SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A trégua entre Israel e Hamas entra no último dia nesta segunda-feira (27) com negociações em curso para tentar prolongar o acordo, a despeito de um possível impasse na lista de capturados pelo grupo terrorista que podem ser soltos.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou ter recebido os nomes do quarto e último grupo de reféns a serem libertados, mas disse que está avaliando a lista. Os familiares dos sequestrados não foram notificados, de acordo com a imprensa local.

"Estão sendo realizadas discussões sobre a lista que foi recebida durante a noite e que está sendo avaliada em Israel. Informações adicionais serão divulgadas quando possível", diz o comunicado desta segunda do premiê.

Uma fonte com proximidade do assunto disse à agência de notícias Reuters em condição de anonimato que há um problema com as listas desta segunda e que mediadores do Qatar estavam trabalhando com Israel e com o Hamas para evitar atrasos.

Em um comunicado, o grupo palestino afirmou que busca "prolongar a trégua além dos quatro dias" com o objetivo de aumentar o número de prisioneiros palestinos libertados por Israel, como estava previsto no acordo. Uma fonte próxima ao Hamas declarou à agência de notícias AFP que o grupo informou aos mediadores ser partidário de uma extensão de dois a quatro dias.

O acordo, negociado pelo Qatar com o apoio dos Estados Unidos e do Egito, entrou em vigor na sexta-feira (24). A negociação prevê quatro dias de trégua, entrada de ajuda humanitária em Gaza, libertação de 50 reféns dos mais de 200 mantidos em Gaza e saída de 150 detentos palestinos das prisões israelenses.

Desde então, 39 reféns e 117 presos palestinos foram libertados. Outros 24 sequestrados, a maioria tailandeses que trabalhavam em Israel, foram liberados à margem do acordo. Uma cláusula da negociação permite a ampliação da trégua com a libertação diária de 10 reféns do Hamas em troca de 30 presos palestinos em Israel.

Entre os reféns liberados no domingo está uma menina de quatro anos de nacionalidade americana, Abigail, que ficou órfã no ataque dos Hamas contra Israel em 7 de outubro.

Uma fonte do governo dos Estados Unidos afirmou que a mãe morreu diante da criança e o pai foi assassinado quando tentava proteger a menina. Abigail, que completou quatro anos no cativeiro, buscou refúgio na casa dos vizinhos, onde foi sequestrada.

"Ela sofreu um trauma terrível", disse o presidente americano, Joe Biden, que defendeu a prorrogação da trégua. "Meu objetivo é garantir que esta pausa continue além de amanhã [segunda] para que possamos ver mais reféns liberados e mais ajuda humanitária."

Netanyahu, porém, se mostrou ambíguo sobre a questão. "Os dispositivos preveem a libertação de mais 10 reféns a cada dia e é uma bênção. Mas também disse ao presidente que depois do acordo voltaremos ao nosso objetivo: eliminar o Hamas", declarou o político israelense sobre uma conversa com Biden.

O chefe de Governo de Israel, que solicitará nesta segunda um "orçamento de guerra" de 30 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões), afirmou na sexta que a ofensiva continuará "até a vitória".

Israel iniciou a ofensiva contra o território após o ataque do Hamas em 7 de outubro, de violência e dimensão sem precedentes desde a fundação do país, em 1948. As autoridades israelenses afirmam que 1.200 pessoas morreram no ataque dos combatentes do Hamas e que quase 240 foram sequestradas e levadas para a Faixa de Gaza.

Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança israelenses.

A violenta resposta israelense no território palestino, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Hamas. Além disso, a Defesa Civil de Gaza calcula que 7.000 pessoas estão desaparecidas.

A trégua ofereceu um alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua "perigosa" e as necessidades "sem precedentes", afirmou a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA).

A ONU informou que 248 caminhões de ajuda entraram desde sexta-feira na Faixa de Gaza, onde Israel aplica desde 9 de outubro um "cerco total", que impede o abastecimento de água, comida, energia elétrica e remédios.

"Deveríamos enviar 200 caminhões por dia durante pelo menos dois meses para responder às necessidades", declarou à AFP Adnan Abu Hasna, porta-voz da UNRWA, antes de informar que em algumas áreas não há "água potável, nem comida".


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