Fa?a frio ou calor... Empres?rios que se beneficiam do ver?o para vender, buscam produtos alternativos para manter empregos e lucros

Fernanda Leonel
Rep?rter
04/07/2006

Quem olha para a foto ao lado acredita que a cena ? mais um dos muitos momentos de uma f?brica de roupas da cidade. Seria apenas mais uma foto, se o flagra do momento n?o fosse de uma f?brica de...biqu?nis.

? com muito moleton e lycra na agulha que todas essas mulheres garantem o emprego t?o importante para a renda da casa. As especialistas da moda do "pouco pano" aprenderam a lidar tamb?m com os tecidos mais pesados que essa ?poca do ano pede. ? assim que elas e a f?brica para a qual trabalham conseguem manter a rotina, mesmo em ?pocas nas quais os term?metros de Juiz de Fora chegaram a marcar oito graus.

Nas vitrines, cal?a para tampar as pernas, blusa comprida, tampando a barriga. E dependendo de como est? o tempo l? fora, tem vendedora que se arrisca at? em lan?ar uma manga longa por ali. Tudo muito diferente das vitrines habituais do ramo, que insistem em lembrar como ? bom estar na beira da piscina ou do mar.

Frio muito frio. Essa ? a frase que mais se ouve nas ruas ou nas famosas conversas de elevador, que servem de par?metro para entender o assunto do momento. E se a esta??o mais gelada do ano chegou e s? promete cumprir seu papel cada vez mais ? risca, ? preciso que os empres?rios do setor usem a criatividade para sair da ?poca de queda inevit?vel nas vendas.

? com esse pensamento que muitas lojas de produtos de vendas mais sazonal correm atr?s dos "preju?zos", lan?ando novos produtos no mercado. Muitas delas, tamb?m deixam os dois produtos (do inverno e ver?o) sempre dispon?veis na loja, para que o cliente se fidelize com as duas possibilidades.

Moda sazonal

Denise Arbex Arantes ? um exemplo de empres?ria que aprendeu a se adaptar as grandes diferen?as no clima que o Brasil e principalmente a regi?o sudeste vivencia. Dona de uma f?brica de biqu?nis e acess?rios para o ver?o, ela investe na moda fitness durante o frio.

"? preciso entender o mercado e ter muito jogo de cintura, principalmente", destaca Denise. Ela afirma que n?o ? f?cil lidar com esse tipo de com?rcio, mas que pensando empresarialmente e buscando solu?es para a sazonalidade, ? poss?vel n?o viver ?pocas de "vacas magras".

Mas nem sempre foi assim. No setor ver?o h? mais de 20 anos, a empres?ria conta j? sofreu bem mais com a mudan?a de tempo. "N?o havia essa coisa de se usar roupa de academia na rua ou em outros lugares. A?, n?o era t?o f?cil assim trocar os produtos das vitrines e vender bem. No in?cio dos anos 90, por exemplo, a gente ganhava dinheiro no ver?o pra perder no inverno. Era sempre assim."

Hoje, ela investe no produto alternativo que virou moda e tem boa sa?da e tamb?m fica de olho nas exporta?es. Produtos n?o perec?veis de inverno, podem viver essa transa??o de mercado para render dinheiro. Enquanto ? inverno aqui, ? ver?o nos Estados Unidos, por exemplo. D?-lhe biqu?nis brasileiros nas mulheres da terra do Tio Sam. ? a sa?da...

Paladar de esta??o

Enquanto lojas de biqu?nis sofrem uma diminui??o nas vendas de at? 40%, as sorveterias da cidade t?m preju?zos ainda maiores. A venda desse produto t?o requisitado em ?pocas que os term?metros marcam n?meros altos, cai 70% durante o inverno.

E a? vem a j? contada hist?ria dos produtos alternativos. ? s? prestar aten??o nas fachadas de sorveterias da cidade para ter certeza: foram para a frente do balc?o os produtos mais quentinhos. Nos meses de junho e julho, o fundo da loja ? o lugar que restou para as del?cias geladas que s?o carros-chefes dos lucros dos sorveteiros.

Uma das sorveterias da cidade foi al?m. Usou a sazonalidade como aliada na hora de fazer lucros. Al?m dos salgadinhos e lanches, vendidos como segundos produtos da loja durante o ano, ? poss?vel comprar tamb?m produtos para festa junina na sorveteria.

Pamonha, canjica, caldo de feij?o. Esses s?o os novos produtos que a empres?ria do ramo de sorvetes, Tatiana Soares de Assis (foto), agora investe. Como ela mesmo destaca, ? preciso se adaptar ?s esta?es e comemora?es festivas do ano, para conseguir escapar das dificuldades do ramo que escolheu para trabalhar.

Tatiane tem uma sorveteria no Rio de Janeiro e comenta que os donos de sorveteria em Minas Gerais devem sofrer ainda mais com o mercado sazonal. Segundo Tatiana, nosso estado possui uma "cultura" de vincular sorvete com calor e que por esse motivo as vendas no estado nessa ?poca do ano s?o ainda menores quando comparadas com outros estados, por exemplo.

"Mineiro n?o toma sorvete no inverno, e se toma, sempre compra e brinca que est? ficando doido, maluco de tomar durante o frio. ?s vezes at? quando chove e o tempo fecha a gente tem dificuldade em vender", comenta a propriet?ria, afirmando que em pa?ses frios como a Su??a, por exemplo, se consome sorvete em todas as ?pocas do ano.

?poca de aproveitar
Para aquele consumidor que gosta de aproveitar as promo?es para fazer compras, uma dica dos empres?rios do com?rcio sazonal est? na compra de produtos fora da esta??o.

Os descontos nessa ?poca do ano s?o inevit?veis. Tanto porque os produtores querem dispor de estoque, quanto porque precisam incentivar seus consumidores para que o capital gire nas lojas. Nos dois ramos entrevistados os descontos de sorvetes e biqu?nis nessa ?poca do ano chegam h? 50%.

Ana Carolina Gomes e Gabriela Gomes (foto acima) s?o exemplos desse tipo de consumidor. N?o s? porque o sorvete que elas tomam saiu com um desconto de mais de R$1,50, mas tamb?m porque adoram a del?cia gelada. Elas afirmam que n?o se deixam levar pela impress?o de frio e tomam sorvete mesmo. Em qualquer ?poca do ano!