SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Motoristas e pedestres que trafegam e caminham pela avenida Rio Branco, no centro de São Paulo, estão sendo vítimas de arrastões e ataques realizados por dependentes químicos que frequentam a cracolândia.

A reportagem teve acesso a diversos vídeos que mostram a ação de homens e mulheres, que agem em bando.

Os motoristas são atacados quando param no semáforo do cruzamento da avenida Rio Branco e da rua General Osório. As imagens mostram quando grupos vão em direção aos automóveis e tomam pertences que estão dentro dos veículos. Um condutor assustado com a ação chega a subir na calçada para fugir dos ataques.

Já os pedestres são abordados enquanto estão em pontos ônibus ou caminhando pela via.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que as polícias civil e militar atuam diariamente na região com a realização de ações de investigação e policiamento preventivo e ostensivo para combater todas as modalidades de crimes.

Assim como as polícias, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) também afirmou que realiza o patrulhamento comunitário e preventivo na região da Nova Luz, 24 horas por dia, por meio de rondas periódicas.

O autor das imagens, que pediu para não ser identificado, relatou que os roubos e furtos na Rio Branco são frequentes. Gritos de "pega ladrão" ocorrem a qualquer hora do dia ou da noite, segundo ele.

A imagem mais recente foi captada por volta das 22h30 de terça-feira (29). O vídeo mostra o momento em que um veículo branco está parado no semáforo. Em instantes, quatro homens aparecem. Um deles vai até o motorista e passa a conversar com ele, como se tentasse desviar sua atenção. Outros dois homens passam por trás do carro. É quando aparece um quinto homem que atira algo na direção do vidro do automóvel. O mesmo assaltante tanta pegar algo dentro do carro, mas aparentemente sai de mãos vazias.

Poucos minutos depois, ocorre um novo ataque. Dessa vez, a imagem mostra que um dos homens do grupo conseguiu pegar algo dentro do carro. Na sequência, ele deixou o local correndo.

Além dos ataques de terça-feira, a reportagem teve acesso a vídeos gravados nos dias 19 e 18 de novembro, que mostram arrastões em série, com diferença de minutos um para o outro.

No dia 22, um técnico contábil de 27 anos, morador da região e que prefere não ser identificado, passou por momentos de medo na avenida Rio Branco. Ele foi assaltado e agredido por volta das 22h30.

Ele, a mulher e a cunhada foram abordados por sete homens. O grupo levou as chaves e documentos da vítima. O trio não portava celular no momento do ataque. Ele sofreu hematomas e pequenos cortes no corpo. Conforme o homem, ao menos dois dos indivíduos estavam armados com pistolas.

Diferente de muitas das vítimas, que nem sequer procuram pela polícia, o técnico contábil registrou boletim de ocorrência pela internet.

Nesta quarta-feira (30), o homem afirmou que sua cunhada está traumatizada e com dificuldades para dormir após ter a arma apontada para sua cabeça.

A Polícia Civil informou ter realizado na terça-feira uma ação no entorno da avenida Duque de Caxias. Um homem de 35 anos foi preso. Com ele, foram encontrados três aparelhos de telefone celular e um relógio, sendo que um deles constava com registro de furto. Outras quatro pessoas foram ouvidas e liberadas. Uma arma falsa foi apreendida.

Conforme o autor das imagens, os crimes passaram a ser mais frequentes depois da dispersão dos usuários de drogas da praça Princesa Isabel, que ocorreu em maio.

Após deixarem a praça, diversos dependentes químicos passaram a vagar pela região, com alguns grupos se fixando nas ruas Helvétia, Vitória, dos Gusmões e do Triunfo e na própria Rio Branco.

Segundo o autor das imagens, os moradores da região viraram reféns dentro da própria casa, já que não há como sair à noite.

O homem detalhou que Polícia Militar é acionada constantemente para a região, e até coloca uma equipe a alguns metros do ponto, mas sem inibir os criminosos.

Além dos roubos, os moradores também se queixam do barulho promovido pelos usuários que se aglomeram na Rio Branco, como gritarias e brigas entre eles a todo momento. Uma reportagem da Folha de S.Paulo mostrou em agosto que havia som alto, brigas, e a feira da droga na região. No entanto, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou desconhecer pancadões no local.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que, além do patrulhamento de rotina, a GCM apoia os demais órgãos de segurança durante as operações na região, como a Operação Caronte, da Polícia Civil, que visa combater o tráfico de drogas e inibir o uso de entorpecentes em espaço aberto.


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