SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A população do Egito voltou às urnas nesta segunda-feira (11) no segundo e penúltimo dia da eleição presidencial que tem como favorito o ditador Abdel Fattah al-Sisi. O pleito, que não conta com os principais opositores do líder, acontece em meio a uma crise econômica e à guerra na Faixa de Gaza, que faz fronteira com o país africano.

O militar foi um dos mentores do golpe que derrubou o governo do então presidente Mohamed Mursi, primeiro chefe de Estado egípcio eleito democraticamente, em 2013. No ano seguinte, ele se declarou presidente com cerca de 92% dos votos -o pleito restringiu a oposição, e a sigla de Mursi, a Irmandade Muçulmana, tornou-se ilegal posteriormente.

Caso vença, Sisi, no poder há nove anos, terá a chance de ficar por mais seis no cargo e aprofundar a escalada autoritária que o país vive. Esse, aliás, é o cenário mais provável, já que a repressão dos dissidentes na última década deixou os opositores mais conhecidos fora da disputa, praticamente garantindo a reeleição do líder.

Por isso, críticos veem a eleição como uma farsa, enquanto a imprensa controlada pelo regime chama o pleito de avanço ao pluralismo político. A Autoridade Nacional de Eleições informou que a participação no primeiro dia de votação, no domingo (10), foi alta. Embora tenha sido possível ver uma multidão em alguns locais de votação, onde músicas patrióticas tocavam em alto-falantes, outros pareciam esvaziados.

Dois repórteres da agência de notícias Reuters viram pessoas sendo levados de ônibus para votar, e um deles presenciou a distribuição de sacos com farinha, arroz e outros produtos básicos a pessoas que mostravam manchas de tinta nos dedos --a prova de que haviam votado.

Alguns se decepcionaram pela ausência de açúcar, que recentemente sofreu aumentos acentuados de preço.

A população do Egito, que está crescendo rapidamente e atualmente é de 104 milhões de habitantes, está lutando contra preços altos e outras pressões econômicas, embora a inflação geral tenha diminuído ligeiramente dos níveis recordes, atingindo 34,6% no domingo.

Mesmo assim, os egípcios lidam com preços que mudam durante o dia e são rabiscados e corrigidos à mão nas etiquetas, e com a escassez de produtos básicos como ovo, carne e leite. Alguns eleitores, porém, dizem que, embora tenham que encontrar maneiras de se adaptar a essa realidade, apenas Sisi e o Exército podem fornecer segurança. Outros, por sua vez, reclamam que o Estado priorizou megaprojetos enquanto assumia mais dívidas --desde 2018 o regime se dedica à construção de uma nova capital no deserto.

"Votarei em Sisi, é claro. Eu amo ele", disse Nabia Ahmed, uma mãe de quatro filhos de 65 anos que votou em Bahr al Azam Street, em Giza, neste domingo. "Estou votando porque quero segurança para meus filhos." No mesmo local, Sabreen Khalifa, uma mãe de cinco filhos, também votava no ditador, mas com reservas. "Queremos que ele reduza os preços. Comida, remédios, aluguel. Está tudo muito caro."

No norte do Sinai, para onde o exército estendeu seu controle após lutar contra combatentes islâmicos, uma escola nomeada em homenagem a um soldado morto estava sendo usada como local de votação. "Sisi garantiu essa área para nós. Vimos derramamento de sangue, o mínimo que podemos fazer é votar nele", disse Leila Awad, uma funcionária do Ministério da Educação local.

A votação ocorre das 9h às 21h locais e termina na terça-feira (12). Os resultados devem ser anunciados em 18 de dezembro.


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