SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Durante a cerimônia de reabertura do Museu do Ipiranga, nesta terça-feira (6), em São Paulo, o secretário de Cultura e Economia Criativa do estado, Sérgio Sá Leitão, criticou o que chamou de tentativa do governo Jair Bolsonaro (PL) de se apropriar do evento e da reforma do espaço.
Após nove anos com as portas fechadas, o museu foi reaberto em uma cerimônia para autoridades e convidados.
"É um absurdo que o governo federal se arvore para tentar capitalizar em cima da entrega do Museu do Ipiranga, sendo que o governo federal não fez absolutamente nada para que isso acontecesse, a não ser sua obrigação de disponibilizar os incentivos fiscais da Lei Rouanet", disse o secretário à reportagem.
"Essa tentativa de capitalização é absurda porque eles ignoraram o projeto e passaram esse tempo todo combatendo o instrumento que permitiu que esse projeto acontecesse. Eles são contra a Lei Rouanet, mas querem capitalizar em cima de algo realizado com a Lei Rouanet", acrescentou.
De acordo com o governo do estado, o orçamento da reforma e ampliação do museu alcançou R$ 235 milhões. Cerca de dois terços desse valor são oriundos da Lei Rouanet --um mecanismo federal--, e um terço vem de aportes do governo estadual, da USP (Universidade de São Paulo) e de patrocínio direto de empresas. Além disso, foram gastos R$ 19 milhões no restauro do jardim francês, custeado pela administração estadual.
Em sua fala, o secretário do governo paulista também criticou os ataques à cultura e aos artistas.
"O governo federal se ausentou do papel constitucional de promotor, incentivador e financiador da cultura. Extinguiu o ministério, cessou diversos programas, tentou de todas as maneiras extinguir a Lei Rouanet, só não conseguiu porque é um mecanismo instituído em lei."
Sá Leitão ainda criticou o secretário especial de Cultura da gestão Bolsonaro, Hélio Ferraz de Oliveira, e o ministro do Turismo, Carlos Alberto Gomes de Brito, presentes no evento.
"Duvido que o secretário especial de Cultura consiga dar qualquer detalhe dessa obra porque ele desconhece o projeto, nunca se interessou por isso", afirmou. "O governo federal incluiu o Museu do Ipiranga como uma das obras deles, também exigiram falar por último na cerimônia, o ministro do Turismo e o secretário especial de Cultura."
O secretário citou desafios enfrentados pela instituição desde o fechamento do museu, com destaque para o período crítico da pandemia de Covid, com obras foram paralisadas e funcionários afastados. Também destacou a "transformação completa" por que passou o museu e lembrou que o prédio agora tem "100% de acessibilidade", mas ressaltou que a reforma não se limitou à restauração do edifício.
"É um novo museu. A própria forma como o acervo é apresentado é totalmente diferente. Quem conheceu antes viu que era uma expressão e visão mais oficial e conservadora da história, sendo que agora tem uma história mais abrangente, democrática, inclusiva em relação ao acervo."
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