SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Uma a auxiliar administrativa de 45 anos, moradora de São Vicente (SP), foi diagnosticada com retinopatia diabética há dois anos e desde então aguarda por uma cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e luta para não perder totalmente a visão. O problema de saúde de Andrezza Argento é raro e ganhou uma particularidade nas últimas semanas: ela passou a enxergar manchas de sangue, que ficam numa região dos olhos que fazem com que só ela tenha essa percepção.

Andrezza explica que, em 2020, ao fazer o exame médico para tirar habilitação, percebeu que sua visão estava embaçada. Acreditando que precisava trocar a lente dos óculos, ela decidiu ir ao oftalmologista. Durante a consulta, o profissional desconfiou que havia algo de errado com a visão da auxiliar administrativa e decidiu medir se ela tinha diabetes.

"Na consulta veio o primeiro susto, o oftalmologista disse que a diabetes estava altíssima e que minha visão havia sido afetada. Fui diagnosticada com retinopatia diabética, uma doença que afeta os vasos da retina e as imagens não são enviadas para o nosso cérebro, o que faz perder a visão quando não tratado. Foi uma surpresa muito grande, porque até então eu não sabia que eu tinha diabetes", explica Andrezza.

Segundo Andrezza, pouco tempo depois do diagnóstico ela perdeu totalmente a visão do olho direito devido ao deslocamento da retida. Ela afirma que os médicos já descartaram a possibilidade de ela voltar a enxergar com esse olho.

No olho esquerdo, alguns vasos estouraram no último mês e, segundo ela, desde então a visão ficou embaçada e ela vê manchas de sangue.

Um dia eu acordei e já comecei a enxergar tudo embaçado, não foi algo que foi evoluindo. Meu maior medo é que posso acordar um dia cega.

TRATAMENTOS

Desde que recebeu o diagnóstico em 2020, Andrezza conta que busca tratamento para sua doença na visão, além de fazer acompanhamento médico para manter a diabetes controlada.

Inicialmente, ela fez sessões de laser com um oftalmologista particular por seis meses, mas o resultado não foi o esperado. Foi quando o profissional indicou que ela fizesse um procedimento cirúrgico, que custa cerca de R$ 30 mil.

Sem condições de arcar com o tratamento, a auxiliar administrativo buscou atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e passou por dois médicos que disseram que a cirurgia deveria ser feita com urgência. Porém, antes do procedimento, ela precisaria passar por um retinólogo.

"O AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de São Vicente me encaminhou para o AME de Santos porque só lá teria um médico especialista. Depois de quase um ano buscando tratamento, eu consegui uma consulta, mas o profissional disse que a cirurgia poderia piorar a minha situação e eu tive alta médica", afirma Andrezza.

Em nota, a prefeitura de São Vicente confirmou que Andrezza foi atendida no município e explicou que encaminhou a paciente para atendimento especializado em Santos.

"A Prefeitura de São Vicente, por meio da Sesau (Secretaria de Saúde), informa que a paciente foi encaminhada inicialmente ao AME (Ambulatório Médico de Especialidades) São Vicente, que após consulta, solicitou atendimento com retinólogo no AME Santos.

A Sesau afirmou que esse atendimento é feito pela demanda do DRS (Departamento Regional de Saúde) via Central de Regulação de Ofertas e Serviços, gerenciada pela Secretaria de Saúde do Estado".

A Secretaria de Saúde de Santos também explicou que a paciente foi atendida pelo AME da cidade e que o atendimento é de responsabilidade do governo estadual.

A reportagem procurou a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e aguarda resposta. Assim que houver posicionamento, a matéria será atualizada.

VAQUINHA

Desesperada e com medo de perder totalmente a visão, Andrezza tenta fazer a cirurgia de forma particular, já que para tentar pelo SUS novamente ela terá que começar o processo de consultas novamente.

"Eu não posso esperar mais, meu caso é urgente. Hoje eu estou afastada do meu trabalho, porque não enxergo o computador ou os documentos. Até para fazer as tarefas de casa é complicado e estou sempre pedindo o auxílio de alguém", conta ela.

Para tentar arrecadar o valor de R$ 30 mil, valor da cirurgia em um dos olhos, a auxiliar administrativo criou uma vaquinha online. Até a tarde de hoje, cerca de R$ 11,5 mil foram arrecadados. "Eu não posso perder a minha visão, por isso preciso correr atrás de conseguir esse dinheiro. Estamos lutando como podemos para que eu não fique cega", diz.


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