Feriados prolongados geram insatisfação no comércio de JF

Comerciantes contabilizaram perdas de até 50% durante as datas e temem que próximos feriados também impactem as vendas

Eduardo Maia
Repórter
28/04/2014
Comércio

A sequência de feriados prolongados ocasionada no primeiro semestre de 2014 tem gerado frustração aos comerciantes de Juiz de Fora, dada a queda nas vendas observada pelo "esvaziamento" na cidade. Proprietários de lojas de diversos segmentos e do setor de bares e restaurantes analisam com pessimismo os resultados do feriadão da Semana Santa e Tiradentes e temem que as próximas datas voltem impactar negativamente as vendas.

A situação se complicou porque a Semana Santa, como um feriado móvel, coincidiu com o feriado fixo do dia 21 de abril, Tiradentes. Com a proximidade do dia do Trabalhador, 1º de maio, e do dia 13 de junho, de Santo Antônio, teme-se que a população emende os dias de folga com o final de semana. "O comércio sentiu muito nestes dias. Foram praticamente quatro dias sem grandes resultados. Só o sábado não foi suficiente para recuperar a perda da sexta e da segunda. Mas era previsível, se nós tivéssemos o hábito de olhar o calendário do ano, teríamos a noção de como funcionarão os feriados", analisa o superintendente do Sindicomércio, Sérgio Costa de Paula.

Costa explica que, nestes feriados, o consumidor opta por programar viagens, o que impacta o comércio local. Para ele, apenas o Dia das Mães, considerado o segundo melhor período para vendas durante o ano, e o Dia dos Namorados podem mudar este cenário. "Depois do Natal, a data mais festejada pelo comércio varejista é o dia das mães. Eu acho que o faturamento vai crescer em torno de 8 a 9% em relação ao mesmo período do ano passado", estima.

O diretor executivo da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), Marcos Henrique Miranda, concorda. Segundo ele, a posição estratégica de Juiz de Fora, próxima aos litorais e zonas montanhosas, provoca a busca por lugares alternativos, fazendo com que as pessoas deixem a cidade nos feriados. "A cidade acaba se esvaziando. Os estudantes, por exemplo, na primeira oportunidade saem da cidade para visitar suas famílias. Os feriados acabam prejudicando neste sentido. Há casos que chegam a diminuir até 50% das vendas em relação ao período comum. Mas os feriados deste ano estão acabando e a expectativa é que no segundo semestre se recupere esta quebra no faturamento", observa.

Também no ramo de alimentos e bebidas, a proprietária de um bar no Jardim Glória, Rita de Cássia Vicente, garante que o empreendimento teve bons retornos durante o último feriado. "Na Semana Santa, foi um feriado muito bom, já que o nosso forte é bacalhau. No dia 21 de abril, também tivemos um movimento bom", observa. Já no ramo dos calçados, o gerente de uma loja na rua Halfeld, Robson Silva, afirma que houve impacto nas vendas. "As pessoas buscam viajar e voltam sem dinheiro, o comércio perde muito. Em termos de movimentação, houve uma redução entre 20 e 30%."

Copa do Mundo pode provocar novas perdas para alguns setores

A Copa do Mundo começa no dia 12 de junho e os lojistas já temem novas perdas no setor. "Os jogos do Brasil vão ocorrer durante o dia, normalmente no horário de expediente. Há um grande interesse das pessoas em acompanhar os jogos e isso vai fazer com que muitos deixem de ir ao mercado", prevê Costa.

Segundo o superintendente, apenas o comércio especializado, como o ramo de bebidas e alimentos, pode obter bons retornos no período. "As pessoas costumam reunir os amigos em casa, em um bar, ou numa lanchonete, o consumo dessa área com certeza vai ser maior. O comércio que vende produtos alusivos à Copa do Mundo também vai faturar antes da Copa e mais ainda se o Brasil tiver algumas vitórias."

Marcos Henrique afirma que a expectativa no setor de bares e restaurantes é alta em relação aos jogos. "Alguns bares vão transformar o seu espaço em camarotes para que as pessoas possam assistir aos jogos. Há uma articulação entre os empresários do Alto dos Passos, para fazer uma ação na rua, fechando o trânsito e colocando um telão. Eles estão em busca de apoio da Funalfa, secretaria de obras e secretaria de governo", revela.

Para o setor de calçados e vestuário, o fechamento das lojas, mesmo que somente no horário dos jogos, pode impactar. "Durante a Copa, eu acredito que se pararmos todos os dias de jogos, perderemos muito mais. O reflexo é grande pelo número de jogos que o Brasil pode disputar. O Brasil é o país da Copa e o povo vai se desligar para ver os jogos, principalmente da Seleção", conclui Robson.

Sérgio explica que, a princípio, não haverá funcionamento especial estabelecido em Convenção Coletiva pelo Sindicato do Comércio com o sindicatos dos trabalhadores. "Fica a critério de cada empresa. Se o dono achar que vale a pena manter as portas abertas para consumidores que não se envolvem com os jogos, tudo bem. Senão, vale a pena fechar as portas ou até colocar um televisor no balcão. O funcionário fica satisfeito e pode continuar a atender ao público", sugere.

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