SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - O coronel da Polícia Militar de São Paulo Paulo Sérgio Pontirolli foi morto depois de reagir a um assalto na zona sul da capital paulista na terça-feira (20). O assalto foi realizado por dois homens. Um deles foi preso pela Polícia Civil ainda nesta terça-feira (21), segundo a reportagem apurou.

O suspeito é Bruno Vinicius Thomaz de Carvalho, um ex-lavador de carros de 30 anos. Em julho, ele saiu da cadeia por "bom comportamento". Num primeiro momento, a Promotoria afirmou que ele um criminoso de "alta periculosidade". Depois de exame criminológico, o Ministério Público foi favorável à liberdade condicional, autorizada pelo juiz.

Pontirolli tinha 53 anos, era policial aposentado há um ano, quando deixou o comando do 5º Batalhão de PM Metropolitano. O militar havia sido eleito síndico do condomínio onde mora, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.

Pontirolli e um amigo foram de carro até o bairro Saúde, na zona sul de SP, na manhã de terça-feira. O amigo dirigia o veículo; o militar e estava no banco de trás. O amigo pegou uma mochila no banco de trás. Criminosos chegaram e anunciaram o assalto.

Pontirolli deu a volta no carro, sacou sua arma, mas foi atingido na região do tórax por um tiro disparado por um dos criminosos. Os criminosos então fugiram. Pontirolli foi atendido num pronto-socorro, mas morreu. Horas depois, a Polícia Civil prende Bruno Carvalho.

Bruno Carvalho, um dos suspeitos, foi detido horas depois do assalto por agentes do Núcleo de Roubo de Cargas da Polícia Civil em Guarulhos. Para os investigadores, ele é o rapaz de roupa escura que atira contra Pontirolli, conforme mostram imagens de câmeras de segurança no momento de crime.

Os agentes encontraram o endereço do ex-lavador, fizeram um cerco e capturaram o rapaz. Os policiais apreenderam o telefone celular de Bruno, que estava escondido em cima do telhado da casa, e uma arma, que seria a mesma usada no assassinato.

Abordado pelos policiais, Bruno negou ser o dono da arma. Um vídeo obtido pela reportagem mostra o rapaz conversando dentro da viatura sobre o caso.

"[A arma] foi deixada comigo por um rapaz aí", disse Bruno Carvalho, suspeito de matar o policial.

A reportagem tentou entrar em contato com a defesa de Bruno, mas os advogados e defensores públicos não atenderam aos telefonemas feitos.

Depois de localizarem a casa do suspeito, os agentes foram até outra residência. Lá, localizaram um automóvel Fiat Palio. Segundo testemunhas, ele foi usado no assalto. O veículo estava na casa de uma terceira pessoa, suspeita de cometer assaltos e furtos, segundo a reportagem apurou.

Bruno Carvalho, um ex-lavador de carros, foi condenado a 13 anos e dez meses de prisão por dois assaltos e um crime de porte ilegal de armas de uso restrito. Estava detido no Centro de Progressão Penitenciária de Pacaembu (SP), a 615 km a oeste de São Paulo.

Em fevereiro, seus advogados pediram que obtivesse a liberdade condicional e deixasse o presídio de Pacaembu.

O Ministério Público deu parecer dizendo que Carvalho era de "alta periculosidade". O promotor Manoel Maldonado pediu um exame criminológico de Bruno.

"Registra a prática de falta disciplinar de natureza grave durante o cumprimento da pena, o que revela tratar-se de pessoa enraizada no mundo marginal, com personalidade voltada ao crime e, portanto, de alta periculosidade, cujos delitos denotam personalidade totalmente avessa aos preceitos ético-jurídicos que presidem a convivência social, o que não autoriza a automática conclusão de que não voltará a delinquir", escreveu Manoel Maldonado, promotor.

A Defensoria Pública defendeu a soltura do réu condenado por assaltos. O defensor Raphael Camarão disse, em março, que Bruno possuía "bom comportamento" e que, "nos últimos doze meses", não tinha cometido nenhuma falta considerada "grave" no sistema penitenciário.

O juiz mandou que Bruno se submetesse a um exame criminológico, com conversas com psicólogos, assistentes sociais e um parecer da diretoria do presídio.

Ao conversar com psicólogos e assistentes sociais, Bruno disse que era usuário de drogas. Afirmou que se arrependia dos crimes porque perdeu vínculos sociais e familiares. Disse que fez os assaltos para ganhar dinheiro rapidamente. Bruno disse que, ao sair da cadeia, pretendia voltar a São Paulo, morar com sua companheira e trabalhar com "venda de confecção online".

Em julho, quatro diretores do presídio fizeram parecer favorável à liberdade condicional do réu. Um deles, Hezequias Ambrosi, afirmou que Bruno "até a presente data vem mantendo bom comportamento carcerário" e que não se opunha à sua liberdade condicional.

O promotor Maldonado mudou de opinião e deu parecer favorável a Bruno.

"Conta com exame criminológico favorável, o que evidencia a assimilação da terapêutica penal e, portanto, fortes e suficientes indícios de que ele se ajustará ao novo regime", declarou o promotor Manoel Maldonado.

Em 15 de julho, o juiz da Vara de Execuções Criminais de Tupã (SP), Fábio Vasconcelos, deu liberdade condicional a Bruno. Não havia necessidade de usar tornozeleira eletrônica. Mas, para ter liberdade, o ex-lavador de carros que prometeu trabalhar com vendas de confecções pela internet deveria cumprir dez condições. As exigências incluíam:

- arranjar trabalho legal em um mês

- comparecer na Vara de Execuções Penais a cada três meses e comprovar que possui uma atividade de trabalho legal

- não viajar para fora do estado São Paulo ou do Brasil sem autorização

- caso viajasse dentro do estado, não poderia ficar fora de casa por mais de uma semana

- avisar à Justiça quando mudasse de local de residência.


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