SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil Izabella Teixeira foi convidada pela presidência da COP27 (a conferência da ONU sobre mudanças climáticas) para participar do evento, que ocorrerá em novembro na cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito.

Ela será uma das "amigas da COP27", grupo formado por nomes importantes da área área ambiental que aconselham o presidente do evento e que continua ativo mesmo após o fim do encontro.

Teixeira, atualmente, ocupa a copresidência do Painel Internacional de Recursos, plataforma político-científica do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e é um dos principais nomes no contexto climático.

Ela foi ministra do Meio Ambiente de 2010 até 2016, passando pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Na campanha atual de Lula à Presidência, Teixeira é uma das principais formuladoras da agenda ambiental do plano de governo.

Além de Teixeira, a enviada especial do clima da Alemanha, Jennifer Morgan, também deve fazer parte do grupo que irá assessorar o presidente da COP27, Sameh Shoukry, chanceler egípcio.

A primeira reunião do grupo será ainda nesta semana.

Na última edição da COP, em Glasgow (Escócia), faziam parte do grupo Christiana Figueres, ex-secretária-geral da agência da ONU para mudanças climáticas e arquiteta do Acordo de Paris, e Eric Garcetti, prefeito de Los Angeles e então presidente da C40, grupo de cidades que participam da luta contra mudanças climáticas.

Outro presente na lista era Manuel Pulgar-Vidal, presidente da COP20 e ex-ministro do Meio Ambiente do Peru.

"É o Brasil de volta à cena do clima", afirma Teixeira.

Nos últimos anos, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o Brasil perdeu espaço nas mesas internacionais de discussão climática. Isso se deve, entre outros fatores, à explosão de desmatamento -principal fonte de emissões de gases-estufa do Brasil-- que ocorreu sob a administração atual.

O Brasil vem de anos consecutivos com desmate crescente. No último ano, a taxa ultrapassou a casa dos 13 mil km², maior valor desde 2006.

O crescimento do desmate junto ao aumento expressivo de queimadas chamou a atenção do mundo. Soma-se a isso a contestação dos dados de destruição por Bolsonaro e o incentivo do presidente brasileiro à exploração comercial de áreas protegidas da Amazônia.

O governo Bolsonaro, além disso, abriu mão de bilhões de reais vindos da Europa, através do Fundo Amazônia. Por meio do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, o governo paralisou o fundo alegando problemas nos contratos. Salles pretendia que a esfera federal tivesse domínio total sobre os comitês que fazem parte do fundo.

"Será uma COP muito complicada, cheia de fios desencapados, em um momento muito sensível do mundo", afirma Teixeira. "Mas com uma voz importante dos países em desenvolvimento."

A COP27 ocorrerá no fim de um ano marcado pela Guerra da Ucrânia. Além da questão humanitária, cresceu a apreensão energética mundial no que diz respeito ao fornecimento de gás e petróleo russos. A Rússia é responsável por cerca de 40% do gás importado pela União Europeia, essencial para, por exemplo, o aquecimento da população durante o inverno.

Um dos pontos de tensão é o gasoduto Nord Stream, que já chegou a ser totalmente bloqueado. O Kremlin culpou as sanções ocidentais pelo bloqueio, que teriam prejudicado a manutenção do sistema.

Recentemente, houve uma grande ruptura no gasoduto Nord Stream sob o Mar Báltico, seguida por uma nova troca de acusações entre russos e o Ocidente. Segundo o Pnuma, a fenda levou à provável maior liberação individual já registrada de metano, gás-estufa potente e, consequentemente, prejudicial ao clima.


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