MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Nesta sexta-feira (17) em que o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez (PSOE), tomou posse para um novo mandato perante o rei Filipe 6º da Espanha, um grupo de 56 militares na reserva chama a atenção após publicar um manifesto pedindo que seus pares na ativa promovam um golpe de Estado.

A Associação de Militares Espanhóis (AME), que publicou o documento em seu site, é uma entidade radical de direita, que já protagonizou outros episódios polêmicos. Há cinco anos, a AME divulgou um outro manifesto, intitulado "Declaração de respeito e reparação ao General Francisco Franco Bahamonde, soldado da Espanha", no qual tecia loas ao ditador que governou a Espanha por 39 anos (1936-1975) e aos seus métodos.

Há três anos, um chat de reservistas do grupo, que foi vazado para a imprensa, trazia a seguinte mensagem de um dos generais: "Confio que teremos outra matança de comunistas, mas que desta vez não será pouco. Devemos aniquilar 26 milhões, incluindo crianças".

Desta vez, eles se colocaram contra a anistia e o acordo de Sánchez com os movimentos independentistas. No texto, pedem que os defensores da "ordem constitucional" destituam o premiê e convoquem eleições gerais. Sem título, o manifesto traz a data de quinta (16).

Segundo o jornal El País, assinam o documento três generais de divisão, quatro generais de brigada, 23 coronéis, quatro tenentes-coronéis, sete comandantes e nove capitães, todos na reserva.

Sánchez foi eleito para seu segundo mandato de quatro anos nesta quinta (16), com uma maioria no Congresso dos Deputados de 179 votos contra 171. Na manhã desta sexta, ele compareceu ao Palácio Zarzuela, onde jurou perante o rei e tomou posse.

Nesta quinta-feira (16), após sua vitória, manifestantes mais uma vez protestaram contra o primeiro-ministro e seu acordo de anistia na frente da sede do PSOE em Madri. Houve embate com a polícia, e sete pessoas foram detidas. Ainda ontem, pela manhã, quatro deputados do PSOE foram alvo de ovos em uma cafeteria próxima ao Congresso antes do início da segunda sessão de investidura.

Os atos, que acontecem há mais de dez dias, começaram após o PSOE e o Juntos pela Catalunha divulgarem que haviam chegado a um acordo de anistia para que os políticos que haviam proclamado de forma ilegal a independência da Catalunha em 2017 ficassem livres de penas e processos.

Esse acordo foi a exigência do Junts para que cedesse a Sánchez os sete votos a que tinha direito no Congresso. Com isso, o socialista obteve a maioria e a reeleição.


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