|
:::15/05/2007
A forma de comprar, a prazo ou à vista, sempre gera uma questão polêmica. Enquanto uma parte da população apresenta argumentos que justificam comprar à vista, outra parcela afirma que sua renda só permite compras parceladas. E você, caro leitor, como prefere comprar?
De um modo geral, as pessoas argumentam que renda baixa e falta de disciplina para juntar dinheiro as levam a preferir comprar a prazo. Muitas acreditam ingenuamente nas propagandas que mostram várias formas de pagamentos com prestações sem juros.
Para se ter uma idéia de como o dinheiro está caro no Brasil, vamos observar o comportamento de algumas taxas de juros. A taxa SELIC, aquela que remunera os títulos do governo e serve de referência para as demais taxas de juros da economia, está em 12,5% ao ano, enquanto os EUA pagam 5% ao ano para remunerar seus títulos públicos.
No Brasil, se o consumidor for comprar no crediário e pagar 4% ao mês de juros, ele pagará 60,10% ao ano. Quem precisa utilizar o cheque especial que cobra uma taxa de 7% ao mês, em média, chega a pagar 125,22% ao ano. E se o consumidor entrar no rotativo do cartão de crédito e pagar 10% ao mês pagará 213,84% ao ano. E pior, se tomar dinheiro emprestado numa financeira ou qualquer outra forma de agiotagem que cobre 11,5% ao mês, este consumidor pagará 269,23% ao ano.
E aí eu pergunto: as lojas quando divulgam que vendem em até dez vezes sem juros estão dizendo a verdade? Você, caro leitor, empresta seu dinheiro para alguém te pagar em dez vezes sem juros? Racionalmente, eu não conheço ninguém que faça isso. Sendo assim, pode-se constatar que comprar a prazo acarreta um ônus elevadíssimo, que são as taxas de juros que podem estar explícitas ou embutidas nos preços das mercadorias.
Com relação às compras à vista e, sobretudo se o pagamento for feito em dinheiro, sempre costumo comentar com meus alunos que o consumidor aumenta o seu poder de barganha e pode negociar descontos que sejam vantajosos para ambas as partes. Se o comerciante realizar uma venda em dinheiro ao invés de cartão de crédito, o mesmo economizará a taxa de administração do cartão, que gira em torno de 2 a 4% do valor da compra, bem como recebe o dinheiro no ato da mesma.
Se o pagamento for feito no cartão de crédito, este somente receberá após trinta dias e com o deságio relativo à taxa de administração. E tem mais, com o dinheiro nas mãos, o empresário pode honrar alguns pagamentos sem a necessidade de transacionar pelos bancos, o que lhe proporcionará uma economia de 0,38% em CPMF.
Em geral, o empresário pode repassar essa economia para o consumidor e todas as partes ganham. Além do que a satisfação do consumidor aumenta a probabilidade de fidelidade ao referido estabelecimento comercial.
Percebe-se que comprar à vista apresenta mais vantagens do que a prazo. Entretanto, para aqueles que ainda não conseguem comprar à vista sugiro que façam uma simples pergunta na hora da comprar: é desejo ou necessidade? Se for desejo, prefira juntar mensalmente o que pagaria nas parcelas e comprar à vista mais barato e mais rápido. Contudo, se for por necessidade e o mesmo não tiver condições de comprar à vista, então compre a prazo. Mas saiba, o mesmo estará pagando juros muito altos, seja explícita ou implicitamente. Agora, a decisão está em suas mãos, caro leitor e consumidor.
Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor universitário das faculdades Vianna Júnior, Estácio de Sá e Universo e do curso de Formação Gerencial do Instituto Educacional Machado Sobrinho, sendo todas a instituições em Juiz de Fora - MG.
Sobre quais temas (da área de economia) você quer ler novos artigos nesta seção? O economista Fernando Agra aguarda suas sugestões no e-mail negocios_economia@acessa.com.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!