SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - A coligação de 13 partidos liderada pelo candidato a governador da Bahia ACM Neto (União Brasil) acionou o Ministério da Justiça para pedir que a Polícia Federal assuma a investigação do assassinato do subtenente Alberto Alves dos Santos, morto pela Polícia Militar na madrugada desta quarta-feira (28) em Itajuípe (423 km de Salvador).
O policial assassinado estava em folga e fazia parte da equipe de segurança que acompanharia o candidato ACM Neto em eventos de campanha em cidades do sul da Bahia.
A equipe com quatro policiais viajou um dia antes do evento e pernoitava em uma pousada na cidade de Itajuípe (426 km de Salvador), quando foi surpreendida por policiais que entraram no quarto.
Em petição encaminhada ao Ministério da Justiça, a coligação partidária afirma que os seguranças do candidato a governador foram monitorados pela Polícia Militar em todo o trajeto entre Salvador e Itajuípe, sem que houvesse nenhum motivo plausível para isso.
Na petição, foram anexados prints de um grupo de policiais em um aplicativo de mensagens nos quais eles trocam informações sobre uma operação policial que acompanhava a possível fuga de um traficante.
Em meio às conversas, foram encaminhadas mensagens que apontavam as placas dos dois carros alugados pela equipe de ACM Neto como suspeitos.
A petição, assinada pelo advogado Paulo de Tarso Peixoto, a troca de mensagens entre os policiais envolvidos na operação aponta que, "ao que tudo indica, quem soltou a informação equivocada, tomando quatro policiais sérios e honestos como se fosse um traficante em fuga" foi a SEAP/CMASP/GSI.
As siglas fazem referência a órgãos do sistema de inteligência da Secretaria Estatual de Administração Penitenciária.
"Causa enorme estranheza como os dois veículos que nunca possuíram qualquer vinculação com atividade ilícita, que servem à campanha eleitoral de ACM Neto, sem qualquer restrição nos órgãos de controle, foram inseridos nesse contexto e passaram a ser perseguidos como se fossem bandidos de alta periculosidade", afirmou o advogado.
Para o advogado, a ação reforça a suspeita de que se tratou de uma ação orquestrada para monitorar as atividades de campanha de ACM Neto "com nítido cunho intimidatório, a poucos dias das eleições".
ACM Neto polariza da disputa pelo governo da Bahia com Jerônimo Rodrigues (PT), candidato apoiado pelo governador da Bahia Rui Costa (PT).
Em nota, o Comando Geral da Polícia Militar da Bahia classificou a informação como "leviana vazia e desprovida de qualquer evidência" e destacou que qualquer tipo de monitoramento é feito de acordo com autorização legal e seguindo normas rígidas e transparentes.
"A Polícia Militar continuará à disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos e faz um apelo no sentido de que pessoas motivadas por questões eleitorais não atentem contra a honra de uma instituição quase bicentenária", destacou a nota.
Na quarta-feira (28), a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que houve um confronto após os policiais militares irem ao hotel onde os seguranças estavam hospedados com a informação de que havia homens armados no local. E destacou equipe estaria em busca de assaltantes de bancos.
A versão, contudo, é questionada pelos membros da equipe de segurança de ACM Neto. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o policial Adeilton D'Almeida, que ficou ferido durante a ação policial, negou a versão de que houve confronto.
Ele afirmou que estava dormindo no quarto do hotel, desarmado, quando os policiais já entraram atirando.
"Estava cansado de ter dirigido o dia todo. Estava dormindo e recebi o tiro. Eu fui alvejado duas vezes. Os policiais entraram quebrando as janelas e as portas, mesmo eu gritando o tempo todo 'sou polícia, sou polícia' e ainda assim me alvejaram mais três vezes", afirmou.
Presidente do União Brasil na Bahia, o deputado federal Paulo Azi classificou o episódio como gravíssimo, disse que há evidências de que os carros da campanha eram monitorados pela PM e pediu apuração célere e rigorosa sobre a ação que terminou com a morte do policial.
O deputado estadual Marco Prisco (União Brasil), ligado a uma entidade que representa soldados e praças, afirmou que os policiais foram induzidos ao erro e cobrou uma apuração do Ministério Público e Polícia Federal.
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