SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Venezuela decide neste domingo (22) quem será o único candidato a disputar as eleições de 2024 contra o ditador do país, Nicolás Maduro, no poder há dez anos.
A favorita nas pesquisas das primárias é María Corina Machado, que está na ala mais radical da oposição.
Mas Machado está inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos. Esse fator a impediria de registrar sua candidatura no próximo ano.
A eleição iniciou às 8h no horário local (9h em Brasília), mas vários dos 3.000 centros de votação atrasaram.
Sem assistência técnica do Conselho Nacional Eleitoral, as primárias foram organizadas pela oposição e enfrentaram uma série de problemas logísticos, como a definição e a instalação de centros de votação.
"O material não chegou, algumas pessoas vieram para exercer o direito de voto e saíram, mas pretendem retornar quando o material chegar", disse à agência de notícias AFP Yampiero Mendoza, 41, que ofereceu sua casa como centro de votação em Catia, um bairro da capital venezuelana, Caracas, que é reduto do chavismo.
A AFP observou filas em um dos locais de votação. "Conseguir realizar as primárias é uma conquista por si só", declarou também à agência o cientista político e professor Jorge Morán. "Superaram uma infinidade de obstáculos e ameaças externas."
Ao todo, 21 milhões de venezuelanos estão habilitados para votar nas primárias, que acontecem cinco dias após a ditadura de Maduro e a oposição assinarem um acordo eleitoral, que fixou as eleições presidenciais para o segundo semestre de 2024.
O compromisso prevê que o pleito seja competitivo e que conte com a participação de observadores da União Europeia e de órgãos internacionais.
Segundo o documento, cada lado pode escolher seus candidatos. Embora ainda não tenha lançado oficialmente sua campanha, a expectativa é que Maduro concorra novamente para se manter no cargo.
A supervisão do pleito era uma das condições estabelecidas pelos Estados Unidos para afrouxar sanções contra o setor de óleo e gás da Venezuela. Com o acordo, a Casa Branca respondeu com um alívio nas restrições ao comércio de petróleo do país sul-americano.
Entre as medidas anunciadas pelos EUA estão duas licenças gerais, sendo uma delas de seis meses que autoriza negociações com a indústria de óleo e gás venezuelana, e outra para a empresa estatal de mineração de ouro Minerven.
Além das questões que prejudicam a escolha de um rival de Maduro, a oposição venezuelana está dividida, especialmente depois do fracasso do governo paralelo autodeclarado em 2019 por Juan Guaidó e apoiado por vários países do mundo, como os próprios EUA e o Brasil.
À época, as eleições no país foram criticadas internacionalmente, com acusações de fraude. Mas Maduro acusou os EUA de liderarem um complô contra o seu regime e negou sair do poder, permanecendo por um década no poder do país.
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