RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com dificuldades para avançar na coleta de dados, o Censo Demográfico 2022 contou 104,4 milhões de pessoas no Brasil em dois meses de entrevistas, indica balanço divulgado nesta segunda-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número foi contabilizado de 1º de agosto, primeiro dia da operação, até domingo (2).

Equivale a menos da metade da população que o órgão planeja recensear no país (cerca de 215 milhões). Com isso, o IBGE passou a estimar o fim da coleta para o início de dezembro. Inicialmente, a previsão era encerrar o processo em outubro.

"A operação está atrasada. A gente imaginava fechar o Censo em outubro", afirmou o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.

Segundo ele, o compromisso de entregar os primeiros resultados da pesquisa segue mantido para o final deste ano. O IBGE reconheceu nesta segunda que está enfrentando dificuldades relativas à falta de pessoal para atuar como recenseador em determinados locais. Em todo o país, o órgão conta com 95,4 mil recenseadores em ação, somente 52,2% do total de vagas disponíveis.

O estado com maior déficit é o Mato Grosso, com 36,8% do número de vagas ocupadas. Já Sergipe está com 68,8% dos postos preenchidos.

Da população já contada (104,4 milhões), 42% estava na região Sudeste, 27% no Nordeste, 14,3% no Sul, 8,9% no Norte e 7,8% no Centro-Oeste. Até o momento, a parcela de mulheres era de 52%, e a dos homens, de 48%.

"Esse total de pessoas entrevistadas corresponde a 49% da população estimada do país", afirmou o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, dados divulgados pelo órgão em 2010, ano do Censo mais recente, sinalizam que aquele levantamento estava em velocidade mais avançada do que o atual. De 1º de agosto a 27 de setembro de 2010 (menos de dois meses), a coleta já havia alcançado 80% da população estimada no país.

"Estamos pensando em novas estratégias e alternativas de recrutamento, a fim de alavancar e melhorar a produtividade nos estados com menor percentual de população recenseada", disse Duarte.

Em 2022, o instituto é alvo de queixas de recenseadores desde o início das entrevistas. A categoria, contratada de maneira temporária, reclama da demora na liberação de pagamentos e de valores abaixo dos esperados. Os recenseadores são responsáveis pela aplicação dos questionários.

O Censo costuma ser realizado de dez em dez anos. As informações apuradas pelo IBGE servem como base para políticas públicas e podem influenciar até decisões de investimento de empresas.

A nova pesquisa, inicialmente prevista para 2020, foi adiada por dois anos consecutivos. Os atrasos ocorreram em razão das restrições da pandemia, em 2020, e do corte de verba, em 2021, pelo governo federal.

Para a produção do Censo em 2022, o IBGE conta com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões. Inicialmente, as operações da nova edição haviam sido estimadas em mais de R$ 3 bilhões.

O valor diminuiu após revisões. Até agora, o instituto não manifestou necessidade de recomposição na verba.

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