Los Pèpes ganha Juiz de Fora Com um ano de formação, a banda tem o pop rock como influência, mas incrementa para agradar cada vez mais gente
Repórter
27/05/2008
Das aulas do curso de Farmácia para os bares de Juiz de Fora. A banda Los Pèpes está há pouco mais de um ano percorrendo a cidade e o diferencial é a mistura de estilos de cada um dos integrantes.
O vocalista Tiago Baesso curte música nacional e tem um gosto especial pelo pop rock. Rodrigo Prota, violão e guitarra, prefere o rock internacional e Ed Esteves, percussão, faz o estilo forrozeiro e curte música nordestina.
Mas, ao contrário do que se pensa, essa mistura não atrapalha o trabalho da Los Pèpes.
Eles aproveitam esses detalhes para incrementar o trabalho. "A gente não
faz só cover. Nós colocamos nosso arranjo. Às vezes, estamos tocando o pop rock e
o Ed entra com o triângulo dele"
, diz Tiago.
Esse é o segredo para conquistar cada vez mais adeptos à banda e, também, é a forma que eles
encontraram para se agradar. "Um se adequa ao estilo do outro e, assim, unimos as
três concepções para agradar o público"
, revela Rodrigo.
Tiago tocava sozinho desde abril de 2006 e Rodrigo tinha uma banda que seguia mais a
linha instrumental. O apoio do segundo ao primeiro foi fundamental para o surgimento da
Los Pèpes. Eles se conheceram no curso de F
armácia e o guitarrista começou
a ajudar Tiago a divulgar seu trabalho em Juiz de Fora.
"Ele carregava meus equipamentos,
e dava uma palinha de vez em quando"
, lembra o vocalista.
Em abril de 2007, um ano depois, os dois decidiram tocar juntos. Nessa
época, ainda não eram conhecidos como Los Pèpes. Eles se apresentavam como
Tiago e Rodrigo. "As pessoas achavam que era uma dupla sertaneja,
até que decidimos colocar Los Pèpes como um nome provisório"
.
Após quatro meses, eles perceberam que precisavam de um percussionista. Optaram
por Ed, que também cursava Farmácia e fazia estágio na empresa em que Rodrigo
trabalha. "Ele é multiinstrumentista e o convidamos". A banda surgiu da vontade
de tocar para os outros. "Corremos atrás por prazer"
, ressalta Tiago.
O nome não é mais provisório e a maior conquista da banda foi a
independência, que não existia enquanto eles usavam instrumentos emprestados. A
corrida para alcançar a independência começou com a compra dos equipamentos e
terminou quando conseguiram pagar as parcelas.
"Compramos tudo financiado. Tínhamos uma dívida de mais de R$ 2 mil e pagamos tudo em
três meses com os shows que fizemos"
,
lembra Rodrigo. O incentivo veio da turma da faculdade que abria espaço para os
shows da banda nas festas.
Tiago fica assustado quando olha para trás e percebe o quanto eles
cresceram rápido. Ele também fica surpreso em perceber que a Los Pèpes enche mais a
casa do que outros que estão tocando há dez ou 15 anos.
Mas o fato de tudo ter
acontecido muito rápido não afastou as dificuldades. Aliás, eles dizem que a
vida de músico de bar não é nada fácil.
"Quem canta em bar, tem que ter muito prazer nisso mesmo. Houve noite em que tocamos e recebemos R$ 5 para dividir entre nós três"
.
Trabalhar por couvert foi a forma encontrada por eles para conseguir ganhar
espaço nos bares da cidade. Assim, o dono do bar não precisa tirar dinheiro do
bolso para pagar o show. Quem assiste, paga .
"Quem quer dar valor ao nosso trabalho, paga o couvert"
.
Outra dificuldade apontada é a falta de abertura dos bares da
cidade. Segundo eles, a maioria dos proprietários não dá oportunidade.
"E olha que não escolhemos os bares. Tocamos em todos os tipos e já passamos por aqueles em que o
couvert vai de R$ 1 a R$ 5"
,
diz Tiago.
Agora, eles têm recebido propostas de alguns bares e também estão
sendo contratados para algumas festas fechadas.
"Estamos em um período mais leve, porque vamos formar e temos monografia. Mas, mesmo assim, estamos fazendo cerca de seis shows por mês"
,
comemora ele. Vontade de se dedicar totalmente à música não falta. Porém, falta
a segurança do mercado. "A música é um caminho muito incerto"
, completa
o vocalista.
Se é difícil ser cantor de bar, também é gratificante e animado. Tudo isso
por um elemento que quem sobe ao palco não tem: a interação com o
público.
"Ficamos tão perto do público que, às vezes, temos que pedir licença para podermos afinar
um instrumento"
,
conta Tiago.
As lembranças estão guardadas em uma caixa. São pedaços de papel e
guardanapos com as músicas pedidas pelas pessoas.
"Vai desde nome de música a número de telefone"
, comenta ele.
A
recompensa também vem quando os elogios aparecem e quando eles percebem que o
público está animado.
"Já colocamos as pessoas de um bar para dançar forró. Por várias vezes a cerveja do bar
acabava, pois ninguém ia embora e a gente continuava tocando"
,
lembra. As fãs também dão o ar da graça.
"Elas dizem que são as pepetes ou las meninas"
.
As mães também são um público cativo, apesar de eles não gostarem muito da
presença delas. Tiago diz que tem vergonha quando sua mãe vai ao show. Ela
tenta ser mais discreta e se conter, mas não consegue.
"Como sabe que tenho vergonha, ela chega e se senta de costas para o palco. Com o tempo,
ela vai virando e, no fim, já está aplaudindo"
.
O próximo passo da Los Pèpes é incluir algumas músicas de autoria própria,
nos shows. As composições são de Tiago, que já escreveu sete músicas. Eles
estão esperando ter mais tempo para trabalhá-las.
"Eu termino de escrever e mostro para o Rodrigo, que estudou mais música do que eu.
E a gente vai colocando um solo e uma introdução"
.
O lado positivo de todo o trabalho é a fidelização do público que eles já
podem a perceber.
"A galera já está começando a nos acompanhar, a voltar na semana seguinte. Sem contar que
sempre tem gente nova"
,
diz Rodrigo, o guitarrista.
Até quem entrou no bar para reclamar do barulho acabou ficando.
"Costuma acontecer de a vizinhança ir ao bar reclamar do barulho e quando chegam,
se sentam para tomar uma cerveja e ficar curtindo nosso som"
,
completa o guitarrista. Para eles, receber elogios é melhor do que qualquer
dinheiro. "Mesmo com a competição no mercado, estamos fazendo por diversão e está dando certo"
.