SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Autoridades russas ameaçam sepultar Alexei Navalni, opositor do governo da Rússia, no terreno da prisão onde morreu, segundo a família de Navalni.
Família deve concordar com "funeral secreto sem despedida pública". A porta-voz de Navalni, Kira Iarmish, disse que um investigador ligou para a mãe de Navalni e lhe deu um prazo de três horas para aceitar a proposta do governo russo.
Família exige que corpo seja entregue em dois dias. Isso porque, segundo Iarmish, a lei determina este prazo após a determinação da causa da morte, o que já aconteceu.
"De acordo com os documentos médicos que ela assinou, esses dois dias expiram neste sábado (24). Ela insiste que as autoridades permitam que o funeral e a cerimônia fúnebre sejam realizados de acordo com os costumes", diz o informe, publicado no X (antigo Twitter).
MORTE POR "CAUSAS NATURAIS" E RECOMPENSA POR INFORMAÇÕES
Laudo atribui a morte dele a "causas naturais". A mãe de Navalni, Ludmila Navalnaia, recebeu o documento. Ela pôde ver o corpo do filho somente quase uma semana após o anúncio da morte dele.
Chantagem por "funeral secreto" já havia acontecido. "Estou gravando esse vídeo porque eles começaram a me ameaçar. Eles me olharam nos olhos e disseram que, se eu não concordar com um funeral secreto, vão fazer algo com o corpo do meu filho", disse a mãe, em um vídeo publicado no YouTube.
Informações "valiosas e completas" podem ser recompensadas em 20 mil euros. O denunciante pode obter, também, apoio para deixar a Rússia, caso deseje.
A publicação de ativistas e opositores faz um apelo às forças de segurança. "Aos militares, policiais, funcionários do FSB, à Comissão de Investigação e ao Ministério Público", diz um post no X, antigo Twitter, do perfil "Navalny live".
NAVALNI MORREU NA PRISÃO AOS 47 ANOS
Advogado e ativista morreu na última sexta-feira (16), segundo um comunicado do serviço penitenciário russo. Ele era uma das principais figuras de oposição ao governo de Vladimir Putin há mais de uma década.
Ele teria passado mal após uma caminhada na colônia penal de Kharp, onde estava detido, a quase 2 mil quilômetros da capital Moscou. O local fica próximo do Círculo Polar Ártico, onde as temperaturas podem chegar a -30ºC.
O ativista foi envenenado com uma substância de uso militar, durante uma viagem a negócios, em 2020. Ele só sobreviveu porque sua família e autoridades internacionais insistiram em levá-lo de avião para um longo tratamento na Alemanha. O governo russo negou qualquer envolvimento.
Há uma série de mortes misteriosas ligadas ao governo da Rússia. Por exemplo, o fundador do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, morreu no ano passado com outras nove pessoas, na queda de um jato particular. Dois meses antes, ele havia liderado um motim contra Moscou.
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