CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - Os fiéis católicos comemoram mais um feriado nacional em homenagem à padroeira do Brasil nesta quarta-feira (12) sem ver de pé a estátua em homenagem à santa em Aparecida (180 km de São Paulo).
A obra do escultor Gilmar Pinna começou ser construída em 2017, mas a Justiça chegou a proibir a instalação, em 2019, após ser provocada pela Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos).
A escultura, que promete ser maior que a do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, foi liberada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo neste ano, mas ela segue sem prazo para conclusão.
A obra em Aparecida terá 45 metros só de estátua e mais cinco metros de base. O Redentor, no Rio, tem 30 metros de estátua e oito de pedestal.
O setor de comunicação do Santuário de Aparecida disse que não se manifestaria por não ter relação com a obra, que é particular, e que a gestão municipal deveria ser procurada. Em nota, a Prefeitura de Aparecida informou que desde o início apontou que não tinha recursos para arcar com os custos de realização da obra.
O escultor Gilmar Pinna, 65, disse que a estátua de Nossa Senhora Aparecida é um presente dele para a cidade, fruto de uma promessa que ele fez à santa 38 anos atrás.
"Eu fiquei feliz com a retomada e por poder cumprir a promessa que fiz quando ainda era jovem, mas não posso contar o motivo da promessa senão eu quebro ela. Mas quero deixar claro que tudo está sendo feito de graça, não estou recebendo nada. É um presente meu para a santa e para a cidade", disse Pinna.
"Eu comecei a construção em 2017, tudo com recurso próprio. Em valores atuais já gastei cerca de R$ 8 milhões nela. Mas teve problema na Justiça, fruto de intolerância religiosa. Ficou tudo parado desde 2019 e vandalizaram, roubaram várias partes", diz o artista.
Procurada, a Atea não respondeu aos questionamentos da reportagem.
De acordo com o escultor, partes de um rosário com mais de cinco toneladas foram furtados, além de 20 vigas e uma cruz. A estátua é construída em aço inoxidável.
"O terreno era particular, ficou tudo aqui abandonado e as pessoas vandalizaram demais. Faz uns 40 dias que eu e minha equipe retomamos o trabalho", conta.
A intenção era inaugurar a obra neste feriado, o que não acontecerá. "Quando liberaram a obra eu fui pego desprevenido financeiramente por causa dos reflexos da pandemia, por isso não deu para ficar pronta no dia dela. Mas nossa expectativa é colocar a estátua de pé até o final de outubro e deixar tudo pronto até o Natal, dia do filho dela. Seria um presente para mãe e filho", disse.
Segundo o artista, o problema agora é financeiro. "Faltam R$ 245 mil para terminar tudo. São 140 metros cúbicos de concreto que faltam. Isso fica em R$ 75 mil. E também mais R$ 170 mil do guindaste. Quando tudo ficar pronto, a estátua terá 50 metros e será maior que o Cristo do Rio de Janeiro", disse.
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