SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ali, 16, estava na escola, em Paris, quando recebeu no celular a notícia de que a mãe, que não vê há oito anos, havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz 2023. "Não podia gritar na aula, mas fiquei muito feliz", disse o filho de Narges Mohammadi ao New York Times.

A ativista dos direitos humanos com atuação voltada para a agenda de gênero está detida no Irã, na prisão de Evin, centro que reúne dezenas de presos políticos do regime local, onde cumpre pena de dez anos.

Já faz um ano desde a última vez que Ali falou com a mãe. Ele vive exilado na França com o pai, Taghi Rahmani, e a irmã gêmea, Kiana.

"Estou muito orgulhoso da minha mãe", disse o adolescente depois, durante uma entrevista coletiva que concedeu com a família na capital francesa. Ele vê a láurea como "uma recompensa para o povo iraniano".

Seu pai, Rahmani, afirmou que a importância do prêmio para a esposa apenas cresce dado que esse é um momento em que o regime do Irã "avança contra ativistas de direitos humanos e tenta silenciá-los". "É muito importante que a notícia seja divulgada dentro do Irã, para que chegue a todos os presos políticos, a alma da resistência."

Ainda não está claro se Mohammadi já recebeu a notícia do prêmio ?a família afirma que às sextas-feiras não pode ligar para ela, de modo que a tarefa de compartilhar a notícia ficaria para este sábado (7).

Mesmo assim, ela sabia que era uma das cotadas para o prêmio. Por isso, deixou uma carta para caso vencesse. No texto, ela afirma que ganhar o Nobel a faria "mais resiliente, determinada e esperançosa", mas reafirma que não tem planos de deixar seu país. "Seguirei meu ativismo, mesmo que permaneça o resto da minha vida na prisão."

"Continuarei lutando contra a discriminação implacável, a tirania e a opressão de gênero comandada por esse governo fundamentalista até que tenhamos a liberdade para as mulheres", afirma.

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De dentro da prisão de Evin, um grupo de outros presos políticos que incluía o ex-ministro iraniano do Interior Mostafa Tajzadeh emitiu um comunicado que, segundo o New York Times, diz que a láurea a Mohammadi representa sua "paciência, resistência e resiliência na luta contra todas as formas de discriminação e injustiça".


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