SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A sexta-feira (16) tem sido marcada por um novo movimento na cracolândia. Usuários de drogas estão migrando de um lugar para outro com a aproximação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar.

O fluxo itinerante acontece após uma das principais aglomerações da cracolândia, na rua Helvétia, ser desfeita durante a semana. A debandada do local teve início após usuários de drogas serem flagrados espancando e roubando um comerciante na avenida São João na segunda-feira (12).

A nova dinâmica de peregrinação vem somada ao ataque com pedras contra policiais militares que estavam estacionados no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões, em Santa Ifigênia, na quinta-feira (15).

Segundo a Polícia Militar, um dos agentes foi atingido por um tiro no tornozelo. A corporação, assim como a Polícia Civil, apura de onde pode ter partido o tiro. Investigadores buscam câmeras de segurança que possam ter registrado a ação. Câmeras corporais utilizadas pelos PMs também foram requisitadas.

Policiais civis prenderam, na rua Conselheiro Nébias, cinco suspeitos pela agressão. Eles foram reconhecidos pelas vítimas como os autores do ataque. Outras três pessoas foram detidas pela PM. Todos foram autuados por associação criminosa, dano ao patrimônio público e perigo para a vida ou saúde de outrem. A Justiça decretou a prisão preventiva dos oito.

A reportagem percorreu na tarde desta sexta vias dos bairros Campos Elíseos e Santa Ifigênia e notou uma alteração na rotina dos usuários.

Por volta das 13h30 um grande grupo de dependentes químicos fechava uma das faixas da avenida Duque de Caxias, na altura da praça Júlio Prestes. Naquela parte não havia policiamento, com algumas pessoas no canteiro central e outras na via fumando crack.

Alguns metros adiante foi possível avistar equipes da guarda e da PM, que estavam paradas na esquina das ruas do Triunfo e dos Gusmões, onde poucas pessoas se juntavam. O local até a tarde de quinta reunia um dos maiores fluxos.

A Folha questionou a um dos guardas se a avenida Duque de Caxias seria um novo ponto. A resposta foi de que não poderiam permanecer ali, devido aos furtos que promovem. Pouco tempo depois, as equipes foram até o local e os usuários foram embora.

Dali, o grupo partiu em bando para a esquina da avenida Rio Branco com rua General Osório. Um comerciante se apressou em fechar sua loja.

Pouco tempo depois, carros da Polícia Militar passaram pela via. A cavalaria da PM também trotou pelo cruzamento.

Em instantes, assim como ocorreu na Duque de Caxias, os usuários se desmobilizaram e seguiram em direção à rua Conselheiro Nébias, na altura da rua dos Gusmões.

Um vizinho do fluxo da Nébias relatou que, desde a manhã, o grupo sai e volta para o local ao menor sinal da passagem de guardas ou policiais. O morador, que não quis se identificar por motivos de segurança, ainda afirmou que a PM está mais atuante na região, contribuindo com a guarda.

A reportagem contou ao menos três carros da PM estacionados em cruzamentos diferentes da avenida Rio Branco. Mesmo com a presença da Polícia Militar houve ao menos uma tentativa de furto a um motorista no cruzamento da via com a General Osório, logo da chegada do fluxo.

Em nota, a Polícia Militar informou que não realiza operações de dispersão de usuários de drogas no centro e que apenas atua em ações de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo não se pronunciou até a publicação da reportagem.


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