BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), compareceu à cerimônia de diplomação nesta segunda-feira (12) acompanhado da governadora do Ceará, Izolda Cela (sem partido), cotada para assumir o MEC (Ministério da Educação). A presença reforça entre integrantes da transição e educadores o nome dela e intensifica a disputa para o cargo.

Há expectativa de que o ministro ou ministra da educação seja anunciado nesta semana. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, recebem apoios e disputam a indicação.

Ex-secretária de Educação no Ceará, Izolda foi uma das responsáveis pela implementação de uma bem-sucedida política educacional no estado e em Sobral, cidade cearense com resultados educacionais consistentes. Seu nome passou a ser questionado na transição após ter sido aplaudida em um evento da Fundação Lemann --ala do PT não vê com bons olhos a proximidade com a fundação privada que promove iniciativas para a educação pública, fundada pelo empresário Jorge Paulo Lemann.

Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), chegaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acompanhados de um grupo pequeno. Entre membros da transição e educadores consultados pela Folha, a presença de Izolda e de seu marido, Vevéu Arruda (ex-prefeito de Sobral), foi interpretada como uma sinalização do presidente em um momento que o PT pressiona para outro lado.

Integrantes da bancada do PT no Congresso e organizações educacionais, como a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), divulgaram apoio ao deputado Reginaldo Lopes, líder do partido na Câmara. Nos bastidores, o congressista demonstra disposição para assumir a pasta.

"O perfil que deve liderar o Ministério da Educação não deve estar vinculado, portanto, aos setores empresariais na educação e, sim, deve ter raiz na defesa da educação pública, habilidade nos diálogos com os amplos setores da sociedade, história de militância na educação e forte compromisso com o programa vitorioso do Presidente Lula", diz carta divulgada pela CNTE.

Algumas alas da legenda questionam o nome de Ricardo Henriques, que comanda o Instituto Unibanco, pela ligação dele com uma fundação empresarial. Ele, no entanto, tem simpatia de muitos petistas pelo histórico de sua participação nos governos petistas --atuação ainda bem avaliada por representantes das universidades federais, do movimento negro e de secretários estaduais de educação.

Professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), ele já comandou a Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) do MEC (que foi extinta e será recriada) e foi secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, no qual coordenou o desenho e a implementação inicial do programa Bolsa Família.

Logo após ser eleito, Lula chegou a mencionar a aliados o nome de Fernando Haddad (PT) para voltar ao MEC, mas Haddad declinou --acabou anunciado para a Fazenda. A transição na educação tem sido coordenada pelo ex-ministro Henrique Paim, que não pretende ficar no governo.

Lula conhece Henriques, embora não tenha proximidade. O presidente eleito já elogiou Izolda, em vídeo, e Vevéu Arruda foi nomeado para o grupo inicial do Gabinete de Transição na área de educação. A posição de Izolda no xadrez eleitoral no Ceará durante a campanha é visto na transição como um ponto a favor dela.

Reginaldo Lopes, por sua vez, representou a candidatura em debates sobre as propostas da educação durante a campanha. No Congresso, ele foi autor de um projeto de reforma do ensino médio, que foi considerado no texto da medida provisória que o governo Michel Temer (MDB) editou sobre o tema em 2017.


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