Cust?dio Mattos pretende dar continuidade aos projetos iniciados

Por

Cust?dio Mattos pretende dar continuidade aos projetos iniciados

Candidato à reeleição, Custódio Mattos pretende dar continuidade aos projetos iniciados em 2008

A chapa também tem o mesmo vice, Eduardo de Freitas, que afirma que o papel do seu cargo é aconselhar o prefeito sobre os projetos e problemas da cidade

Andréa Moreira
Repórter
5/9/2012

Candidato à reeleição, Custódio Mattos, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), está no segundo mandato como prefeito de Juiz de Fora, pois antes já havia governado a cidade entre 1993 e 1996. Com 64 anos de idade, Mattos é advogado; mestre em Administração Pública, pela Fundação Getúlio Vargas; e mestre em Ciências Sociais, pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Além de ter exercido o cargo de chefe do Executivo em Juiz de Fora, ele também foi deputado estadual, deputado federal por três mandatos e secretário de Estado e Desenvolvimento Social de Minas Gerais.

O Portal ACESSA.com estipulou a ordem alfabética como parâmetro para as entrevistas com os candidatos à vaga do Executivo, mas devido à agenda, Custódio Mattos foi o quarto entrevistado, com previsão de publicação da matéria após os outros cinco candidatos. Entretanto, devido à solicitação de mudança na data de entrevistas com as duas candidatas que viriam na ordem, a publicação de Mattos foi antecipada para esta quarta-feira, 5 de setembro.

As perguntas feitas aos candidatos foram realizadas com base no caderno especial sobre eleições do Portal. Confira, abaixo, o bate-papo realizado com Custódio Mattos e com o candidato a vice-prefeito, Eduardo de Freitas. Assista, ainda, ao vídeo acima, gravado com Mattos.

Acessa.com - Qual é a sua proposta para melhorar a questão do transporte para a cidade? 

Mattos - Quando falamos em transporte, falamos em mobilidade, que envolve dois componentes: tornar as vias mais capazes de receber o trânsito em geral e também a qualidade do transporte coletivo. Portanto, se reeleito for, quero continuar com as mudanças que iniciei neste mandato. Sei que as obras na avenida Rio Branco causaram muita polêmica, que depois foi substituída por aprovação. Isso aconteceu porque nós tivemos como foco a melhoria do transporte coletivo e a segurança das pessoas. Quero continuar com a atenção dedicada à mobilidade. Começando do planejamento urbano, cujas leis serão rediscutidas para modernizá-las e torná-las mais funcionais. Temos prontos 32 projetos de interferência em pontos de estrangulamento de mobilidade, especialmente de transporte coletivo. Estes 32 projetos estão orçados em R$ 136 milhões, e já foram entregues ao PAC de Mobilidade Urbana.

Sobre o transporte público gostaria de ressaltar que nesta administração chegamos a fazer uma licitação, para fazer um plano de modernização do transporte coletivo, mas infelizmente até hoje o processo não foi liberado, embora o Ministério Público e a Primeira Turma do Tribunal tenha dado parecer a nosso favor. O que nos obriga a começar tudo de novo, da estaca zero. Pois é impossível discutir inovações no transporte coletivo, sem um plano que o oriente.

A primeira coisa a fazer, eu repito, é um plano que permita licitar e replanejar todo o sistema coletivo. Pois o que temos hoje é uma pequena evolução de um sistema que foi gerado na década de 1980.
Em segundo lugar, nós sabemos que este sistema precisa ser sempre melhorado. Mas temos que saber que o transporte coletivo é uma "vaquinha". O preço que as pessoas pagam é o resultado da divisão dos custos, pelo número de pessoas que usam o sistema. Então, temos que estar sempre de olho na qualidade e no preço. Pois se criar muitas facilidades, aumenta o custo e, com isso, afasta as pessoas mais carentes, que terão que andar a pé.

O investimento nos veículos também é muito importante, pois isso garante o conforto dos passageiros. A frota de Juiz de Fora tem idade média de menos de quatro anos. Implantei uma pesquisa no início deste ano e pretendo prosseguir. O trabalho consiste em verificar quais linhas estão com mais acúmulo de passageiros, durante as horas de pico. Pretendo implantar o GPS nos ônibus, pois isso vai permitir um controle mais rigoroso deste estudo.

Acessa.com - O que você pensa da implantação do sistema troncalizado? Haveria essa possibilidade?

Mattos - O sistema troncalizado é uma alternativa técnica de melhoria do transporte coletivo. Quando este sistema foi implantado na cidade, foi uma iniciativa isolada sem um plano sistemático que encaixasse essa iniciativa com outras. Como não havia um plano e foi implantado de maneira intempestiva desgastou esta ideia e temos que ter consciência que tudo que envolve transporte público tem que ter a participação popular. Então, para julgarmos se esse sistema é o melhor para a cidade temos que levar muitas coisas em conta, como o conforto do passageiro, o impacto no custo da tarifa e o tempo da viagem.

