BELO HORIZONTE, SP (FOLHAPRESS) - "Tiraram o meu amiguinho de mim", diz o administrador de empresas Gustavo Martins, 38, morador de São Carlos (SP). Seu cachorro Nick, um yorkshire de sete anos, morreu nesta segunda (5) por suspeita de intoxicação por um petisco da marca Bassar Pet Food.
Tutores de nove estados e do Distrito Federal relataram à Polícia Civil de Minas Gerais mortes de cachorros após o consumo dos alimentos. A investigação contra a empresa levou à interdição de uma fábrica, localizada em Guarulhos (SP), e ao recolhimento de todos os lotes de produtos pelo Ministério da Agricultura.
A Bassar afirma que não teve acesso ao laudo produzido pela polícia, mas que colabora com as autoridades desde o início dos relatos, na semana passada. A fabricante diz que interrompeu a produção "até que sejam totalmente esclarecidas as suspeitas de contaminação", e que contratou uma perícia para fazer uma "inspeção detalhada de todos os processos de produção e maquinários em sua fábrica".
O drama de Nick começou no dia 31 de agosto, depois que o cão comeu um petisco da marca Bassar comprado em loja da cidade, segundo Martins.
"Depois disso, passou a só querer tomar água. Tomava, e vomitava. Chamei o veterinário. Foram aplicadas duas injeções, que não adiantaram. No dia 2, Nick foi internado. Houve indicação de hemodiálise, mas não havia aparelho que pudesse ser utilizado. Ele pesava só 1,8 quilo", conta o tutor.
A causa da morte indicada pelo veterinário, e que ainda precisa ser confirmada pela necropsia, foi doença renal. "O Nick nunca teve nada. Era muito saudável", relata Martins. Martins esteve nesta terça (6) na delegacia para relatar o caso.
O resultado da necropsia, que ficará a cargo de clínica particular, será enviado para as autoridades. Os exames iniciais sobre a morte de Nick têm semelhança com pelo menos um outro óbito de cachorro, ocorrido em Minas Gerais, que pode ter relação com o consumo de alimentos da Bassar.
Um laudo emitido pela Escola de Veterinária da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na semana passada aponta a possibilidade de que o animal tenha morrido por problemas renais. Em Minas, a polícia confirmou o falecimento de oito cachorros que teriam ingerido alimentos da Bassar.
O setor de perícia da Polícia Civil identificou em um produto da empresa a substância monoetilenoglicol, utilizada para refrigeração. O produto é da mesma família do dietilenoglicol, apontado como causa da morte de dez consumidores da cerveja Belorizontina, da marca mineira Backer, entre 2019 e 2020.
À época, as investigações apontaram que o dietilenoglicol era utilizado em dutos de refrigeração que passavam na parte externa de tanques utilizados para armazenar a cerveja. O contato indevido da substância com o interior dos tanques teria ocorrido por furos entre as estruturas.
Os sintomas apresentados pelos cachorros que passaram mal após supostamente consumirem produtos da Bassar são vômito, diarreia e prostração.
Dois dos produtos sob suspeita são o Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467). O terceiro não teve o nome divulgado. A corporação não disse em qual produto houve confirmação da presença de monoetilenoglicol.
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