoriosa campanha à Presidência de seu pai em 2022. Na mesma época em que fez tais declarações, Vásquez entregou um extrato bancário de Nicolás à revista Cambio que mostra um ritmo de gastos incompatível com o salário de um deputado na Colômbia, segundo a publicação.

Em uma audiência em agosto, Nicolás se declarou inocente, mas disse que colaboraria com os promotores. "Decidimos iniciar um processo de colaboração no qual mencionarei fatos novos e situações que ajudarão a justiça. Faço isso pela minha família e pelo meu bebê, que está a caminho", afirmou ele na ocasião.

De acordo com as acusações, Nicolás recebeu dinheiro de traficantes de drogas em troca de incluí-los nos planos de "paz total" do presidente ?projeto de Petro para desarmar as últimas guerrilhas do país. O presidente nega ter conhecimento de qualquer atividade ilegal e disse que continuará com os planos de sua administração.

O escândalo, porém, ameaça não só as negociações do presidente para rendição de grupos armados, mas também a ambiciosa agenda de reformas desse que é o primeiro governo de esquerda da Colômbia.


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