BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegará a Buenos Aires na noite desta quinta (7) com uma comitiva de parlamentares, assessores e governadores. Ele foi convidado pessoalmente para a posse do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, com quem se encontrará nesta sexta (8) após dar entrevista a uma rádio local.

O Palácio do Planalto confirmou nesta semana que Lula (PT) não irá à cerimônia e que o representante do governo brasileiro será Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A avaliação foi de que o presidente poderia se expor, considerando o clima hostil. Questionada, a pasta não informou qual será a agenda do chanceler até o momento.

Bolsonaro desembarcará entre 21h e 22h na capital argentina. No dia seguinte, às 9h, será entrevistado pelo jornalista Eduardo Feinmann na rádio Mitre, pertencente ao grupo Clarín. Foi a essa emissora que Milei deu uma de suas primeiras entrevistas após vencer as eleições e também depois de sua primeira viagem aos Estados Unidos.

A equipe do brasileiro afirmou que depois ele vai se encontrar com Milei -informação que até agora não havia sido confirmada por assessores do argentino. O horário e o local ainda não foram divulgados, mas é provável que a reunião se dê no Libertador Hotel, no centro de Buenos Aires, onde o ultraliberal tem se hospedado e trabalhado desde a campanha eleitoral.

Há duas semanas, Bolsonaro disse à coluna Mônica Bergamo que o grupo deveria ser recebido "por uns 30 ou 40 minutos", em um café da manhã ou até em um jantar. "Eu ajudei na eleição dele. Discretamente, mas ajudei, fiz discurso. E o Milei gosta muito do Eduardo [Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente]", declarou.

No domingo, a partir das 11h, ocorre a cerimônia de posse no Congresso Nacional do país. O presidente eleito vai discursar a apoiadores às 12h na escadaria do edifício, como é tradição nos EUA, e depois se deslocar em um carro conversível à Casa Rosada, sede do governo, onde receberá delegações estrangeiras, como o chanceler Mauro Vieira. Haverá uma série de outros ritos.

Ainda não está claro onde Bolsonaro e sua comitiva devem ficar durante as cerimônias, já que ele foi chamado pessoalmente, e não como chefe de Estado. Milei o convidou a ir à Argentina durante uma ligação de vídeo com a presença de Eduardo um dia depois das eleições, e depois mandou o convite formal na segunda (4).

Seu filho é um dos que o acompanharão na viagem, que terminará na próxima segunda (11). Outros confirmados são o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), apontados como possíveis herdeiros de seu espólio político em 2026.

Farão parte da comitiva ainda a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e seus assessores próximos, como Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social. Deputados estaduais de São Paulo também formaram uma comissão que estará na Argentina desta quinta (7) até terça (12), informou a coluna Painel.

A posse de Milei servirá de termômetro da força política de Bolsonaro, por se tratar de seu primeiro grande evento desde que deixou o Palácio do Planalto e após uma série de derrotas judiciais. A agenda é encarada como uma forma de manter a direita viva, e os eleitores, engajados.

Os advogados do ex-presidente enviaram uma petição informando sobre a viagem ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, já que em maio o magistrado ordenou a retenção de seu passaporte durante uma ação de busca e apreensão em sua casa.

O documento, porém, não foi levado, e ele pode viajar à Argentina apenas com o RG. O ex-mandatário responde a uma série de inquéritos, incluindo o das milícias digitais, o dos ataques golpistas de 8 de janeiro e o da pandemia.

Milei modulou seu discurso em relação a Lula, depois de ter se referido a ele como corrupto e comunista durante a campanha. Enviou sua futura chanceler Diana Mondino a Brasília e convidou o presidente à posse por meio de uma carta, falando em "construção de laços". Calculando os riscos políticos, porém, o petista decidiu não comparecer.

Nesta quinta (7), o presidente brasileiro se despediu de seu homólogo Alberto Fernández durante a abertura do encontro de chefes de Estado do Mercosul. Lula exaltou a amizade com o peronista e lembrou que Brasil e Argentina sempre tiveram uma boa relação, mesmo quando disputavam quem tinha maior proximidade com os Estados Unidos na década de 1990.


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