SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Registros oficiais sobre educação, saúde, moradia, emprego e renda, ao lado de análises que traduzem esses indicadores por características de cor e raça, estarão reunidos em um só lugar a partir de dezembro.
É quando começa a funcionar uma plataforma gratuita que tem por objetivo não só facilitar o acesso a essas informações de forma conjunta e centralizada, mas também tornar mais cristalina a compreensão das disparidades sociais no Brasil.
O desejo que move o projeto é conseguir "mostrar a centralidade da questão racial para o desenvolvimento do país, ser um instrumento estratégico para tomada de decisão ao aportar informações sobre as desigualdades baseadas em dados estatísticos oficiais", como define à reportagem o professor e escritor Helio Santos, um dos idealizadores da ferramenta.
A iniciativa é capitaneada pelo Cedra (Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdade Racial), em parceria com outras instituições, e vem sendo desenvolvida também por especialistas como o economista Mário Theodoro, o físico Marcelo Tragtenberg e a historiadora Wania Sant´Anna, além de consultores, estatísticos e analistas de sistema.
"As mudanças vêm com o diagnóstico. E não de uma opinião pessoal, nem de um fato isolado, mas de estatísticas que retratam a situação de milhares ou milhões de pessoas negras", afirma Santos, doutor em administração pela USP e presidente do Conselho da Oxfam Brasil, que na década de 1990 contribuiu para instalar na agenda pública, de forma pioneira, a discussão sobre políticas de ação afirmativa para essa população no país.
Outra das metas do projeto é oferecer interpretações sofisticadas a partir de registros públicos que permitam leituras transversais a estudiosos, lideranças, organizações e gestores, tendo ao mesmo tempo uma navegação amigável por parte de um público amplo.
Para o professor, "mostrar dados comentados e focalizados é útil tanto para uma pessoa que não conhece muito a questão racial quanto para quem acha que não existe racismo no Brasil".
O sistema do Cedra começará a funcionar em dezembro, quando disponibilizará em sua futura página (www.cedra.org.br) informações sobre escolaridade, renda e domicílios, "sem deixar de contemplar a questão de gênero", destaca Santos.
No próximo ano, a equipe vai acrescentar à plataforma bancos de dados sobre educação (básica e superior), saúde e violência.
Especialmente para pesquisadores, a plataforma possibilitará fazer download de tabelas e acessar cruzamentos inéditos, ele conta, com "novas variáveis e dimensões da desigualdade racial brasileira".
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