A Crise de Popularidade da F-1

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A Crise de Popularidade da F-1
Matheus Brum 27/04/2015

A Crise de Popularidade da F-1

Caro (a) internauta, você como eu deve estar cansado de só ouvir falar de Campeonato Estadual e polêmicas de arbitragem, certo? Pois bem, além de futebol, tenho outras paixões esportivas, e a Fórmula-1 é um esporte na qual tenho uma paixão bem grande. Sem querer entrar no mérito de que o Ayrton Senna é o maior de todos os tempos e nunca teremos ninguém igual a ele (discussão para outra coluna), venho falar nesse "Papo Reto", sobre a crise de audiência e de competitividade que a principal categoria do automobilismo tem passado nos últimos anos.

De acordo com a Global Media Report, relatório anual emitido pela própria FIA, em 2013, houve uma perda de 50 milhões de expectadores em todo o mundo, uma queda de 10%. Em 2012, 500 milhões de pessoas assistiram a temporada que coroou o tricampeonato de Sebastian Vettel. Já no Brasil, que é um dos poucos países que exibem a categoria de graça na TV aberta, também ouve uma queda na audiência. Segundo os dados da Global Media, 77 milhões de brasileiros assistiram a F-1 em 2013, uma queda de 5% em relação a 2012. A grande pergunta que fica é: Qual (is) o (s) motivo (s) para que um dos esportes mais tradicionais do mundo entre nessa descendente?

Talvez o principal motivo seja a falta de competitividade que a categoria vem passando. Desde o início dessa década, tivemos cinco campeonatos, com apenas dois pilotos sendo campeões. Vettel venceu quatro vezes, de 2010 a 2014, com a RBR, e Lewis Hamilton venceu ano passado com a Mercedes. Em todos esses casos, foram campeonatos tranquilos, em que sabíamos quem seria o vencedor. Para tentar combater esse problema, a FIA, Federação Internacional de Automobilismo, sob o comando de seu presidente, Jean Todd, e do CEO da Formula One Management (FOM) e Formula One Administration (FOA), Bernie Ecclestone, fizeram uma série de mudanças no regulamento, inclusive na pontuação do Mundial de Pilotos. Um esporte só se torna atrativo quando se abre espaço para grandes histórias, grandes duelos, e Infelizmente hoje, a F-1 está mais para Campeonato Espanhol do que para Campeonato Brasileiro.

Para se chegar nesse domínio que vemos nos últimos anos, temos que analisar com calma como que os valores distribuídos pela FIA chegam até as scuderias. Como podem ver nessa imagem ao lado, que reflete a divisão de orçamento da temporada passada, da para perceber como a divisão é completamente distorcida, fruto das atividades de Ecclestone para conseguir apoio das principais equipes (RBR, Mercedes, Ferrari e Mclaren). Foram divididos 1,8 bilhões de dólares entre as 11 equipes que disputaram o mundial. Todas recebem uma mesma quantidade de dinheiro, mas logo depois dessa divisão, vêm as bonificações para as equipes que já venceram alguma vez na história o Mundial de Construtores (Historical payments e Constructor's Championship Bonus Fund). Além disso, há uma divisão de acordo com a posição no último mundial de construtores, o que favorece ainda mais quem conseguiu uma boa posição. Por fim, e não menos estranho, há um pagamento de $90 mi para a Ferrari, e somente para a Ferrari (Ferrari Payment). A conta total, todos podemos ver. Uma discrepância absurda.

A Fórmula 1 de hoje é muito tecnológica, por isso mesmo, quem tem as melhores tecnologias, possui mais chances de conseguir se dar melhor ao longo da temporada. Essa planilha deixa claro que um dos problemas passa pela distribuição da renda para cada scuderia, levando em consideração que nesses dados não estão contabilizados os valores de patrocínio de cada equipe, o que pode acarretar em diferenças ainda mais escandalosas. Um caminho para a melhora do esporte passa pela melhor distribuição do dinheiro, mas aí, há um problema grande, como Ecclestone irá dividir o dinheiro sem causar um rebuliço no seu grupo de apoio político? Essa é uma resposta que só os próximos anos irá nos responder.

Em relação a popularidade no Brasil, vemos que a TV Globo deixou de passar o treino classificatório por completo, exibindo apenas o Q3, a última parte da classificação. A audiência no Brasil tem diminuído por conta da falta de grandes resultados dos nossos pilotos. Infelizmente a minha geração não teve o prazer de ver pilotos tupiniquins no lugar mais alto do pódio, algo que terminou com a trágica morte de Senna. Infelizmente, no Brasil, os esportes são motivados por ídolos, tanto que a cada novo piloto que aparece no cenário internacional, há uma insistência de tratarmos como o "Novo Senna", quando sabemos que a comparação nunca é positiva.

Outros destaques


1º - Rio de Janeiro se sagra campeão da Superliga Feminina de Vôlei pela décima vez, imortalizando de vez a levantadora Fofão, de 45 anos, que vai se aposentar após o Mundial de Clubes que será disputado nesse mês de maio. Mais um trabalho espetacular do fantástico Bernardinho, maior técnico da história do Vôlei mundial.


2º - A Caldense de Léo Condé consegue segurar o Atlético-MG em um Mineirão lotado. Jogando com uma consistência defensiva de dar inveja aos grandes "professores" do nosso futebol, a Veterana chega ao seu oitavo jogo sem tomar gol. Melhor defesa do Brasil. Realmente, o futuro do treinador deve deslanchar após a final do Estadual, principalmente se conseguir levantar o caneco.


3º - Até dia 30, segue a primeira rodada de vendas dos ingressos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.Infelizmente, os ingressos estão acima do que a média da população brasileira pode pagar, mas vale a pena tentar fazer parte do maior evento esportivo do mundo.
, estagiário da Rádio CBN Juiz de Fora e editor e apresentador do programa Mosaico é nascido e criado em Juiz de Fora.