Natálio Luz Aos 76 anos, ator e artista plástico tem vida profissional ativa. O segredo da longevidade ele conta: ter prazer no que se faz
Repórter
19/03/2008
O imigrante italiano, Natálio Luz, veio para o Brasil aos três anos de idade, com a mãe e uma irmã. A família resolveu se instalar no Rio de Janeiro, onde já moravam alguns parentes. Lá viveu a infância e a juventude. Também foi na cidade maravilhosa que começava a sua descoberta para a vocação das artes.
"Estudava no Colégio José Álvaro, em Vila Isabel, e todo final de ano letivo eram
promovidos eventos comemorativos. Havia teatros, sarais de poesia e shows musicais.
Tinha uma professora de História da Arte que sempre me convidava para participar
das festividades e foi ela quem me mostrou o que era tubo de tinta óleo"
, conta.
Nessa época, Natálio já trabalhava como office boy de uma empresa de despacho, que
ficava em frente à Rádio Mayrink Veiga. "Comecei a conhecer o centro da capital
carioca todo. Fiquei encantado com Teatro e a Biblioteca Municipal e a Cinelândia.
No Teatro Municipal existia um programa chamado Concertos para Juventude, que freqüentava
sem ser da "claque" pessoas pagas para aplaudir o espetáculo) e foi onde fiz muitos
contato"
, lembra.
Entretanto, não foi a coincidência de trabalhar próximo à rádio e nem as idas ao
Teatro que marcaram o seu ingresso para a TV, rádio e teatro. Foi a participação
no concurso para novos atores, nos anos 50, em que concorreu com 300 candidatos e
ganhou o primeiro lugar. "Fiz a imitação de Rodolfo Maia, grande ator de "As mãos
de Eurídice", de Pedro Bloch"
.
A partir do concurso, começou a trabalhar como ator e rádio-ator, no elenco dos novos
profissionais da Rádio Tupi e também atuou no teatro. Depois da temporada de quatro
peças foi convidado para excursionar pelo norte do estado do Rio de Janeiro, Espírito
Santo e Minas Gerais com um espetáculo, cujo grupo brigou e se desfez em Muriaé.
Como a irmã morava em Juiz de Fora, veio para a cidade. "Estava desempregado, com
vontade de largar o teatro de lado. Andando pela rua Braz Bernardino, vi um senhor
vendendo uma tenda com quitandas, eu a comprei e voltei a trabalhar. Outra vez uma
coincidência, a localização era em frente à Rádio Industrial. Os profissionais estavam
lançando o rádio teatro e fui convidado para fazer um teste. Como já tinha experiência,
consegui o papel principal"
.
A carreira de Natálio se deslanchou, sendo marcada pelo sucesso. Chegou a dividir
palco com grandes atores, como Fernanda Montenegro e Mário Costa (o Costinha) e a
fazer cinema. Protagonizou três longa-metragens, sendo que em "Labirinto de Pedra"
interpretou Pedro Nava, além de oito curtas. O vasto currículo ainda não parou de ser traçado,
pois, aos 76 anos, continua atuando e escrevendo para peças teatrais. "Para estar
ativo é só fazer com amor aquilo que dá prazer"
.
Casado, pai de três filhos e avô de seis netos, o artista revela o seu verdadeiro
nome: Natalia Chianello. "No teatro disseram que não ficaria bom este nome, porque,
no Brasil, Natalia era considerado um nome feminino e Chianello poderia ser confundido
com chinelo. Então, colocaram Natálio, no masculino, e Luz veio do político Carlos Luz,
que assumiu a presidência do país na saída de Vargas por uns dias, e assim ficou:
Natálio Luz"
.
Pintura: um hobby



A pintura na vida de Natálio sempre esteve presente, mas como um hobby. "Pinto desde
a minha infância, foi a minha primeira manifestação na arte"
.
Já realizou várias exposições, e a inspiração para as obras ele diz que vem do dia-a-dia
"Considero-me um pintor realista, gosto de pintar aquilo que vejo"
, revela.
A pintura mais recentemente é o seu auto-retrato (figura no centro). Olhando-se no espelho, pintou sua fisionomia através do reflexo de sua imagem.