Prematuros devem ser vacinados ainda na UTI Neonatal para reduzir riscos de doençasPor terem um sistema imunológico mais frágil, as infecções nessas crianças podem causar hospitalização, sequelas e até morte

Victor Machado
*Colaboração
20/9/2011
Bebê

O calendário de vacinação infantil é uma recomendação da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm) para que os pais possam imunizar os filhos de doenças infecciosas. Mas a associação faz um alerta especial aos pais de bebês prematuros para a importância do início da aplicação das vacinas ainda nas maternidades.

Segundo a presidente da Regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-RJ) e membro da Comissão Científica das Jornadas de Imunizações, Isabella Ballalai, por se tratar de crianças imunologicamente mais frágeis, o rigor na vacinação é ainda mais importante e essencial para o futuro dos bebês.

Isabela explica que muitos pais de prematuros acreditam que é preciso esperar a criança deixar a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ou receber alta médica para começar as aplicações. "Esses pais pensam que o filho é frágil e por isso não pode receber as aplicações. Muitas vezes, há o desconhecimento dos profissionais de saúde em dizer que não é assim. Pelo contrário, existe a necessidade de iniciar, precocemente, a vacinação para aumentar a imunidade."

De acordo com a médica, o início precoce é fundamental porque os bebês prematuros receberam poucos anticorpos durante a gestação. "O período em que há mais transferência de anticorpos é no final da gravidez. Ou seja, quando bebê nasce prematuramente é sinal de que recebeu menos proteção." Isabela destaca que o sistema imunológico da criança ainda é prematuro, o que faz aumentar as chances de doenças pulmonares e os riscos de infecção. E é por esse motivo que a associação alerta para a importância das vacinas. Com um sistema imunológico mais frágil, qualquer infecção pode se tornar grave, podendo causar hospitalização, sequelas e até morte.

A médica explica que não existe contraindicação das vacinas pelo fato de o bebê ser mais frágil. Segundo ela, todas as vacinas destinadas às crianças devem ser aplicadas, de acordo com a idade cronológica do bebê. "As vacinas de nascimento devem ser dadas após o nascimento, assim como as de um mês e sucessivamente. O calendário é semelhante aos que nascem na data normal."

As únicas diferenças se dão no caso das vacinas BCG e Hepatite B. A primeira normalmente é aplicada ainda na maternidade e nas crianças acima de dois quilos. Caso o bebê prematuro tenha nascido com peso menor, a dose só deve ser aplicada após um mês de vida. Já no caso da Hepatite B, ao invés de receber as três doses, os prematuros devem receber quatro doses. Confira abaixo as orientações da Associação Brasileira de Imunizações para cada tipo de vacina.

tabela

Fonte: Campanha Prematuro Imunizado é Prematuro Protegido

Imunização específica

A médica explica que existe um anticorpo, que não é considerado vacina, que previne o vírus sincicial respiratório, o VSR. Nesse caso, trata-se de uma prevenção exclusiva para os prematuros. O vírus atinge qualquer criança, mas tem a gravidade mais alta nesses bebês. O anticorpo serve para proteger e evitar doenças pulmonares que são muito comuns por causa da fragilidade.

Vacinação para os pais

Isabela afirma que a preocupação não deve ser apenas em aplicar a imunidade nos filhos. "Muitas doenças são transmitidas pelos adultos, mesmo sem saberem que estão contaminados. Por isso, os pais, parentes e profissionais de saúde ou qualquer pessoa que cuide desses bebês devem ser imunizados." A médica explica que é fundamental a vacinação contra gripe, catapora e coqueluche. "Proteger os adultos é uma ótima forma de proteger as crianças."

*Victor Machado é estudante do 8º período de Comunicação Social da Faculdade Estácio de Sá

Os textos são revisados por Thaísa Hosken