S?mea Kemil Com a mineiridade na pele, artista pl?stica se profissionalizou em Juiz de Fora e considera a cidade sua verdadeira terra

Marinella Souza
Colabora??o*
02/05/2008

A artista pl?stica S?mea Kemil (foto abaixo) passou a vida entre as cidades de Minas Gerais e traz suas ra?zes para o seu trabalho. Nascida em Ewbanck da C?mara e criada em Barbacena, S?mea veio para Juiz de Fora quando os filhos j? estavam crescidos com o intuito de que eles fizessem uma faculdade, mas quem acabou ingressando na vida acad?mica foi ela mesma. "Eu sempre gostei de desenho, mas casei cedo, logo vieram os filhos e n?o tive oportunidade de desenvolver essa arte. Com eles criados, pude fazer a o curso de Artes e trabalhar essa quest?o", conta.

Embora morando fora da cidade h? seis anos, S?mea tem uma rela??o de amor com Juiz de Fora porque foi aqui que se profissionalizou e conseguiu suporte para alcan?ar reconhecimento. Ela n?o gosta de se apresentar pelos cursos que fez, mas admite que ter feito uma universidade federal, que est? entre as melhores do pa?s, lhe abriu algumas portas. S?mea participou de muitos Festivais de Inverno promovidos por universidades, ministrando cursos em Belo Horizonte, Ouro Preto, Diamantina.

Para S?mea, ? muito importante que os moradores da cidade conhe?am seus artistas porque Juiz de Fora possui m?ltiplos talentos desconhecidos do grande p?blico. "? uma pena que os artistas daqui tenham que primeiro serem reconhecidos fora da cidade para depois terem algum valor aqui dentro. As pessoas t?m que valorizar o que ? da terra. J? disse algu?m que a arte ? o que fica da civiliza??o, ? o que tem valor e permanece, por isso ter um espa?o especial em todos os lugares", comenta.

foto obra de S?mea Mergulhada no abstrato por 20 anos, a artista se justifica dizendo que esse estilo lhe falava mais alto porque ele passa uma mensagem sem precisar se prender a modelo algum. Essa liberdade causa estranhamento nas pessoas que querem sempre encontrar formas pr?-estabelecidas em obras abstratas. "As pessoas t?m que educar o olhar para entender e gostar do abstrato. N?o adianta ficar procurando imagens comuns, par?metros de compara??o em uma obra dessas porque eles n?o existem", explica.

Apesar de apaixonada pela livre magia do abstrato, S?mea define esse processo como sofrido porque exige infinitos questionamentos antes de se alcan?ar o resultado final. "Voc? tem que se perguntar o tempo todo: esse ? o formato ideal?, ? a textura adequada?, a tonalidade certa? a extens?o exata da cor? As pessoas pensam que ? s? jogar qualquer coisa na tela e dizer que ? abstrato, mas n?o ?. Envolve um trabalho s?rio e muito sofrido". Em uma nova fase, S?mea optou por buscas novas mat?rias-primas para realizar seu trabalho.

Novos materiais

Na faculdade, S?mea foi aluna de nomes como Arlindo Daibert e Leonino Le?o, que lhe apresentaram uma outra vis?o sobre a arte. "Eles me ensinaram a possibilidade de investiga??o na arte, buscando olhar as coisas com um novo olhar". Durante sua fase abstrata, esse conhecimento ficou guardado e a artista explorou todas as potencialidades da tinta acr?lica, depois disso, ela come?ou a buscar novos materiais para desenvolver suas obras.

Em 2002, ela se mudou para Campo Belo, tamb?m em Minas Gerais, onde come?ou uma s?ria investiga??o sobre o papel. "O artista precisa precisa repensar sua arte de vez em quando, foi o que fiz. Nessa ?poca, eu estava muito tocada pela quest?o ambiental de preserva??o ecol?gica, por isso surgiu o interesse pelo papel que me permite muitas possibilidades". Com o papel mach?, S?mea come?ou a trabalhar motivos florais que jamais estiveram presentes no seu trabalho e desenvolveu um trabalho escultural que lhe emociona e lhe completa.

foto de travessa verde feita de papel mach? "Esse trabalho foi uma grande descoberta desde o in?cio. Primeiro pela quest?o do papel que nunca tinha sido usado nas artes pl?sticas, depois pela quest?o das flores. Meu trabalho sempre foi abstrato, foi um processo longo at? chegar nesse projeto: primeiro eu usei um plano, com a madeira como suporte e percebi que daria para fazer quadros utilizando aqueles materiais e assim, foi. O artista sempre quer usar o que descobriu em novas possibilidades, novos suportes", comenta.

S?mea acredita que as flores s?o fruto da influ?ncia do meio. "Uma vez me disseram que Campo Belo lembrava flor, isso ficou na minha cabe?a e acabou resultando nessa exposi??o. O meio interage muito com o artista, a arte sempre lembra o lugar em que est?", diz. Al?m do meio, a artista acredita nas experi?ncias pessoais como influ?ncias relevantes no processo art?stico. Segundo ela, o artista passa por diversas fases e as modifica?es que cada experi?ncia causa no ser humano se reflete na arte que ele produz.

Al?m do papel, a artista se utilizou e terra e p? de min?rio em seu trabalho mais recente, deixando a marca de suas ra?zes mineiras, do Barroco, da mineiridade que traz na alma. "Tem muito de Minas nessas esculturas e quadros. Senti um prazer muito grande por ter produzido uma coisa bonita porque o homem est? precisando disso. J? disse algu?m que a beleza ? necess?ria ? vida", revela. Para S?mea, a exposi??o "Carinhos de Minas" ? uma evolu??o do seu trabalho, resultado de mais de 20 anos de aprendizado.

*Marinella ? estundate de Comunica??o da UFJF