Acessa.com - Juiz de Fora conta com projetos de implantação de ciclovias, principalmente na região Norte. Seria uma solução para o problema do trânsito?

Mattos - Eu não acho que as ciclovias sejam a solução para uma cidade com a topografia de Juiz de Fora. Quem vende essa ideia, vende uma ilusão. Claro que o uso da bicicleta como meio de transporte é saudável e vital para a cidade.

Por isso, temos um projeto executivo de engenharia de ciclovia a partir do 25º Batalhão da Polícia Militar até no Distrito Industrial, orçado em mais ou menos R$ 2 milhões. Também temos a intenção de implantar uma ciclovia na Cidade Alta e uma ciclovia ou cliclofaixa em um trecho da avenida Brasil. Lembrando que, a ciclovia tem que ser segmentada, com largura mínima e sinalização específica.

Acessa.com - O que falta para a melhoria da educação na cidade?

 Mattos - Primeiro, quero continuar no mesmo caminho que estamos trilhando desde o início da administração, que é investir na melhoria da qualidade da alfabetização. Pois a criança que não se alfabetiza até os 8 anos, vai carregar este déficit pelo resto da vida. Nossa segunda prioridade é a educação infantil. Resumindo a proposta, é a universalização do acesso à educação infantil.

Mas o projeto que quero ampliar é a atenção dedicada aos alunos do sexto ano. Um problema que todo o país enfrenta e que conseguimos, através da implantação de uma escola direcionada para esse público, diminuir o afastamento e a repetência neste período. Me orgulho deste projeto, pois me chamaram de louco, quando falei em juntar 300 adolescentes. E depois de três anos vimos a primeira turma formar. E para melhorar ainda mais pretendo construir uma sede própria para atender esses alunos, na área central, oferecendo mais conforto e qualidade para os professores e alunos.

Acessa.com - O baixo salário dos professores e profissionais da educação é apontado como um dos principais problemas. Qual seria uma possível solução para esse impasse?

Mattos - Nossa jornada de trabalho é a menor do Brasil, com 20 horas semanais, sendo 15 em sala de aula. Sabemos que temos uma remuneração muito longe do que gostaríamos, mas é bastante adequada para os padrões brasileiros e para o mercado de Juiz de Fora. E quero ressaltar que nunca deixamos de pagar o piso. Houve um aumento recente de 16% do piso, e mesmo depois deste aumento, continuamos pagando mais que o piso.

Acessa.com - Como fazer da cidade um polo integrado de desenvolvimento econômico? Visto que temos, por exemplo, o Expominas, distante e com infraestrutura precária?

Mattos - O Expominas tem uma estrutura excelente, mas sei que ele é isolado. A minha proposta é fazer uma negociação, que já está iniciada, para fazermos a municipalização do Expominas. Estamos vendo a questão de custo. Pois se municipalizarmos o Expominas, vamos tornar a gestão mais próxima da nossa realidade e ter estímulos para a sua utilização mais intensiva. Mas sobre o acesso, temos assegurado um acesso interno pela região do São Pedro até o Alphaville. Daí, nós iremos projetar um acesso por dentro, a partir do Alphaville até o Expominas, de maneira que as pessoas não precisem ir até a BR-040 para ter acesso ao local.

Já em relação ao desenvolvimento, a melhor projeção para o futuro é o que nós já conseguimos. Juiz de Fora hoje é uma das cidades com maior dinamismo econômico do país, depois de ficar estagnada por décadas. A última estatística que foi publicada de geração de emprego e renda na cidade mostra que nós estamos com um crescimento industrial de 11%, e um crescimento de emprego na área da indústria de 16%. Geramos cerca de 10 mil empregos, e desses 4 mil foram para jovens, no primeiro emprego.

Acessa.com - Como explorar a possibilidade de crescimento do comércio para além da área central? Temos casos de bairros que desenvolvem essa atividade, como São Mateus, Benfica e Manoel Honório, mas que já registram fechamentos devido à falta de segurança e ao preço elevado dos alugueis, por exemplo.

Mattos - É preciso definir bem o papel da prefeitura, no que diz respeito à infraestrutura urbana e na geração de mecanismos urbanos nestes centros descentralizados. Mas, quem decide valor de aluguel, a instalação deste ou daquele segmento econômico nos bairros é o mercado e os empreendedores. Citando o centro comercial de Benfica, ressalto que o crescimento daquela região se deve a um conjunto de investimentos privados, os quais foram induzidos pela Prefeitura. Então, quando asfaltamos uma rua, iluminamos uma praça, fazemos com que o empreendedor se interesse em investir naquela área. Sobre o aumento dos alugueis, também não é a Prefeitura quem decide, mas sim, o mercado. A segurança também é um ponto importantíssimo, por isso fizemos um planejamento de segurança junto com a Polícia Militar, aumentando assim, a segurança das pessoas.

