Armadilha contra o mosquito da dengue

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Armadilha contra o mosquito da dengue Aprenda a fazer uma mosquiteca e saiba como combater o mosquito da dengue. Crianças se empenha na campanha de conscientização



Renata Solano
*Colaboração
02/05/2008
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  • Conhecendo o papel da criança na sociedade, a comunidade acadêmica da Escola Municipal Elpídio Corrêa Farias, do bairro Borboleta organizou uma campanha de conscientização para os pequenos.

    Segundo a diretora da escola, Lídia Clemente Pereira de Oliveira, tudo começou quando ela estava assistindo ao programa da Ana Maria Braga. "O professor Maulori Cabral da UFRJ ensinou neste dia a preparar uma armadilha para os mosquitos transmissores da dengue. Fiquei interessada, mas uma semana depois, coincidentemente, recebi um e-mail com o passo-a-passo da mosquiteca", lembra.

    Lídia diz que naquele momento nasceu a idéia de preparar uma campanha para as crianças com a finalidade de aproximá-las da realidade do mundo ao redor delas. "Conversei com a coordenadora que gostou da idéia, então propomos aos professores um trabalho em equipe voltado para o assunto. Dessa forma, cada disciplina fez um tipo de trabalho com o intuito de ensinar sobre a doença para os alunos", comenta.

    Na disciplina de Língua Portuguesa, as crianças fizeram recortes de jornais e revistas sobre as reportagens e matérias que divulgavam alguma novidade sobre a epidemia. Em Ciências, eles conheceram melhor os sintomas da doença, em história e geografia, estudaram sobre o bairro onde estudam e moram e verificaram os principais pontos que o mosquito poderia reproduzir. Nas aulas de Educação Física treinaram dança e música que falam sobre a dengue para se apresentarem aos pais e, também, à comunidade. As aulas de artes foram dedicadas ao preparo da armadilha, a chamada mosquiteca e ao desenvolvimento de fantasias para a passeata que vão realizar.

    Objetivos maiores

    Com o foco voltado para fora da escola, a diretora desenvolveu, junto com os demais professores e com o apoio dos estudantes, uma campanha maior que englobasse toda a comunidade do bairro. "Não adianta somente ensinar para as crianças, é preciso conscientizar seus familiares e amigos, somente assim temos força nessa luta contra a dengue", comenta Lídia.

    Como a mosquiteca é feita com material descartável, através de bilhetes para os pais, a escola pediu que os responsáveis doassem garrafas pet vazias. "Recebemos muitas garrafas e cada uma delas está sendo transformada na armadilha. A participação dos pais no desenvolvimento dos filhos e no trabalho desenvolvido pela escola é muito importante, inclusive para essa campanha. No sábado, dia 26 de abril, eles vieram na escola e assistiram seus filhos numa apresentação de dança. As crianças estavam caracterizadas como mosquitos da dengue, cantaram, dançaram e aprenderam lições importantes para evitar o contágio", afirma.

    Cada pai recebeu um folheto explicativo sobre a dengue e ganhou uma armadilha para colocar em casa. "Além disso, a criança sabendo sobre o problema, se torna um fiscal dentro de casa e ajuda sempre sua família nos cuidados básicos para prevenir a proliferação do mosquito", descreve.

    Futuro

    Durante esta semana, toda a comunidade acadêmica vai se reunir e participar de uma passeata de conscientização da população. "Cada criança vestida de mosquito, cantando a música que aprenderam nas aulas de educação física vai levar para seus vizinhos o bom conselho. Os professores vão carregar uma placa advertindo sobre o mosquito. Além disso, vamos entregar e explicar o funcionamento da mosquiteca para cada pessoa", afirma Lídia.

    Cada dia da semana, uma região do bairro vai receber a visita dos alunos e professores da escola municipal. Com isso, o intuito dos dirigentes é fazer com que o bairro, que é cheio de possíveis focos para a proliferação do mosquito, fique imune ao ataque da dengue. "Vamos tentar ensinar o que sabemos para as pessoas que moram aqui. É importante fazer este trabalho para que cada um conheça o seu papel dentro da comunidade", comenta.

    Mosquiteca
    • Pegue uma garrafa PET de um litro e meio ou mais, corte a parte superior para fazer uma espécie de funil
    • Corte cerca de dez centímetros da garrafa, parte da base, lixe a parte interna do pedaço similar a um funil. O objetivo é deixar a superfície interna bem áspera em toda a sua extensão. A superfície fica enrugada e, com isso, a água sobe por capilaridade, aumentando a taxa de evaporação atraindo mais facilmente a fêmea do mosquito Aedes aegypti
    • Utilizando o "anel" parte da tampa da própria garrafa, faça um fechamento com um pedaço de tela dobrado, (não serve o tule de véu de noiva, pois o buraco é grande o suficiente para que o mosquito passe)
    • Coloque cinco grãos de arroz, ou de alpiste amassados, ou ainda ração para gatos dentro da parte inferior da garrafa
    • Vede as duas partes com fita isolante. Está pronta a armadilha para a fêmea do mosquito transmissor da dengue
    • Encha com água limpa até cerca de três centímetros da borda do funil. Complete a água à medida que a mesma for evaporando
    • Deixe a armadilha no quintal ou onde ficam os mosquitos. É necessário ser um local com sombra, pois as fêmeas do mosquito não gostam de sol
    • A fêmea do mosquito verifica onde está havendo evaporação da água para colocar os seus ovos. Os ovos descerão pelos buracos da tela e ficarão na parte inferior do recipiente. A tela serve de elemento de ligação entre as duas partes e não permite que as larvas passem para a parte superior do recipiente. A presença da barreira de tela é muito importante; se ela estiver rasgada ou destruída, ao invés de uma armadilha para o mosquito você irá fornecer um criatório para o mesmo
    • Periodicamente esvazie a parte inferior e mate as larvas com cloro. Verifique se a tela está bem firme e sem buracos e encha novamente a armadilha com água. Verifique a armadilha todos os dias

    *Renata Solano é estudante de Comunicação Social da UFJF