Turistas fazem reservas um ano antes do Miss Brasil Gay
Deborah Moratori
17/07/03
"Além de estarmos com 100% de ocupação para o concurso deste ano, já temos reservas para aproximadamente 30% dos nossos apartamentos para o Miss Gay 2004", entusiasma-se o gerente geral do Joalpa Hotel, Antônio Carlos Monteiro de Almeida.
Cidade pólo GLS
Somente no ano passado, o maior concurso GLBT do país trouxe à cidade, cerca
de quatro mil turistas. Esses números foram apontados por uma pesquisa
realizada pelo Movimento Gay de Minas, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de
Fora, a Faculdade de
Turismo de Santos Dumont, a Escola de Turismo da
Unipac e o curso de turismo do Colégio
Técnico Universitário.
Os estudos serviram para traçar o perfil do turista que vem a Juiz de Fora por ocasião do Miss Brasil Gay e dos eventos paralelos que são promovidos. O que mais chama atenção na pesquisa é o montante movimentado pela economia regional em apenas um final-de-semana, o que comprova que a cidade tornou-se um dos principais pólos de atração do turista GLS do Brasil.
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De acordo com Oswaldo Braga, presidente do MGM, esses R$ 2 milhões atraídos para a cidade em cada edição da festa, dá uma idéia da importância do evento em termos de injeção de recursos turísticos no município. "Estamos notando, pela análise dos dados apurados nas pesquisas, que os turistas começam a chegar mais cedo e se faz necessário preparar a cidade para isso, com atrações e opções de divertimento para todos".
Hotéis na cidade
Principal serviço utilizado pelos turistas que vem a Juiz de Fora por causa
do Miss Gay, a rede hoteleira é um exmplo disso e já está agendando reservas
para acomodação dos hóspedes. Embora muitos hotéis já estejam com a ocupação de grande parte de seus
leitos garantida, em alguns estabelecimentos as reservas ainda são poucas.
"Agências que pretendem trazer grupos do Rio e de São Paulo estão consultando nossos preços, mas as reservas até agora estão sendo feitas pelos próprios hóspedes", revela o gerente comercial do Victory Business Hotel, Márcio Menezes.
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O gerente acredita que o motivo da procura abaixo da média deve-se ao fato de que ano passado o hotel ainda não estava funcionando e não recebeu hóspedes para o evento, mas a expectativa é de ter 100% dos apartamentos ocupados. Para atrair os hóspedes, o hotel está oferecendo descontos. Até o dia 31 de julho, o apartamento duplo pode ser reservado pelo preço de R$ 120. Depois dessa data, será cobrada a tarifa-balcão de R$ 160.
"Apesar de nós estarmos oferecendo essa promoção, as reservas ainda são poucas", diz Menezes. "A procura deve aumentar mesmo nas semanas que antecedem o concurso", completa.
O número de reservas no Grande Hotel Renascença também está abaixo do esperado. Embora o valor da diária seja atrativo - os leitos variam de R$ 30 a R$ 70 - de acordo com o proprietário, Eliseu Pereira do Valle, nem 10% dos quartos do hotel estão reservados.
Na contramão
Se por um lado as reservas para o Victory Business Hotel e para o Grande
Hotel Renascença ainda estão abaixo da expectativa, outros hotéis, como é o
caso do Joalpa, já têm grande parte de seus apartamentos reservados.
"A procura está boa", revela o gerente do Ômega Apart Hotel, Rudolf de Castro. Ele diz que as reservas começaram a ser feitas ainda no final de junho e que a procura chega tanto de agências de turismo como dos próprios hóspedes. No hotel, que já está com a ocupação de 80% de seus leitos garantida, as diárias variam de R$ 25 a R$ 45 por apartamento.
Com um preço um pouco mais alto, a capacidade de ocupação do Joalpa Hotel já está esgotada. Recebendo há muitos anos turistas que têm tradição de participar do Miss Gay, Antônio Carlos Monteiro de Almeida, o gerente do hotel, conta que a maioria das reservas para este ano já tinha sido feita em 2002.
"Nós já temos um público de hóspedes cativo, são clientes fiéis que sempre
retornam para prestigiar o evento", diz. Almeida explica que os turistas
costumam chegar na sexta-feira, um dia antes do concurso, e permanecem até o
domingo. Embora outros eventos paralelos sejam programados por ocasião do
concurso, o gerente lamenta a não permanência dos hóspedes por mais dias na
cidade.
"Eles são turistas de primeira categoria que estão dispostos a pagar bem por um serviço de qualidade. Eles gastam não só nos hotéis, mas também em bares e restaurantes, salão de beleza e no serviço de táxi". A afirmação do gerente pode ser conferida no gráfico da Pesquisa Turismo GLS 2002 (acima) que demostra que a maioria dos turistas que vêm a Juiz de Fora para o Miss Brasil Gay aproveitam o tempo livre fazendo compras no comércio local.
Mobilização
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Juiz
de Fora, Antônio Jorge Marques, confirma a informação. "Além de
movimentar toda a rede hoteleira, o comércio da cidade é um outro setor que
tem grandes benefícios com a realização do evento".
Segundo o presidente, os hotéis de Juiz de Fora oferecem 1.404 apartamentos. São 2.657 camas para receber o público que chega de outras cidades para o evento. "No dia que antecede o concurso os hotéis estão todos lotados. Muitos hóspedes, inclusive, têm que recorrer aos motéis da cidade".
Antônio Jorge Marques lamenta o descaso da Prefeitura para com o Miss Gay. "Um evento de tal importância mereceria uma atenção maior da administração municipal tanto no que diz respeito à divulgação da festa quanto no recebimento dos convidados e jurados do concurso que são pessoas de destaque no cenário nacional. O Miss Brasil Gay é hoje o maior evento que acontece na cidade e Juiz de Fora deve estar preparada para sediar uma festa dessa dimensão prestigiada por turistas de todo Brasil".
Sem falar em números, o presidente destaca que esses turistas são pessoas de um ótimo nível social e que vêm a Juiz de Fora com a finalidade única de se divertir e alegrar a cidade. "São essas pessoas que todos os anos sempre trazem benefícios para a cidade. E é por isso que nós devemos estar preparados para recebê-los de braços abertos. Não bastam a iniciativa particular dos organizadores do evento e a mobilização de alguns setores, como é o caso do sindicato e do MGM. Todos devem estar envolvidos para que tudo ocorra da melhor maneira possível", finaliza.
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