SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Exército de Israel afirmou nesta sexta (15) que matou por engano três reféns do país que estavam em poder do grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. O incidente ocorreu no subúrbio de Shejaiya, no leste da capital homônima da região.
"As Forças de Defesa de Israel identificaram erroneamente três reféns israelenses como um a ameaça durante combate. Como resultado, elas atiraram e eles foram mortos", afirmou o Exército em comunicado. Quando viram que as pessoas não pareciam ser integrantes dos Hamas, os corpos foram trazidos para Israel.
Eles foram identificados como Samer Talalka, do kibutz Nir Am, Yotam Haim, do kibutz Kfar Aza, e uma terceira pessoa cuja família não autorizou divulgar o nome. Todos haviam sido sequestrados na mega-ação terrorista do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos e cerca de 250 reféns e disparou o atual conflito.
O incidente eleva a pressão doméstica sobre o governo de Binyamin Netanyahu, que vem sendo cobrado pelos parentes dos sequestrados em protestos diários. Na trégua de sete dias que fez com o Hamas no mês passado, Israel conseguiu trocar 78 reféns israelenses por 240 prisioneiros palestinos. Na pausa, 24 estrangeiros e 3 russos-israelenses também foram soltos --antes, 4 havia sido soltos pelo Hamas e 1, resgatado.
Há um número incerto de mortos. O Hamas afirmou que bombardeios israelenses já mataram diversos reféns, mas isso não tem comprovação até aqui. Esta é a primeira vez que Israel confirma um incidente do tipo.
O Exército prometeu transparência total na investigação do caso e "expressa profundo remorso pelo trágico incidente". Lembrou que os riscos existem, dada a natureza do combate.
**GUERRA URBANA ESTÁ MAIS INTENSA**
A guerra está aprofundada em diversos centros do Hamas em toda a Faixa de Gaza, e está se tornando mais mortífera para Tel Aviv, também. O subúrbio de Shejaiya é palco de intensos combates e registrou, na véspera, a morte de dois altos oficiais e sete soldados israelenses, a maior baixa num dia até aqui.
Nos labirintos de túneis e ruínas, forças são particularmente suscetíveis a emboscadas. A atual guerra já matou 110 militares israelenses, ante 66 do conflito anterior, de 2014. O Hamas está mais bem equipado, com mísseis antitanque russos contrabandeados por meio do Irão, provavelmente pelo mar.
Com efeito, cerca de 25% dos soldados mortos estavam dentro de tanques e blindados operando em Gaza, algo que nenhum governante israelense havia feito desde que o Hamas tomou controle do território de seus rivais da Autoridade Nacional Palestina, em 2007.
Antes, na sexta, Israel havia recuperado os corpos de mais um civil e de dois soldados que estavam como reféns. Com isso, ainda estão em poder do Hamas 126 pessoas, mas não se sabe quantas estão de fato vivas.
A contagem macabra da guerra é, claro, pior para os palestinos, que contam 18,6 mil mortos até aqui no conflito. Não se sabe quantos deles são civis e quantos, do Hamas, já que o Ministério da Saúde ligado ao grupo apenas os designam como "mártires".
Esse resultado tem deixado Israel sob intensa pressão externa, também. Mesmo Joe Biden, maior aliado do país, já afirmou nesta semana que Tel Aviv está perdendo apoio internacional devido à alta taxa de morte de civis no conflito e aumentou as gestões por soluções humanitárias para mitigar as baixas civis.
Houthis atacam mais dois navios
Enquanto isso, no teatro secundário do mar Vermelho, rebeldes houthis atacaram nesta sexta mais dois navios operando na região.
Pela manhã, um cargueiro da empresa alemã Hapag-Lloyd foi atingido, provavelmente por um míssil lançado de um barco houthi. Ele seguiu viagem, sem vítimas a bordo apesar do incêndio iniciado pela explosão. Outro navio, de bandeira liberiana, também foi atingido e conseguiu escapar de um barco que tentou desviá-lo para a costa iemenita.
Os houthis são uma etnia xiita em guerra civil com o governo de maioria sunita, o ramo majoritário do islamismo, do Iêmen desde 2014. Eles são apoiados pelo Irã, que por sua vez banca o Hamas e o Hezbollah libanês.
Desde que a guerra começou, os iemenitas passaram a atuar em favor dos aliados palestinos ameaçando navios de carga e militares no mar Vermelho, além de disparar mísseis e drones de suas bases contra o sul de Israel, 1.500 km distante.
As ações multiplicaram o preço dos seguros dos navios mercantes na região e fizeram fragatas das forças-tarefas antipirataria da região, somadas a embarcações de guerra americanas, entrarem em ação interceptando diversos projeteis nas últimas semanas.
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