SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O palestino Jamal al-Durrah, que teve o filho de 12 anos morto pelo Exército de Israel em 2000, agora chora a morte de dois irmãos no atual conflito entre o estado judeu e o grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza.
A pesquisadora do Departamento de Oriente Médio da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, Hanine Hassan, postou no X vídeo que mostra Durrah se despedindo dos irmãos, mortos após bombardeios israelenses na contraofensiva ao Hamas.
No vídeo, o palestino aparece agachado ao lado dos corpos dos irmãos, que estão cobertos por lençóis brancos. "Que Deus torne isso fácil para vocês. Adeus", diz ele em árabe.
Jamal al-Durrah chamou a atenção da imprensa mundial pela primeira vez em 30 de setembro de 2000, para tentar proteger seu filho, Muhammad al-Durrah, de 12 anos. Na ocasião, pai e filho ficaram na linha de tiro do confronto entre os dois lados na cidade de Netzarim, na Faixa de Gaza, embora os dois não participassem dos protestos ocorridos naquele dia.
Apesar dos esforços, Durrah não conseguiu salvar o filho, que foi morto a tiros. Posteriormente, Muhmmad foi considerado um mártir da Segunda Intifada, um dos momentos mais emblemáticos da luta entre israelenses e palestinos.
Jamal chegou a clamar por justiça pela morte do filho, mas ninguém nunca foi penalizado pelo assassinato do adolescente, embora toda a cena tenha sido filmada por um cinegrafista francês e exibida em televisões.
11 DIAS DE GUERRA
A fronteira da Faixa de Gaza com o Egito permanece fechada. O bloqueio impede a fuga de civis estrangeiros, inclusive cerca de 30 brasileiros, e não permite a chegada de ajuda humanitária ao território palestino.
A crise humanitária se agrava em Gaza. O território, que tem mais de 2 milhões de habitantes, está há mais de uma semana sem receber água, luz e comida, o que tem deteriorado as condições de saúde da população.
Segundo o governo palestino, a guerra deixou 2.800 mortos e mais de 9.700 feridos em Gaza até o momento. Já na Cisjordânia, território não controlado pelo Hamas, foram 54 mortos e mais de 1.250 feridos, diz a Autoridade Palestina.
Em Israel, segundo o governo, foram mais de 1.400 mortos, a maioria nos atentados de 7 de outubro. O país afirma, ainda, que pelo menos 199 pessoas são reféns do Hamas em Gaza.
Uma primeira tentativa de aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre a crise em Gaza fracassou na noite desta segunda-feira (16). O texto russo propondo um "imediato cessar-fogo" foi vetado. Uma proposta do Brasil será votada nesta terça-feira (17).
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