SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de Sorocaba (a 99 km de São Paulo), Rodrigo Manga (Republicanos), pediu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), a proibição da Marcha da Maconha. O pedido foi feito na última terça-feira (29).

Essa foi mais uma estratégia do gestor municipal no que ele chama de "guerra" contra a Marcha da Maconha. Manga é ex-dependente de crack e outras drogas e é o responsável pelas políticas contra as drogas da Frente Nacional de Prefeitos.

A organização da Marcha da Maconha foi procurada via rede social -único canal disponibilizado-, mas não respondeu ao pedido de posicionamento.

Em nota divulgada após a declaração de "guerra" pelo prefeito, em outubro, os organizadores da Marcha da Maconha destacaram que a manifestação é um direito garantido pelo artigo 5º, inciso 26, da Constituição Federal.

"Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente", diz o artigo citado.

Manga protocolou um documento sugerindo a elaboração de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que vete iniciativas que façam apologia ao uso de drogas.

"Rodrigo Pacheco recebeu o nosso pleito e informou que dará prosseguimento ao pedido, que será encaminhado para a comissão do Senado competente para avaliar e debater esse assunto", afirmou o prefeito de Sorocaba.

"Eventos, como essa marcha, romantizam a questão da maconha e servem de incentivo para muita gente entrar no mundo das drogas. Queremos acabar com isso de uma vez por todas", disse Manga.

A Folha pediu um posicionamento do presidente do Senado, via assessoria, mas ainda não recebeu resposta.

Em outubro, o prefeito anunciou medidas contra a marcha, que estava programada para acontecer no município no dia 12 de novembro.

Entre elas, estava um pedido de liminar contra a realização da marcha e a não autorização para o evento, na praça Frei Baraúna, na região central de Sorocaba. Porém, a Justiça decidiu pela liberação da manifestação.

O encontro no Senado faz parte desse pacote de medidas contra a marcha. "Não se pode esquecer que a realização de uma 'Marcha da Maconha', em locais públicos, poderia produzir consequências nefastas em jovens ainda imaturos, que são levados, muitas vezes, pelo modismo, à instigação ao uso ilícito dessa droga", traz trecho da justificativa no documento.

Tramita na Câmara de Sorocaba um projeto de lei de autoria do Executivo, nos mesmos moldes do documento protocolado no Senado, que proíbe eventos no município que façam apologia à posse para consumo de qualquer tipo de entorpecente ou substância ilícita, que possa causar dependência química.

Manga também tem visitado prefeitos de capitais e regiões metropolitanas que já sediaram a Marcha da Maconha para disseminar ações adotadas em Sorocaba e tentar uma mobilização conjunta contra as drogas.

EX-DEPENDENTE

Em outubro, Manga fez uma live e disse se sentir de mãos atadas por não poder impedir a realização da Marcha da Maconha.

"A maconha é a porta de entrada para todas as outras drogas", afirmou na live. "O que eu puder fazer para impedir que os nossos filhos, os nossos jovens, que qualquer criança se envolva com essa desgraça, eu vou fazer", disse na ocasião.

Manga é ex-usuário de crack e outras drogas e tem no enfrentamento à dependência química uma das principais bandeiras de sua trajetória política.

Segundo o livro "Prova de Amor - Histórias de Esperança na Luta contra as Drogas", escrito por Felix José Romanos, o prefeito teve problemas com drogas quando era um jovem empresário bem-sucedido no ramo de venda de carros.

"Em um dos seus piores momentos de vida, Rodrigo Manga chegou a perder o equivalente ao valor de 30 veículos para conseguir manter o vício", diz a publicação.


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