SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que não vai alterar nada no programa de câmeras da Polícia Militar de São Paulo, mas negou discordância com seu secretário da Segurança, Capitão Derrite (PL), que um dia antes falou em rever a medida.

"Não vamos alterar nada. Para quem está esperando que a gente mexa nesse programa agora, não vamos mexer", disse Tarcísio na tarde desta quinta-feira (5), após uma reunião com o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), e secretários estaduais e municipais.

Na quarta (4), a uma rádio de Sorocaba (SP), Derrite declarou: "Nós vamos rever o programa. O que existe de bom vai permanecer. Aquilo que não está sendo bom e que pode ser comprovado cientificamente que não é bom, por isso a importância de analisar esse estudo da Fundação Getulio Vargas, a gente vai propor ao governador possíveis alterações".

A fala gerou repercussão. O Ministério dos Direitos Humanos do governo Lula (PT) emitiu nota dizendo ver com preocupação a declaração do secretário paulista.

Pela manhã, após uma reunião com entidades de pessoas com deficiência, Tarcísio foi questionado sobre a fala de Derrite e os planos do governo a respeito da política de câmeras. Ele afirmou que a posição é de "cautela".

"Nesse primeiro momento não vamos fazer alteração alguma no programa de câmeras. A gente está entendendo que trouxe segurança para a sociedade", disse.

O governador afirmou que é preciso monitorar os números de produtividade da PM para "avaliar se algum ajuste na política pública é necessário".

"Toda política pública tem que ser reavaliada, mas o que é positivo tem que ser mantido. A gente está entendendo que a política pública trouxe essa segurança, então vamos preservar como está nesse primeiro momento. E vamos avaliar ao longo do tempo como os números estão se comportando e fazendo ajustes pontuais naquilo que for necessário", completou.

Durante a tarde, questionado sobre haver algum ruído entre sua determinação de manter as câmeras e a fala do secretário sobre revê-las, Tarciso afirmou que ambos disseram a mesma coisa.

"Não existe desalinhamento nenhum. Acho que estamos falando a mesma coisa. A grande questão é tempo, a questão temporal. Neste primeiro momento nada muda. Vamos tocar o programa como ele está, tem gerado repercussões positivas e tem trazido uma percepção de segurança para segmentos importantes e vulneráveis da população", disse.

"Rever nós vamos rever tudo. A questão é em que tempo, com que dados. A primeira coisa é prudência, você chega e não mexe em nada, deixa o programa fluir", continuou o governador.

Tarcísio disse ainda que não havia visto o conteúdo da nota do Ministério dos Direitos Humanos, pois estava em reunião.

"Eles têm a preocupação, eu também tenho. Não vamos fazer nada aqui que bote em risco a população", respondeu.

CRACOLÂNDIA

No encontro com Nunes, prefeitura e governo estadual acertaram uma nova reunião para tratar da questão da cracolândia em 23 de janeiro. Tarcísio designou seu vice, Felício Ramuth (PSD), para tratar do tema, enquanto o prefeito escalou seu secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB).

A ideia é que Ministério Público e o Judiciário também participem. O governador disse ser preciso atrair a sociedade civil, já que as entidades religiosas são as que hoje têm maior eficácia no tratamento dos dependentes químicos.

Tarcísio afirmou que na reunião desta quinta os secretários mapearam pontos de cooperação, inclusive financeira, entre estado e prefeitura, incluindo realização de eventos, mobilidade urbana, saneamento, saúde, obras, revitalização do centro e mapeamento de áreas de risco.


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