SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Secretaria Nacional de Trânsito autorizou a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a ampliar a Faixa Azul para motocicletas em mais 14,5 km, em São Paulo. Atualmente, a motofaixa -criada em janeiro na tentativa de reduzir no número de acidentes envolvendo motos- funciona em um trecho de cerca de 5,5 km, entre a praça da Bandeira, na região central, e o complexo viário João Jorge Saad, o Cebolinha, na zona sul.

A motofaixa de 90 cm de largura fica entre as faixas 1 e 2, à esquerda, na pista em direção aos bairros da 23 de Maio.

Com a ampliação, ela deverá se estender ao norte da praça da Bandeira até a ponte das Bandeiras, passando pelas avenidas Prestes Maia, Tiradentes e Santos Dumont, em um trecho de cerca de 4 km.

Ao sul, seguirá pela avenida Rubem Berta até a avenida dos Bandeirantes, por cerca de 2 km. Já na avenida dos Bandeirantes, a motofaixa será implantada da marginal Pinheiros até o viaduto Ministro Aliomar Baleeiro, na Saúde, por cerca de 8,5 km.

Segundo a portaria publicada nesta segunda-feira (8), a autorização em caráter experimental é válida pelo período de um ano.

Até a publicação desta reportagem, a prefeitura ainda não havia informado quando as novas motofaixas serão implementadas na cidade.

Na última sexta (5), a administração municipal, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), anunciou um balanço sobre os seis primeiros meses de adoção da Faixa Azul na avenida 23 de Maio. Segundo a CET, houve redução dos acidentes de trânsito e da lentidão no trecho. Não foram registradas mortes envolvendo motos no local durante o período, segundo a prefeitura.

Os acidentes registrados na 23 de Maio envolvendo motociclistas aconteceram, em sua maioria, por causa de veículos que mudaram de faixa bruscamente ou não deram seta, segundo a CET.

A prefeitura também informou que o índice de utilização da motofaixa é de 78%. O uso não é obrigatório.

Segundo a CET, a 23 de Maio estava, até o início do ano, entre as quatro vias com maior número de motos em circulação na cidade, atrás apenas das marginais Pinheiros e Tietê e da Radial Leste. Mais de 50 mil motos por dia, 2.400 por hora, chegam a passar pela via que liga a região central até as proximidades do parque Ibirapuera.

No início do ano, a Folha mostrou que os chamados ao Samu para atendimento de acidentes de trânsito cresceram 40% em 2021, na comparação com 2019, período anterior à pandemia. Também foi registrado que os pedidos por socorro dobraram no início da noite.

Segundo o consultor de trânsito Sérgio Ejzenberg, a ampliação do projeto sinaliza que os resultados foram positivos até o momento.

Para ele, a expansão autorizada pela Secretaria Nacional de Trânsito envolve, agora, vias com semáforos, o que é uma novidade relevante. "É preciso ter áreas de espera não só nos semáforos dessas vias, mas em todas as vias com semáforos da cidade", diz. "Isso é rápido e barato, e é fundamental para a segurança dos motociclistas, e imprescindíveis para a funcionalidade da Faixa Azul em vias com semáforos", completa.

O consultor de trânsito defende também a implantação da motofaixa em outras vias, como as marginais e a Radial Leste, mesmo que isso implique na redução da capacidade para a circulação de automóveis. "A segurança no trânsito deve ser a prioridade. A fluidez vem em segundo lugar", afirma.

Segundo o especialista, o aumento no número de acidentes e mortes envolvendo motociclistas exige "tratamento urgente e específico". "Além das áreas de espera e da Faixa Azul, também a fiscalização de velocidade e de estado de conservação das motos deve virar prioridade. Precedido de campanha de sensibilização e educação", diz.

Reportagem publicada em julho mostrou que motos representam 12% da frota paulistana, mas recebem apenas 5% das multas, o que indicaria, segundo especialistas, falhas na fiscalização.


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