Eterno enquanto dure...

Eterno enquanto dure... Casais optam pelo div?rcio e preservam a amizade
e o respeito conquistados durante o casamento

Os jornalistas Anibal Pinto e Regina Quaglio (fotos abaixo) foram casados durante 18 anos. Com o degaste do relacionamento optaram pelo div?rcio, como uma forma de manter os la?os de amizade e respeito entre eles.

H? dois anos vivem separados, contudo possuem uma conviv?ncia harmoniosa e, inclusive, trabalham juntos.

Essa realidade ? cada vez mais comum entre os casais brasileiros, segundo a pesquisa de Registro Civil 2002 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE).

S? em Minas Gerais, foram totalizados 9.122 dos chamados div?rcios consensuais (aqueles em que h? concord?ncia de ambas as partes), em contrapartida aos 5.129 dos n?o consensuais. Veja tabela a seguir.

O n?mero de dissolu?es de casamentos tamb?m vem engrossando, seja por separa??o judicial ou por div?rcio. Em todo o Brasil, foram 87.885 separa?es em 1993 e 103.452, em 2003. J? o n?mero de div?rcios passou de 94.896 para 138.520, nesse mesmo per?odo.

Anibal (foto ao lado) acredita que o aumento dos n?meros ? resultado de uma mudan?a de comportamento: "Antes o compromisso era formal, convencional e at? envolvia quest?es sociais, tais como o preconceito. Atualmente, a rela??o ? pautada pelo emocional."

No estado de Minas, as estat?sticas provaram ao contr?rio, no per?odo de 2001 para 2002. Foram 14.321 div?rcios em 2001, enquanto que, no ano seguinte, houve uma ligeira queda: 14.260.

Donas do Jogo

A pesquisa de 2003 revela tamb?m que, em todo o Brasil, 72% dos pedidos de separa??o s?o feitos pelas mulheres. A terapeuta familiar, Ana Stuart (foto ao lado), atribui essa raz?o ? independ?ncia feminina. "Elas estudam, trabalham e est?o sempre atualizadas. N?o t?m mais medo de ficarem sozinhas, n?o precisam de um patr?o, mas de um companheiro", diz.

Segundo Ana, os pedidos de dissolu??o s?o feitos pelas mulheres quando h? um desgaste do casamento e a esposa n?o consegue enxergar o c?njuge como homem. "Eles tornam-se parentes", atesta. Entre outras raz?es para a decis?o feminina, ela cita o alcoolismo e a depend?ncia qu?mica. "H? uma grande incid?ncia desses casos e a mulher n?o se sente mais obrigada a tolerar essa situa??o. Ela procura um ambiente de paz para os filhos."

J? os homens preferem manter a rela??o, mesmo que as coisas n?o andem muito bem. Ana explica que, em geral, a decis?o parte deles quando a companheira permanece em um estado de stress muito elevado e transmite sua frusta??o para o marido. "Eles encontram fora de suas casas mulheres com uma boa auto-estima e passam a se interessar por elas", diz.

Os filhos

As mulheres s?o ainda as detentoras da guarda dos filhos. O IBGE atesta que, em 90% dos casos, as crian?as ficam com elas. Foi o que aconteceu com Regina (foto ao lado), no momento da separa??o. "Foi uma decis?o quase que natural. Conversamos muito com os meninos e eles optaram por ficar comigo", diz. Durante este processo, a jornalista contou com a ajuda do ex-marido que, inclusive, prolongou a estadia em sua casa para a adapta??o dos filhos.

O caminho inverso aconteceu com a fam?lia do Juiz de Direito Francisco Jos? da Silva. No primeiro momento do div?rcio, a guarda dos tr?s filhos foi concedida ? m?e, no entanto, alguns problemas levaram o juiz a pedir um acordo na justi?a. A partir de ent?o, a guarda foi dada a ele. "Acredito que a guarda compartilhada ? ideal, nos casos onde h? um bom relacionamento entre os pais. Ainda n?o ? um procedimento legal, ela s? ? feita de comum acordo, mas h? um projeto de lei para isso".

Por dentro da lei

Fonte: IBGE

*Renata Cristina ? estudante de Comunica??o Social da UFJF