SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Impedido de se candidatar desde que foi condenado por corrupção, em 2023, Imran Khan, ex-premiê do Paquistão, foi novamente declarado culpado pela Justiça nesta terça-feira (30), dias antes das eleições gerais no país, desta vez por vazar segredos de Estado.

Khan foi sentenciado a dez anos em cárcere, a pena mais severa que já recebeu. Os juízes consideraram que ele foi responsável por divulgar o conteúdo de um telegrama secreto enviado ao governo de Islamabad pelo embaixador do Paquistão em Washington. O político defende que o material já tinha aparecido na imprensa por outras fontes antes de ele citá-lo.

A sigla de Khan, PTI, afirmou que recorrerá da sentença, e um de seus advogados, Naeem Panjutha, chamou a decisão do tribunal de "ilegal" --segundo outro assessor do ex-premiê, Zulfikar Bukhari, a equipe jurídica dele foi impedida de representá-lo no processo, ocorrido no interior da prisão de segurança máxima de Adiala, em Rawalpindi, onde ele está detido desde agosto passado.

O partido ainda afirmou que, horas após a leitura da sentença, três de seus membros foram mortos após uma bomba atingir a região do Baluchistão. Ninguém reivindicou o ataque.

O novo imbróglio com a Justiça acontece a uma semana das eleições gerais, marcadas para 8 de fevereiro. A condenação anterior de Khan, pela qual ele cumpre três anos de prisão, já o tinha excluído do pleito.

Seus advogados esperavam obter a soltura do político em breve. Mas sua condenação nesta terça torna isso improvável.

Bukhari, o assessor de Khan, disse à agência de notícias Reuters que esta última decisão judicial é uma tentativa de diminuir a popularidade do ex-premiê. Mas "agora ainda mais pessoas vão sair de casa para votar", completou.

Agentes da polícia do Paquistão detêm apoiador do PTI, partido do ex-premiê Imran Khan, que pretendiam assistir à audiência judicial de caso contra ele na Suprema Corte de Sindh, em Karachi Akhtar Soomro/Reuters **** Pouco antes da leitura do veredicto, o perfil oficial de Khan no X tinha publicado uma mensagem em que ele pedia que seus apoiadores não fossem às ruas protestar contra a sentença.

No texto, afirmava que caso isso ocorresse, seus opositores transformariam o ato em uma operação de "bandeira falsa" --quando um Estado simula um ataque contra si mesmo para retaliar adversários ou intensificar tensões, por exemplo.

Da primeira vez em que Khan foi preso, em maio de 2023, centenas de seus eleitores bloquearam ruas e rodovias e tomaram edifícios públicos pelo país exigindo a sua libertação. Vários deles foram detidos pela polícia, acusados de provocar tumultos, e depois foram e presos julgados.

Ainda em sua mensagem no X, Khan, que também é um campeão de críquete, exortou seus simpatizantes a votar em candidatos apoiados por sua sigla. "Esta é a sua guerra e este é seu teste; vocês devem se vingar de todas as injustiças por meio do seu voto", diz a publicação na rede social.

Khan vem enfrentando dezenas de casos na Justiça desde que foi destituído pelo Parlamento, em abril de 2022. O telegrama que ele foi considerado culpado de vazar nesta terça é um dos itens que ele apresentou como suposta evidência de uma conspiração entre o Exército do Paquistão e o governo dos Estados Unidos para derrubar sua gestão. Ambas as partes negam as acusações.

Enquanto isso, o partido do principal adversário político de Khan, Nawaz Sharif, que também serviu como ex-premiê anteriormente, afirmou que o veredicto não foi suficientemente rigoroso.

Analistas acreditam que a sigla é a favorita para formar o próximo governo. Sharif e sua filha, Maryam Nawaz, foram condenados por corrupção e presos dias antes das últimas eleições gerais, em 2018.

Muitos acreditam que isso ajudou Khan a vencer, enquanto a sentença desta terça beneficiaria Sharif. Ambos os políticos culpam o Exército, considerado uma espécie de "mão invisível" na política do país, pela queda de seus respectivos governos.


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