Acessa.com - A saúde é apontada como um dos principais problemas da cidade. Qual é a visão do senhor a respeito deste segmento?

Mattos - A saúde é apontada com um dos principais problemas em Juiz de Fora, assim com em todo o Brasil. Pois nós temos um programa nacional de financiamento insuficiente, centralizado no Sistema Único de Saúde [SUS], com evidente descompasso entre a disponibilidade de recursos e a evolução dos custos. Primeiro porque mais pessoas estão demandando atendimentos, segundo porque os custos e demandas são crescentes. Na verdade, o governo federal, não esse especificamente, atribuiu um papel de assistência aos municípios sem o acompanhamento devido dos recursos. Na minha administração, a participação da saúde passou de pouco mais de 22% para 30%, o que mostra o esforço que estamos fazendo neste descompasso dos recursos. Infelizmente, não podemos ultrapassar essa porcentagem, pois iríamos prejudicar outros setores.

Especificamente para o próximo governo, pretendemos ampliar a Regional Leste, transformando-a em uma UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Também pretendemos construir mais uma UPA na região do Manoel Honório. E vamos ampliar o sistema do Siga Saúde, que é um sistema informatizado de marcação de consultas e gestão das unidades, o qual acabou com as filas. Hoje ele está implantado em 13 unidades e pretendemos chegar a 30 unidades até o final desta gestão, chegando à totalidade de 59, no próximo mandato.

O salário de profissionais da saúde é apontado como um problema, que acaba desencadeando outros. O que pode ser feito?

Mattos - A perda de médicos para outras cidades é pouco relevante. O que é relevante é a perda de médicos para outras atividades na própria cidade. Os plantonistas de urgência e emergência do município ganham o mesmo que o profissional de mercado ganha. Temos um problema de remuneração dos médicos do Programa de Saúde da Família (PSF). Mas eu criei, com o apoio da Câmara de Vereadores, a carreira do médico do PSF. Em 2009, um médico do PSF ganhava R$ 5.297, hoje o valor chega a R$ 7.866. Acredito que, ainda, não seja suficiente, mas com a perspectiva de carreira e estabilidade temos a expectativa de atrair profissionais que gostam de trabalhar no setor público.

Para o próximo mandado quero resolver o problema das especializações, cuja proposta é investir em consultas e exames especializados.

Acessa.com - Quais seriam as medidas necessárias para a melhoria da segurança em Juiz de Fora?

Mattos - Temos que separar o papel do município, com o papel de repressão e policiamento, que é função do Estado e do governo federal. A Prefeitura não tem competência para policiamento ostensivo e nem para polícia investigativa.

Temos dois campos de prioridade. O primeiro é prevenção e o segundo é parceria. As duas coisas estão unidas neste governo com o programa Ambientes da Paz, que parte de um diagnóstico da polícia das áreas prioritárias de investimento. Investimos em infraestrutura urbana e social, além do apoio à polícia. Já no projeto Curumim, que hoje atende crianças de 7 a 13 anos, queremos implantar uma jornada estendida para jovens de até 17 anos.

Também vamos continuar as obras de aumento da iluminação e construção de praças. Pois isso faz com que as pessoas sintam a presença do poder público, aumentando assim, a autoestima delas e a sensação de segurança. E, ainda, quero na próxima gestão, reforçar essa parceria mais institucionalmente e iniciativas de prevenção e apoio ao trabalho da polícia, tanto nas regiões tidas como prioritárias, quanto nas áreas comerciais, da região central e periféricas.

O conselheiro

Eduardo de Freitas compõe, novamente, a chapa do PSDB, como vice-prefeito. Médico, Freitas já exerceu quatro mandatos como vereador de Juiz de Fora, presidindo a Câmara entre 1997 e 1998. Em entrevista ao Portal ACESSA.com, Freitas afirma acreditar que o trabalho do vice é de aconselhamento nos problemas e projetos da Prefeitura. "Tenho orgulho de ter ocupado este cargo por quatro anos, por isso, disputo novamente esta vaga. Durante este período fui um conselheiro do Custódio, principalmente na área da saúde, pois vivencio diariamente os problemas desta área."

Os textos são revisados por Mariana Benicá

Internautas dão suas opiniões*

Parabéns Sr. Prefeito. Sua visão é clara e realista dos problemas da cidade. Acho que descentralizar a administração será um grande passo no futuro.

Marcelo Reis


* Os textos foram enviados por internautas, reproduzidos da forma como foram grafados e são de sua
total responsabilidade, não expressando, necessariamente, a opinião da equipe ACESSA.com