Por que est? faltando energia el?trica no pa?s? |
A queda nos investimentos em energia el?trica vem se acelerando ao longo dos anos. Na d?cada de 80, a m?dia dos investimentos foi superior a US$ 10 bilh?es. Nos anos 90, o investimento caiu para, aproximadamente, US$ 6 bi e, em 2000, foram investidos apenas US$ 3 bi.
Assim, enquanto no per?odo de 1980 a 1992, o crescimento da capacidade instalada e do consumo cresciam quase em paralelo, em 2000, o consumo cresceu 165% e a capacidade instalada aumentou somente 119%.
Para se compreender toda essa crise, ? necess?rio destacar que n?o houve investimento nos setores de gera??o e de transmiss?o de energia el?trica e, com a entrada em cena dos investidores privados, a situa??o se agrava, pois seus interesses se concentram nos setores de distribui??o e comercializa??o, que s?o os mais lucrativos e n?o implicam em investimentos como na ?rea de gera??o e transmiss?o.
Entretanto, considerando que as distribuidoras de energia el?trica auferem grandes lucros com sua atividade, deveriam ter sido obrigadas, pelo contrato de concess?o, na ocasi?o da privatiza??o das empresas p?blicas, a investir em linhas de transmiss?o, o que minimizaria muito a grave situa??o que estamos enfrentando hoje.
A nossa capacidade de gera??o de energia el?trica n?o depende da pluviometria,ou seja, do ?ndice de chuvas, desde que se invista na estrutura e capacidade de gera??o e de distribui??o, de modo a oferecer a adequada margem de seguran?a para o abastecimento. As usinas hidrel?tricas brasileiras foram projetadas para armazenarem energia em caso de escassez de chuvas ou de outros eventos imprevistos.
A participa??o no consumo nacional do usu?rio residencial ? de apenas 27,6%, enquanto que o consumo do setor comercial responde por 15,4%; outros 13,8% dizem respeito a demais tipos de consumidores (rural, etc); e o setor industrial corresponde a 43,2% da participa??o nacional. S? a ind?stria paulista consome 12% da energia gerada no pa?s.
Isso mostra que o consumo de energia el?trica no pa?s ? determinado pela participa??o do setor industrial, titular de cerca de metade do consumo nacional. Entretanto, este setor paga tarifas muito inferiores ?s dos consumidores residenciais e, com o fim do subs?dio cruzado, a situa??o s? tem piorado para as classes de renda mais baixas.
As tarifas dos consumidores residenciais sofreram aumentos maiores: consumidores residenciais, ap?s as privatiza?es, tiveram aumentos que dependiam da quantidade consumida mensalmente, sendo que, na m?dia, chegou-se a aumentos da ordem de 108%.
Este percentual ? muito superior ao aumento para as classes de consumo industrial, comercial e outras, cujos reajustes variaram de 3,15% at? 26,57%, dependendo da empresa.
A nova pol?tica tarif?ria, cuja orienta??o est? bem definida com os dados acima transcritos, culminou num resultado assustador, segundo o qual o consumidor de at? 30 Kwh, ou seja, o consumidor de baixa renda, sofreu um aumento real (al?m da infla??o) da ordem de 321,45%, num per?odo de pouco mais de cinco anos, como se pode verificar da tabela abaixo, retirada do site da ANEEL (Ag?ncia Nacional de Energia El?trica - www.aneel.gov.br).
Consumo mensal |
Jun/94
Ago/99
Diferença em R$
Variação em %
Inflação
Aumento real %
Até 30Kwh
0,68
4,83
4,15
613,34
69,26
321,45
Até 50Kwh
1,75
8,05
6,30
360,00
69,26
171,78
Até 100Kwh
4,44
16,10
11,70
262,61
69,26
114,24
Até 200Kwh
13,78
32,20
18,40
133,67
69,26
38,06
Até 220Kwh
16,25
35,42
19,20
118,00
69,26
28,80
Até 300Kwh
26,1
48,29
22,20
85,02
69,26
9,31
Até 400Kwh
38,41
64,39
26,00
67,62
69,26
-0,97
Até 500Kwh
50,73
80,49
29,80
58,66
69,26
-6,26
Até 700Kwh
75,36
112,69
37,30
49,54
69,26
-11,65
Até 900Kwh
99,99
144,38
44,40
44,40
69,26
-14,69
Até 1100Kwh
124,60
177,08
52,5
42,10
69,26
-16,05
O consumidor residencial j? vem reduzindo o consumo de energia: ? justamente a classe residencial que, com os altos aumentos de tarifas nos ?ltimos anos, com a perda dos subs?dios cruzados (faixas de descontos) e a ocorr?ncia de outros fatores, como o desemprego e o arrocho salarial, vem reduzindo o seu consumo e aumentando a inadimpl?ncia. Segundo o IBGE, o consumidor residencial reduziu o consumo de energia mensal de 178 para 174 Kwh (dado de janeiro a setembro de 1999). Por sua vez, a Eletrobr?s revelou que, em 2000, que os setores comercial e industrial tiveram um crescimento de consumo de 7,8 e 6,8 %, respectivamente, enquanto o domiciliar aumentou 2,1%.
Fonte: Ilumina - Instituto de Desenvolvimento Estrat?gico do Setor El?trico (www.ilumina.org.br) Mat?ria enviada pelo Procon de Juiz de Fora, onde o IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (www.uol.com.br/idec) - questiona as medidas adotadas pelo Governo quanto ao racionamento de energia el?trica.
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