BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo brasileiro fechou neste domingo (8) um plano de repatriação de cidadãos do país que estão em Israel, na Palestina e demais países do Oriente Médio, após os ataques iniciados no sábado (7) pelo grupo extremista Hamas.

A FAB (Força Aérea Brasileira) tem quatro aviões à disposição do governo Lula (PT) para o resgate. Duas aeronaves da presidência, os VC-2, com capacidade menor de passageiros, também foram incluídos no planejamento inicial, caso necessário.

Até o fim da manhã de domingo, cerca de 500 brasileiros entraram em contato com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv. Nem todos pediram repatriação ou ajuda para deixar Israel. O número pessoas que tem procurado a embaixada cresce ao longo do dia.

Um primeiro avião será enviado neste domingo a Roma, na Itália, para se preparar para o primeiro resgate dos brasileiros na região. O KC-30 tem capacidade para cerca de 230 passageiros; a aeronave está em Natal pronta para decolar.

Segundo o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, os demais aviões serão enviados a depender da demanda que surgir para a repatriação.

"Essa lista deverá ser montada até a manhã de amanhã. É importante que façamos essas repatriações à tarde porque facilita o transporte terrestre de todas as localidades. Naturalmente, em um momento de crise como este, os transportes terrestres ficam mais difíceis, então se decolássemos de manhã os brasileiros teriam um deslocamento dificílimo de madrugada", disse Damasceno.

As aeronaves à disposição são dois KC-30 (capacidade de 230 passageiros) e outros dois KC-390 (80 passageiros). Os aviões VC-2 da presidência transportam cerca de 40 passageiros.

O governo definiu que o aeroporto de Tel Aviv será um dos utilizados para os resgates. Ainda são discutidos outros locais para o embarque de brasileiros em outras regiões do Oriente Médio.

O Itamaraty também recebeu informações de que brasileiros já saíram de Israel por voos comerciais pelo aeroporto de Ben-Gurion, o maior do país, que, apesar do conflito, permanece em funcionamento.

A definição sobre o plano de repatriação foi fechada na reunião na manhã deste domingo. Estiveram presentes Damasceno, o ministro José Múcio Monteiro (Defesa), a embaixadora Maria Laura da Rocha e o assessor especial da Presidência Celso Amorim.

O ministro da Defesa e os militares deixaram a reunião após a definição sobre a repatriação. Os demais participantes permaneceram reunidos para discutir outros temas relacionados ao conflito.

Múcio e o brigadeiro Damasceno estavam em voo rumo à Suécia, com escala em Cabo Verde, para uma série de reuniões sobre os caças Gripen, quando decidiram voltar ao Brasil para abrir um gabinete de crise sobre o resgate dos brasileiros.

O avião deu meia-volta já sobrevoando território africano para voltar a Brasília.

Um brasileiro foi ferido durante os ataques. Ele recebe tratamento hospitalar no país. Outros três brasileiros são considerados desaparecidos. Todos eles estavam em uma festa organizada pelo pai do DJ Alok, perto da Faixa de Gaza, segundo relatos de fontes do Itamaraty.

Neste domingo, às 16h (horário de Brasília), o Conselho de Segurança da ONU se reunirá para discutir o conflito entre Israel e o grupo Hamas. O encontro será fechado, e a expectativa é que não haja um comunicado formal após o debate entre os 15 países-membros do grupo.

Um dia após Israel sofrer o pior ataque em 50 anos e revidar com bombardeios na Faixa de Gaza, o número de mortos nos dois lados passou de 900 neste domingo (8), de acordo com autoridades. Novas explosões foram registradas, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, anunciou a retirada de milhares de pessoas que moram próximas do território controlado pelo grupo extremista Hamas.

Cerca de mil combatentes do Hamas, facção que controla a Faixa de Gaza, se infiltraram por terra, mar e ar em solo vizinho no sábado (7). A ação, sem precedentes, foi acompanhada dos disparos de milhares de mísseis contra Israel. Neste domingo, após Netanyahu declarar guerra, o conflito alastrou-se: militares israelenses relataram que mais morteiros foram disparados do Líbano contra o norte do país.

O grupo armado Hizbullah assumiu a autoria dos ataques e manifestou "solidariedade" ao povo palestino. A ação teve como alvo três postos militares nas Fazendas Shebaa, uma fatia de terra ocupada por Israel desde 1967 que o Líbano reivindica como sua.


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