Paulo Motta
Transpira??o e cria??o musical
formatadas nas novas tecnologias
Rep?rter
05/10/2006
No dicion?rio, a palavra artista quer dizer "pessoa que revela sentimento art?stico". No caso de Paulo Motta (foto), juizforano de cora??o e de mais de 30 anos dedicados ? cidade, esse sentimento fica aflorado e ? flor da pele. ? s? conversar com ele por mais de dez minutos para se render ?s id?ias, pensamentos, indaga?es, express?es e formas de cria??o de algu?m que n?o gosta de nada tradicional.
"Eu me dedido e me encanto ?s coisas que ningu?m conhece ou domina", assim mesmo ele define sua paix?o pelas diferentes manifesta?es art?sticas que a m?sica pode oferecer. E foi na busca dessa diferen?a que ele "correu" do piano e das aulas de m?sica erudita da irm? para se dedicar ao estudo de um livro, no in?cio da d?cada de 80 que, segundo ele, mudou o curso da sua vida.
O livro citado por Paulo ? o "Guia para M?sica Eletr?nica". Foi a partir dessa leitura que ele resolveu se envolver com o assunto, procurar compositores do g?nero e desenvolver trabalhos que complementassem o sabor da sua nova paix?o.
? importante salientar que a m?sica eletr?nica que Paulo se apaixonou e cita, n?o ? a m?sica pop de boate tal qual conhecemos hoje. Segundo ele, esse tipo de m?sica tem seu valor e sua est?tica pr?pria, mas ? um subproduto da m?sica eletr?nica que ele se refere. A m?sica eletr?nica "de Paulo" ? aquela que ? transformada e criada, atrav?s das potencialidades da tecnologia, ou seja, fazer esse tipo de m?sica, ? usar a eletr?nica na hora da composi??o.
"A m?sica como o rock, a MPB possuem certas limita?es. J? existe uma estrutura que os m?sicos ou compositores devem seguir. A m?sica eletr?nica n?o, ela ? cria??o. Ela n?o rompe com a m?sica tradicional, ela ? a evolu??o dessa m?sica", diz.
Certamente, h? quem concorde e quem tamb?m discorde do assunto. Como ele mesmo comentou, h? muitas pessoas que, acostumadas com a defini??o de que m?sico ? quem executa um instrumento ou comp?e para instrumentos tradicionais, n?o gosta do tipo de trabalho que ele faz. Mas Paulo tamb?m teve seus dias de "tradicionalismo" musical...
No in?cio dos anos 80, ele e um grupo de amigos montaram a banda Uavisiliu (foto acima), representativa no cen?rio juizforano da m?sica dos anos 80. Nessa ?poca, ele se dedicava a instrumentos de percuss?o, compunha e tocava piano.
Mas apesar de hoje em dia o artista n?o se dedicar ? execu??o dos instrumentos, ele n?o deixa de lembrar: "as pessoas t?m que compreender que ao executar, por exemplo, sons de instrumentos tradicionais no teclado - eletronicamente - eu preciso entender como ? que se toca aquele instrumento. N?o adianta tocar uma guitarra no teclado, se eu tocar como se toca um teclado. N?o vai ficar bom", ressalta.Trabalho que n?o p?ra
Desde a descoberta da m?sica eletr?nica, Paulo n?o parou mais de trabalhar e aprender sobre o assunto. Conforme ele mesmo descreve n?o h? marca?es temporais para seu trabalho. Ele afirma que nunca parou e que desde 1983 cria "esse tipo de m?sica que n?o tem defini??o nem limite".Mas, nesse cen?rio de artista independente e de estudos paralelos, Paulo tamb?m tem seus momentos de explos?o criativa que v?o al?m das pesquisas dos processos de composi??o e intera??o com os novos meios tecnol?gicos: um destaque est? na realiza??o de duas Mostras Internacionais de M?sica Eletroac?stica em Juiz de Fora.
O evento, re?ne nomes internacionais do g?nero, e j? vai para a sua 3? edi??o. A expectativa ? a de que a pr?xima mostra aconte?a no final do ano e re?na, novamente, nomes consagrados desse novo universo musical de est?ticas e crit?rios novos.
Quer outro exemplo concreto da explos?o criativa de Paulo? Um trabalho que re?ne as vozes de nomes da literatura juizforana como Fernando Fiorese, Edmilson de Almeida e Iacyr Anderson num reprocessamento de fonemas e voc?bulos e que virou... m?sica eletr?nica.
Os CD?s de Paulo
Um pouco das pesquisas de Paulo Motta foi transferido para a materialidade de dois CD?s, lan?ados com o apoio cultural da Funalfa. O primeiro deles, de 1997, tem como objetivo, como Paulo mesmo define, "descobrir como ? que uma m?sica escrita para instrumentos tradicionais ficaria com sons eletr?nicos, samplers, entre outras novidades tecnol?gicas".
Para isso, Paulo escreveu em partituras como ? que seriam tocados todos os instrumentos. Depois gravou tudo isso lendo as partituras e tocando os sons no teclado. O disco, ? composto por tr?s faixas, todas elas com mais de 15 minutos, que s?o corridas e trazem "momentos" musicais diferenciados.
Para o primeiro CD, Paulo tamb?m se encarregou de cuidar de outros aspectos para o lan?amento: foi ele quem fez as fotos da capa, diagramou o resultado, comp?s tudo e gravou. S? sobrou para o est?dio fazer a remasteriza??o.
O segundo trabalho veio durante a conclus?o da gradua??o em Filosofia. Paulo queria provar (e experimentar) como ? que uma ci?ncia como a geografia e a cartografia poderia servir na hora da composi??o de m?sicas. E foi nessa mesma ?poca que ele lan?ou a semente da m?sica cartogr?fica.
A m?sica cartogr?fica, proposta de Paulo Motta, prev? que as partituras das m?sicas sejam realizadas a partir do perfil topogr?fico de algum relevo que queira ser mapeado e demonstrado. A partir da cartografia, a partitura vai sendo determinada por sons mais agudos, graves ou m?dios.
Outra experi?ncia dessa musicalidade cartogr?fica ? a experi?ncia de Paulo em captar sons do ambiente espacial que ele quer retratar e transformar a "mistura" que tudo que se ouviu em uma m?sica. Para justificar mais ainda que o que ele faz ? arte Paulo complementa: "e na hora de criar um som de um guarda apitando no Parque Halfeld, ainda h? um processo de cria??o de um signo. Eu crio o som que quero que expresse algo".
Para saber mais sobre o trabalho de Paulo Motta e conhecer mais sobre seu pensamento musical e express?o sonora a partir da novas tecnologias, conhe?a a p?gina pessoal do artista
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