
Júlio César Rodrigues Locutor juizforano de rodeio faz sucesso nas arenas do Brasil e na Festa Country de Juiz de Fora
Repórter
20/05/2006
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Em festa de rodeio não tem só "cowboy, boadeiro e mulher pra todo lado" como diz a letra da música de Leandro e Leonardo. Se não houver um bom locutor para guiar os acontecimentos na arena, o espetáculo fica incompleto. É ele quem anima a platéia e chama as atrações da forma mais inusitada. Uma palavra errada pode colocar tudo a perder.
Que o diga o locutor Júlio César Rodrigues, natural de Juiz de Fora, mas com sotaque do interior paulista. "Se errar, é vaia na certa", diz.
Há sete anos, Júlio apostou na carreira de locutor, e há três está na Companhia de Rodeio Tony Nascimento, uma das mais
conhecidas em todo Brasil. Mas nada foi tão fácil comoalguns podem imaginar. De
entregador de jornal para locutor, houve uma estrada a ser percorrida
que, para Júlio, valeu demais. "Eu faço o que eu gosto".
Tudo começou quando Júlio resolveu arriscar nas montarias de rodeio, em Juiz de Fora. "Tinha uma pequena companhia e fui pra lá tentar alguma coisa", explica. Montou durante um tempo, mas percebeu que aquele não era o ramo certo.
Até que um dia, em Matias Barbosa... "Um locutor faltou e me perguntaram se eu não poderia substituir e aceitei. Foi uma surpresa". E que surpresa! Logo de cara, Júlio cometeu uma gafe. "Comecei a falar: 'Eu quero convidar a comitiva... Aí, já fui vaiado, porque o certo é comissão", relembra aos risos.
Isso não foi motivo para desistência, "em nenhum momento". Todas as vezes
que a Companhia de Tony Nascimento vinha se apresentar em Juiz de Fora, por
exemplo, Júlio pedia uma chance para fazer um pouco da locução do rodeio. "Ficava
atrás do Tony o tempo inteiro".
Em busca do seu sonho, Júlio saiu de Juiz de Fora para tentar a vida no sul de Minas, em Cambuí. "Eu e o meu sonoplasta [atualmente], o Vítor, fomos juntos. Passamos frio, fome. A gente estava num lugar onde não conhecia ninguém".
As locuções de rodeio começaram a ficar mais freqüentes e outra mudança aconteceu na vida de Júlio. Dessa vez, ele resolveu ir para uma cidade de São Paulo, divisa com o Mato Grosso do Sul. "Foi lá que conheci o Gene [Fireball]", conta.
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Gene Fireball e Júlio | Júlio e os peões na arena |
Gene Fireball é um americano que mora no Brasil, há 18 anos, e faz apresentações de motocross, em um mix de acrobacias, show pirotécnico e música. "Já tenho quatro CDs gravados e vou partir para o terceiro. Quando cheguei ao Brasil, ninguém usava fogo, ninguém cantava no rodeio", comenta.
Ao ser perguntado sobre Júlio Rodrigues, ele diz que o considera como um amigo e irmão. "Ele tem uma ótima locução, sabe tocar o rodeio. É uma pessoa humilde, bacana", diz Gene Fireball, ainda com sotaque americano carregado.
A chance que Júlio tanto esperava, para mostrar seu talento, chegou em um rodeio em Campo Grande. "Era final de rodeio e fiquei sabendo que o Tony queria falar comigo. Fui para o Rio de Janeiro, na sede da Companhia, em Cardoso Moreira e estou lá até hoje", há três anos.
Técnica de locutor

Para Júlio, ter montado em rodeio antes de ser locutor ajudou bastante. "Você sabe a dificuldade do peão".
A receptividade do público juizforano é um ponto de destaque. "Na pesquisa da Confederação Nacional de Rodeios, o povo de Juiz de Fora foi considerado o mais animado em Minas", revela. "Por ser uma cidade universitária, que foge do padrão do público que vai a rodeios, é impressionante como as pessoas gostam".
Ele brinca, mas também pede proteção à Nossa Senhora Aparecida para os peões e convoca o patriotismo ao andar no meio da bandeira brasileira desenhada na areia com fogo. "Falar com o coração" também ajuda na hora de conversar com o público.