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“Antigamente, quando eu era criança, nós tínhamos entre 4% e 5% da população com mais de 60 anos e, quando chegava lá, vivia pouco. Hoje, nós temos 15% e, em 2050, nós vamos ter 31%. Serão 68 milhões de pessoas com mais de 60 anos. O grande desafio do século 21 é quais políticas públicas nós precisamos para essa população, assim como a grande conquista dos últimos 100 anos foi poder envelhecer”, aponta o médico Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil.
As limitações físicas o tiraram das quadras de basquete e o atleta olímpico Oscar Schmidt teve que traçar uma nova rota quando foi ficando mais velho. Tornou-se palestrante motivacional. “Eu queria jogar basquete até morrer, né? E não dá. Não é possível. Adoro fazer palestra porque vejo as pessoas batendo palma e eu estou contando a minha história para eles. Então, isso repõe, em parte, tudo aquilo que eu perdi parando de jogar”, conta. O trabalho também é o que move a atriz Suely Franco, que precisou exercitar novas habilidades ao fazer teatro online durante a pandemia.
Foi também no esporte que o casal Francisco Aguiar e Edmea Correia, com 77 e 75 anos, respectivamente, encontraram uma nova forma de encarar o envelhecimento. Eles são surfistas há 15 anos e fazem parte de uma turma de cabelos brancos que encara as ondas de Santos (SP), sob a tutela do professor Cisco Araña, uma lenda do surfe no Brasil.
“O que manda mesmo é a cabeça da gente. No meu caso, eu estou com 75, mas estou bem, com saúde, sou perfeita. Nós somos uma máquina, se parar, vai enferrujar. E aí faz o quê? Eu vou me mexer até o último minuto que eu puder e que Papai do Céu permitir”, diz Edmeia.
A escritora Cris Guerra, autora do podcast Outras Crises, em que reflete sobre o envelhecer, lembra que, com o aumento da população idosa, é necessário promover de forma mais intencional a convivência intergeracional. Ela também ressalta a importância de enxergar todas as dimensões da vida da pessoa idosa, não apenas a condição do trabalho.
“A gente tem uma relação tão utilitária com o ser humano que a gente acha que, quando ele para de trabalhar, deixa de ser produtivo, é como se ele não servisse mais. A gente precisa muito rever todos os nossos conceitos”, defende.
A equipe do programa também acompanhou um dia na vida de dois maiores de 60 anos que seguem muito ativos na vida profissional. O enfermeiro Rubens Praser, que equilibra uma rotina pesada de estudos e plantões em hospitais, e o comerciante de gás João Evangelista, que, com a força dos braços e da garganta, percorre as quadras do Plano Piloto, em Brasília, vendendo gás de cozinha. Também conversamos com o poliglota iraquiano Henrique Hanna, que aos 88 anos oferece aulas gratuitas de inglês e está editando um dicionário.
“O grande desafio do jovem é que ele nem sabe se vai envelhecer. Ele quer envelhecer, mas ele não quer ficar velho. Ora, não tem as duas coisas. Envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta”, diz o médico Alexandre Kalache.
Ficha técnica
Reportagem: Tiago Bittencourt
Produção: Carolina Oliveira
Edição de texto: Amanda Cieglinski
Edição de imagem: Rivaldo Martins
Apoio à produção: Thiago Padovan, Julia Ballarini, Luciana Goes
Imagens: Sigmar Gonçalves, André Pacheco, Rogério Verçosa, Jorge Brum, João Pedro Gomes, Jefferson Gomes Pastori, William Sales Figueiredo, Eduardo Viné Boldt, Gílson Machado
Auxílio técnico: Maurício Aurélio Marcelo, Eduardo Domingues, João Batista de Lima, Cláudio Tavares, Alexandre Souza, Raimundo Nunes, José Carlos, Marcelo Vasconcelos
*Com informações da TV Brasil.
Tags:
caminhos da reportagem | Direitos Humanos | idosos | TV Brasil
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