SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após 20 dias de bombardeios diários na Faixa de Gaza, a ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou nesta sexta (27) que Israel pode estar cometendo crimes de guerra contra civis no território palestino.
"Estamos preocupados que crimes de guerra estejam ocorrendo. Estamos preocupados com a punição coletiva dos habitantes de Gaza em resposta aos ataques atrozes do Hamas, que também equivaleram a crimes de guerra", afirmou a porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Ravina Shamdasani.
A organização já havia informado que investiga possíveis crimes desde que o conflito entre Israel e Hamas começou, em 7 de outubro. Investigadores disseram estar coletando provas de eventuais irregularidades de ambos os lados da guerra, e afirmaram estar comprometidos com a responsabilização dos envolvidos, tanto dos diretamente ligados a agressões quanto daqueles em posições de comando.
Os ataques terroristas cometidos por integrantes do Hamas mataram mais de 1.400 pessoas em solo israelense. A retaliação de Tel Aviv, por sua vez, matou 7.326 pessoas, incluindo 3.038 crianças, até a manhã desta sexta, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
Quase três semanas após a explosão do conflito, os números não param de aumentar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que recebeu informações sobre aproximadamente 1.000 corpos soterrados nos escombros em Gaza. O número não consta no total de baixas. A informação foi divulgada pelo porta-voz Richard Peeperkor, que não especificou a fonte da estimativa.
As forças israelenses entraram em Gaza pelo segundo dia consecutivo nesta sexta, em incursão descrita como pontual e vista como um preparativo para a invasão terrestre de larga escala ao território palestino.
A ação ocorreu nos arredores do bairro de Shejaiya, na cidade de Gaza, parte norte da faixa homônima, e foi realizada por militares da infantaria e forças blindadas, segundo o jornal Times of Israel. Drones e helicópteros da Força Aérea israelense forneceram apoio aéreo.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que os militares destruíram locais usados pela facção Hamas, incluindo plataformas de lançamento de mísseis guiados antitanque e centros de comando. Vários integrantes do grupo terrorista foram atingidos na incursão, acrescentou Tel Aviv.
Os militares voltaram para Israel horas após a incursão e, segundo autoridades, não há relatos de israelenses feridos. O Exército não divulgou mais detalhes da ação.
A ofensiva ocorreu um dia após a maior incursão ao território palestino desde o começo da guerra, no último dia 7. Nesta quinta (26), tanques e escavadeiras de Israel romperam barreiras e avançaram também no norte de Gaza. Um vídeo divulgado pelo Exército de Israel mostra os blindados disparando. Assim como nesta sexta, as forças israelenses deixaram Gaza horas após a incursão.
Bombardeios foram registrados também no sul do território palestino, e Israel disse ter matado mais um comandante do Hamas na região. Madhat Mubasher, chefe do Batalhão Oeste de Khan Yunis, teria sido atingido por um ataque aéreo.
Segundo as IDF, mencionada pelo The Times of Israel, Mubasher participou de "ataques com franco-atiradores e foi responsável por explosivos [usados] contra as forças e cidades israelenses".
Desde que a guerra começou, Tel Aviv anunciou ter matado várias lideranças do Hamas. Nesta quinta, quatro chefes do batalhão Darj Tafah, do grupo terrorista, teriam sido mortos também em bombardeios.
Em viagem a Moscou, o oficial do Hamas Abu Hamid disse à imprensa local que a libertação de reféns detidos na Faixa de Gaza só ocorrerá se for estabelecido um cessar-fogo. O grupo palestino que comanda o território desde 2007 afirmava ter 250 pessoas em seu poder, enquanto Tel Aviv contabiliza 229.
Mas, ao menos por ora, não há sinais de apaziguamento. Ao menos três pessoas ficaram feridas nesta sexta após um foguete atingir um prédio residencial em Tel Aviv. Segundo o Times of Israel, dois homens ficaram levemente feridos. Um terceiro, de 20 anos, sofreu lesões moderadas.
O ataque faz parte de uma barragem de foguetes lançados contra Tel Aviv, cuja autoria foi reivindicada pelas Brigadas Al-Qasam, braço militar do Hamas. Segundo a polícia, o artefato atingiu um apartamento no último andar. As autoridades pediram que curiosos se afastassem do local.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra o momento em que o foguete atinge o prédio. As imagens não puderam ser verificadas de forma independente. O prefeito de Tel Aviv, Ron Huldai, compareceu ao local atingido. Segundo ele, apenas escolas próximas de abrigo vão abrir na cidade.
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