SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil prendeu nesta quarta (31) uma mulher transexual sob suspeita de assassinar uma amiga, ocultar o cadáver e assumir sua identidade em São Bernardo do Campo (Grande SP) em 2021. Um homem que teria ajudado a planejar o crime e a ocultar o cadáver também foi indiciado e está foragido.

Segundo os investigadores, após o crime, Maryanna Elisa Rimes Paulo e Ronaldo Bertolini, movimentaram mais de R$ 1 milhão da vítima, Marcelo do Lago Limeira, ao conseguirem que Maryanna se passasse por Marcelo --que iniciava a sua retificação de gênero.

A defesa de Maryanna diz que ela nega o assassinato, mas assume ter ocultado o corpo e realizado a fraude com medo de ser acusada pela morte. Nenhum representante de Ronaldo foi encontrado.

Maryanna e Marcelo, de acordo com a apuração, eram amigas havia dez anos. Marcelo não tinha contato com nenhum familiar além de uma tia que a ajudava financeiramente.

Em 2021, Marcelo decidiu iniciar a sua redesignação de gênero. Após a realização de uma das cirurgias, em maio daquele ano, Maryanna se encarregou de seus cuidados. O crime teria sido planejado durante esse período, com o auxílio de Bertolini, amigo de Maryanna.

Segundo a polícia, Maryanna ministrou na vítima uma dose de medicamento acima da recomendada. Marcelo morreu durante a madrugada, quando a amiga estava fora de casa.

Ao encontrar o morto, ainda segundo a versão dos policiais, Maryanna teria planejado a ocultação do cadáver com Ronaldo. O corpo fora queimado, e os restos mortais jogados à beira da estrada Edgar Máximo Zambotto, que liga a Grande São Paulo ao município de Jundiaí.

A Polícia Civil afirma que a suspeita conseguiu assumir a identidade da amiga ao convencer o funcionário do cartório que era Marcelo após passar por procedimentos de redesignação sexual. A partir daí, os suspeitos tiveram acesso aos dados bancários e conseguiram movimentar os bens da vítima.

"O funcionário do cartório diz que a suspeita, do sexo feminino, se apresentou com os documentos de Marcelo, o que foi estranho. Quando questionada, disse ter feito transição e não ter trocado os documentos, o que foi satisfatório para o funcionário", diz o delegado Cristiano Luiz Sacrini Ferreira, responsável pelo inquérito.

Maryanna e Ronaldo continuaram recebendo auxílio financeiro da tia da vítima, que nunca suspeitara do sumiço da parente, segundo a apuração. O crime ficou desconhecido durante quase um ano. Em abril deste ano, uma irmã de Marcelo, ao saber que a mulher não era vista desde maio de 2021, registrou o desaparecimento no 2° Departamento de Polícia de São Bernardo do Campo.

Na mesma época, ao tentar realizar movimentações financeiras em um banco, Maryanna, se passando por Marcelo, causou suspeita em uma funcionária, que conhecera Marcelo e avisou a polícia sobre a situação.

A defesa de Maryanna Rimes Paulo, representada pelo advogado Richard Luccas, diz que a mulher assume todos os crimes, menos o homicídio. "Ela diz que, ao encontrar o corpo, se desesperou. Tinha medo de ser tratada como assassina. Por isso, aconteceu o que sabemos."

A Justiça decretou a prisão temporária dos suspeitos. Encontrada, Maryanna foi encaminhada para a cadeia pública de São Caetano do Sul. Ronaldo Bertolini não fora encontrado.


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