O reggae como instrumento de mudança
Ludmila Gusman
12/06/02
Fazer da música um instrumento de transformação para a sociedade e expressar
nas canções a consciência crítica. É esse o objetivo da banda de reggae
Rama Ruana, formada exclusivamente por jovens juizforanos. O grupo
eclético composto por estudantes de direito, economia, turismo, professor de
capoeira e alunos do ensino médio tem um objetivo em comum: ir além da
música. “Não queremos ser mais uma banda na cidade. Temos vários projetos de
ação social e conscientização, através do nosso trabalho”, explica o
baterista Marcelo Magaldi.
A família Rama Ruana, como eles mesmo definem, é formada ainda por Evandro
Cruz (flauta/vocal), Bruno Sasha (teclado), Ricardo
Noronha (baixo), Rafael
Ribeiro (vocal), Rodrigo Nesta (percussão) e Bruno Robocop (guittarra).
Além
de participações em casas noturnas, a banda é recordista em
público no Projeto Nossa Música, já fez shows ao
lado de Zé Ramalho e foi uma das 12 bandas escolhidas para se apresentar no
Festival Universitário de Músicas Inéditas (FUMI). Aliado a esses trabalhos,
eles possuem também mais de 50
músicas compostas. Duas delas - Tudo Vai Mudar e Contraste -
já estão gravadas e prontas para compor o primeiro CD, que ainda não está
produzido por falta de patrocínio. A maioria das canções são criações de
Marcelo e Rafael, os primeiros a compor o grupo. O interesse pelas
influências de Pink Floid, Bob Marley, The Doors começou ainda no Colégio.
“Sempre gostamos muito de reggae, vimos nesse estilo de música uma mensagem
positiva que se encaixa com o que queremos passar em nossas canções", diz
Marcelo.
Influências
Embora o estilo reggae seja considerado a base do grupo, as influências dos
participantes conferem uma característica peculiar à banda, que mistura do rock, MPB, de Jethro-Tull, Peter Tosh, Twinkle Brother’s e
Jacob Miller. Tudo isso acompanhado de instrumentos como flauta, teclado,
bateria, baixo, guitarra e percussão que dão um toque especial às músicas.
“Isso cria um estilo diferente. Por mais que o reggae seja nosso incentivo,
ainda nos definimos como uma banda com características próprias", afirma o
baterista.
Imagens e Sons
A iniciativa de despertar o senso crítico nas pessoas através das canções
levou os integrantes a idealizarem projetos mais ousados, como por exemplo, a
elaboração de um filme que traduzisse as composições. “Nossas
músicas também pedem imagens e a idéia do filme é uma saída para tentarmos
alcançar nosso objetivo”, diz Evandro. Projetos junto às escolas públicas e
particulares da cidade também estão incluídos. “Queremos no nosso show
provocar outras manifestações culturais diferentes. Não só o som, nossa
vontade é atingir também outros veículos de comunicação e levar nossa mensagem a
todos, inclusive às crianças", diz o flautista.
De onde vem o nome da banda?
O nome parece estranho, mas a combinação das palavras foi perfeita. O
baterista, Marcelo Magaldi, conta que a idéia de batizar o grupo de RAMA
surgiu com as iniciais dos primeiros
integrantes do grupo: RAfael e MArcelo. Já RUANA uma
homenagem a um cahorro que era o fiel escudeiro nos ensaios da banda na garagem. "Só mais tarde a
gente percebeu que RAMA, lido de traz para frente significa amar e, em
latim,
quer dizer "raiz", que traduz também uma de nossas bandeiras que é a
valorização das raízes de nosso povo", diz.
Outra descoberta com relação ao nome foi a expressão
ANAURAMAR (Rama Ruana de trás pra frente) que sugere uma palavra
indígena. "Nossa logomarca são dois "R" um de frente para o outro, que forma
a imagem de um índio. Nós costumamos dizer que criamos o nome e depois
buscamos o significado", comentou Marcelo.