SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com inauguração prevista para meados de outubro, a unidade de Perdizes do Hospital das Clínicas deve ajudar no tratamento de dependentes químicos da cracolândia, que têm se espalhado pela região central de São Paulo nos últimos meses.
Uma das tentativas de remediar a situação, criando leitos para tratar usuários, é justamente o novo prédio na rua Cotoxó, na zona oeste da cidade. A unidade tem 23 mil metros quadrados e tinha previsão inicial de ficar pronto em 2014. Mas após repetidos atrasos e a pandemia de Covid-19, o local deve enfim ser inaugurado no próximo mês. .
No endereço já funcionava uma ala auxiliar do Hospital das Clínicas desde 1971, atendendo pacientes em recuperação e, depois, recebendo enfermos terminais.
Com a reforma, o prédio foi ampliado e contará com 200 leitos, sendo 80 voltados exclusivamente para o tratamento de doenças relacionadas ao uso de álcool e drogas.
A unidade, porém, não atenderá diretamente os usuários. Assim como em todo o complexo do Hospital das Clínicas, os pacientes terão de ser encaminhados para Perdizes por unidades de assistência primária e secundária, como Caps (Centro de Assistência Psicossocial), hospitais gerais e Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Isso porque o HC Perdizes é destinado à assistência terciária, ou seja, a casos de alta complexidade referenciados pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), serviço vinculado à Secretaria de estado da Saúde.
Segundo a assessoria de imprensa do HC, a unidade está em fase final de instalação e adequação das áreas, com todos os equipamentos adquiridos, e já iniciou o processo de contratação das equipes.
"O Hospital das Clínicas da FMUSP esclarece que os novos 80 leitos que estão sendo abertos no HC Perdizes irão compor a rede de vagas disponibilizadas para a saúde pública, com referenciamento realizado pela Cross e tendo como perfil assistencial casos de dependência química de alta complexidade e curta permanência, que poderão se beneficiar de acompanhamento ambulatorial, com base na expertise do trabalho que já é realizado no Instituto de Psiquiatria do complexo", diz o HC, em nota.
O HC ressalta ainda que "o HC Perdizes terá como missão criar um modelo de tratamento e prevenção na área de álcool e drogas, que poderá servir de referência para um programa de maior abrangência, em parceria com estado e município".
Para o tratamento dos dependentes químicos, a unidade Perdizes terá uma unidade de hospital-dia, ambulatórios médicos e multiprofissionais, ginásio de fisioterapia e atividades físicas, além de espaços de convivência e reuniões terapêuticas. "Terá total estrutura para que o paciente referenciado tenha assistência integral no tratamento à dependência química, com base nos protocolos adotados pelo Instituto de Psiquiatria do HC, que é referência na especialidade", completou a nota do HC.
"O Hospital das Clínicas de Perdizes será um reforço importante, pois poderemos ampliar o atendimento e tratamento aos dependentes químicos da região central da capital", comenta o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
"Soma-se a isso as ações do governo que já são desenvolvidas pelo Cratod (Centro de Referência de Atendimento a Tabaco, Álcool e Outras Drogas), em conjunto com a prefeitura. Desde 2019, já foram mais de 6.000 internações e 13 mil acolhimentos a essa população. Há uma grande rede de acolhimento e de internação para os dependentes químicos no estado", completou o secretário.
Segundo a Secretaria de Saúde, a pasta mantém ainda cerca de 5.000 leitos em hospitais e clínicas em todo o estado para o atendimento de dependentes químicos, além do suporte em comunidades terapêuticas.
Além da ala para o tratamento dos dependentes químicos, o HC Perdizes também terá uma unidade de internação de transição de cuidados de pacientes em diversas especialidades, com 120 leitos para a assistência integral a casos agudos não-críticos, como pacientes pós-cirúrgicos. Segundo o HC, esse bloco será equipado com tomógrafo computadorizado, raio-X digital e ultrassonógrafo, além de posto de coleta para exames de análises clínicas que atenderá todo o complexo.
O valor inicial da obra, segundo o TCE (Tribunal de Contas do Estado), era de R$ 63,4 milhões, mas o governo de São Paulo acabou investindo R$ 79,3 milhões. E outros R$ 12 milhões estão sendo gastos na compra de equipamentos e mobiliários.
Quando estiver funcionando em plena capacidade, a previsão é que a unidade poderá realizar mais de 2.200 internações anuais, 5.000 atendimentos em regime de hospital-dia, 16 mil consultas médicas ambulatoriais, além dos demais atendimentos multiprofissionais, como psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia e assistência social.
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