Evento realizado hoje (21) no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) chama a atenção para a necessidade de ampliar o serviço de acolhimento familiar no estado. No Rio, das 1.455 crianças e adolescentes acolhidos, apenas 128, o equivalente a 8,8%, estão em famílias acolhedoras. A meta é chegar a pelo menos 20% até 2025. Essa modalidade está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O acolhimento familiar é uma das modalidades de atendimento de crianças e adolescentes que precisam ser provisoriamente afastados de sua família de origem por medida protetiva. Segundo o ECA, ela deve ter preferência em relação ao acolhimento institucional. Segundo o MPRJ, diferentemente dos abrigos institucionais, em que crianças em situação de vulnerabilidade são cuidadas por educadores contratados, no acolhimento familiar elas são recebidos por famílias que ficam com a guarda?provisória?da criança ou do adolescente até que possam retornar à sua família de origem ou serem encaminhados para adoção.
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O objetivo do Seminário Estadual Família Acolhedora é, portanto, segundo Medina, fortalecer os serviços que já existem no estado de acolhimento familiar, além de orientar, capacitar e repassar informações aos gestores municipais que ainda não implementaram a modalidade.
Censo inédito
Para qualificar a discussão, o MPRJ divulga o censo inédito sobre acolhimento familiar no Rio de Janeiro, com dados extraídos do Módulo Criança e Adolescente (MCA). Os dados mostram que apenas 16 dos 92 municípios fluminenses têm essa modalidade de acolhimento familiar. A maior parte dessas crianças e adolescentes está na cidade do Rio de Janeiro (67,19%), seguida por São Golçalo (17,19%) e Nova Iguaçu (4,69%).
O censo mostra ainda que 37,5% das crianças acolhidas em famílias têm até 6 anos de idade. Outras 25% têm entre 7 e 11 anos; 21,88%, entre 12 e 15 anos; e 15,63%, entre 16 e 18 anos. Pouco mais da metade (51,5%) são meninos e 88,3% são negros.
O principal motivo de acolhimento dessas crianças e adolescentes é negligência (38,8%), seguido de transferência de outro regime de atendimento (20,31%) e responsável impossibilitado de cuidar por motivo de doença (7%).
Segundo Medina, o acolhimento familiar é capaz de proporcionar mais cuidado e atenção a crianças e adolescentes, muitas vezes em situação de vulnerabilidade. As famílias voluntárias são cuidadosamente selecionadas e as crianças são acompanhadas quase diariamente por equipes especializadas durante o período de acolhimento.
Com o objetivo de ampliar o atendimento no Brasil, a Coalizão pelo Acolhimento em Família Acolhedora, grupo de gestores, pesquisadores e lideranças nacionais no assunto, atores governamentais e não governamentais, estabeleceu a meta de que, até 2025, pelo menos 20% de todas as crianças e adolescentes no Brasil que necessitam de acolhimento estejam em famílias acolhedoras. Em todo o país, cerca de 6% das crianças e adolescentes são atendidos por essa modalidade.
"Há vários entraves em relação a esse programa, que vão desde o desconhecimento dos gestaores municipais, que não sabem como funciona e não conhecem os benefícios para a criança, que ao invés de estar em uma intituição, está em uma casa de família, até as dificuldades de logística, de localizar e de capacitar essa famílias voluntárias", diz Medina.
O seminário é promovido pelo MPRJ, por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (CAO Infância e Juventude), em parceria com a Associação Brasileira Terra dos Homens. O evento conta com painéis, e palestras abordarão diferentes aspectos do acolhimento familiar, com o objetivo de difundir o serviço entre os municípios do estado. Entre os especialistas que participarão do seminário estão acolhedores, representantes do Ministério da Cidadania e profissionais de áreas como psicologia, assistência social, serviço social e políticas públicas. A programação está disponível online.
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